Blog

Cap.7 Adeus, sanidade!

08/01/2012 03:31

 

N/A: Oi meu povinho lindo :D Olha, antes que vocês joguem tomates em mim eu vou explicar oprque não postei esse capítulo antes...
 Minha irmã veio passar as férias com a gente, e ela não mora no mesmo país que eu, dai sempre que eu tava escrevendo ela me chamava pra ir fazer alguma coisa com ela, e poxa gente, ela é minha irmã, tenho que aproveitar *sorrisinho amarelo*, e acaba que eu nunca tenho tempo pra escrever, mas ela foi da uma viajadinha pro Rio, dai eu pensei "LIBERDADE!" daí eu consegui escrever, mas só acabei o capítulo hoje.
Mas eu nem passei tanto do prazo... Na verdade, se vocês forem contar apenas com esse ano, eu estou totalmente dentro do prazo :D :D :D E, cá entre nós, valeu esperar porque o capítulo está ENORME e, na minah opinião, cheio de surpresas, meus caros amigos kk ok, parei. Mas sério, o capítulo ta enorme mesmo, no word ele deu 25 páginas :O geralmente ele tem de 15 a 20... Pois é, me superei agora kk mentira. 
 Ah, e mais um motivo por ter demorado um poquinho, é porque eu conheci uma menina super simpática, a AnaBeatrizSousa , e a gente começou a escrever uma fic juntas, mas daí depois do primeiro capítulo (que na verdade era o prólogo) ela deixou a fic em minhas mãos porque ela tinha muitas fics pra escrever, então eu estou com duas fics agora, e pra quem quiser conferir a fic, ta aqui o link (https://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=42320)  haha, a fic é perva, viu suas mentes safadinhas kk   Mas entrem na página dela no nyah!fanfiction porque, na verdade, a ideia base da fic foi dela, e ela tem fics bem legais, então aqui a página dela:https://www.fanfiction.com.br/u/96009/    Leiam a fic, ok?? Por mim *-* A idéia da fic é legal e... NÃO kk não é Dramione, mas o shipper é Lily Luna Potter e Hugo Weasley :)
 E, além dessa, eu ainda estou com planos para mais (sem contar as continuações de ACO) nove, sim meus leitores NOVE fics :D Sendo que são: 2 songfics R/Hr, uma trilogia D/Hr, 1 longfic T/L,  1 longfic D/Hr, uma longfic H/D/Hr e 1 que eu ainda decidi ainda se vai ser short ou long "Os contos de Cribble, o fardo" ... É meu povo... 2012 PROMETE :D 
 Mas enfim, qual o sentido dessa N/A enorme, mesmo? Não sei, é que eu já peguei a mania de escrever N/A's gigantes (: Mas ENFIM (ó lá o 'enfim' de novo) espero que gostem do capítulo, nenéns (:

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

 
Eu odiava aquela sensação de não saber de nada.


 Porque naquele momento eu não sabia de nada mesmo. Ou não sabia quase nada. É, bem, eu sabia de algumas coisinhas, sim, pra falar a verdade.


 Eu estava na ala-hospitalar...


 E é isso.  Meu relatório de informações sobre a minha pessoa está completo agora.


 Como eu era incompetente! Eu só sabia onde eu estava. Eu nem lembrava mais o que tinha acontecido, por que eu estava lá, quem mais estava lá, há quanto tempo estava lá. É... Só isso que eu tenho que saber, não?


 Ah, e claro que o meu corpo tinha que me passar a informação de que ele estava doendo. Sim, doendo como se um hilhão (um número grande demais para meros mortais) de basiliscos saltitantes e sapateadores tivessem feito um grande espetáculo de sapateado irlandês com direito a três atos e me dando a honra de ser o palco. Se bem que basiliscos não tinham pés.


 Ah, fod*-se. Eu estava machucada e pronto. Eu não podia me preocupar com basiliscos peritos em sapateado agora. Eu tinha que identificar aquelas duas silhuetas na minha frente. Silhuetas que falavam, e eu, como uma boa ouvinte, devia reconhecer a voz, mas não dava. Meus ouvidos doíam como se tivessem enfiado bosta de trasgo a força dentro deles. Minha cabeça dava leves sinais que estavam sendo entendidos assim para mim: “eu vou rachar agora mesmo. Adeus cabeça impregnada de cocô de trasgo”. O meu cérebro, pela primeira vez, tinha uma desculpa para não funcionar direito: o meu ouvido havia sido estuprado com hilhões de quilos de bosta de trasgo.  Mas por que o meu corpo inteiro doía se só meu ouvido havia sido estuprado?


 É, são conspirações grandes demais para minha cabeça estuprada pensar. Muita bosta de trasgo na cabeça. Pane! Pane! Eu vou virar cocô de xixi. Ei! Será que eles existem? Haha, seria muito engraçada a cena de um xixi cagando.


 Enfim, porque eu cheguei nesse assunto extremamente ridículo comigo mesma, mesmo? Nossa, pensar estava sendo uma tarefa muito pesada para mim.


 Ah, é. Pessoas. Pessoas com ouvidos virgens de bosta de trasgo. Que pessoas seriam? Talvez pessoas que não achavam que seus ouvidos haviam sido estuprados por fezes de trasgo. Pessoas normais. Bem, já posso riscar alguns nomes da minha lista agora.


 Nota mental: riscar pessoas com ouvidos virgens. 


 Apertei mais os olhos, que já estavam praticamente fechados, para tentar enxergar melhor. Claro que não deu certo. Porque meu cérebro estava descontrolado. Ele só pensava merda, e uma delas foi achar que se eu fechasse mais o olho eu enxergaria algo mais que meus cílios. Dei um gemido fraco de dor por conta do esforço. Sim, fechar os olhos podia se transformar numa tarefa totalmente dolorosa depois que seu ouvido não é mais virgem.


 -Professora... – eu ouvi uma voz (masculina ou feminina) perguntando receosa – A Mione vai ficar bem?


 Tudo bem. Minha lista de suspeitos havia diminuído significativamente depois dessa frase. Apenas três pessoas me chamavam assim: Rony, Harry e Gina.


 -Senhor Potter, eu garanto que ela ficará bem... A própria madame Pomfrey já me disse isso.


 Agora minha lista havia diminuído mais ainda. ‘Potter’... Só podia ser o Harry Potter ou o... Ah, poxa, o Harry Potter!


 -Ela não devia ter se machucado...


 OH MEU MERLIN! QUE VERGONHA! TODOS SABEM AGORA QUE A MINHA ORELHA FOI ESTUPRADA POR COCÔ DE TRASGO! COMO ASSIM?! COMO ELA VAI SAIR NA RUA AGORA?!


 -Pois não devia mesmo! – agora o tom da segunda pessoa era mais severo – E você ainda não me explicou o que vocês faziam lá! – Então Harry estava lá também? Presenciando a cena? COMO ASSIM?! Quer dizer...  aonde?


 -Ela pode estar morta e você aí se preocupando com o motivo de nós estarmos lá?! E se nós tivéssemos sido atacados por Comensais? - Comensais? Comensais? O que comensais tinham a ver com trasgos? Quer dizer, tirando o fato que eles são burros igual.


 -Senhor Potter, primeiro: pela milésima vez... Ela não está morta! Segundo: a escola está protegida. Nenhum comensal entrará aqui e muito menos vai atacar a escola. E terceiro: você gostaria de abaixar o seu tom? – quem é a louca e grossa que ta falando assim?


 -Desculpe, professora Mcgonagall. – Ah, ok, tá explicado – É só que... Eu estou preocupado com ela.


 Agora... O que eu farei agora? Será que eu abro os olhos definitivamente e grito “OI POVÃO! NÃO OLHEM PRA MINHA ORELHA AGORA QUE ELA TA COM PROBLEMAS DE AUTO ESTIMA, MAS EU ACORDEI! FIQUEM FELIZES!”. Não, cansativo demais. E o que mais eu poderia fazer? Bem, meu cérebro não parecia disposto a me ajudar. Minha cabeça doía só por eu tentar pensar. Tombei minha cabeça para o lado devido à dor. Meus olhos se encontraram com o que devia ser a porta da ala-hospitalar. Havia alguém lá. Alguém escondido que se escondeu ainda mais um pouco depois que eu me mexi. Eu queria poder ter identificado o penetra. Ei, será que algum dia alguém já tentou entrar de penetra na ala-hospitalar? Por que alguém penetraria (verbo também usado para ‘iria de penetra’, se bem que, pra não confundir, eu acho que vou usar o verbo ‘pernetaria’) a ala-hospitalar, afinal? O que é que tem de legal aqui dentro além de pessoas leprosas e machucadas? Quer dizer, leprosas não, mas pessoas machucadas e adormecidas. Não deve ser tão legal falar com alguém que está dormindo.


 Com esforço eu virei minha cabeça para a posição de antes. A pessoa não voltaria, não tinha sentido eu ficar tentando identificar o vento. Eu pude que era um menino. Ou era uma menina de cabelo bem curto. Mas enfim, isso não era o suficiente, e pra mim não importava tanto. A pessoa não tinha coragem de entrar lá e de me observar fazendo nada de perto.


 Aliás, fazer nada cansa. Sim, cansa demais. É muita energia que você tem que gastar pra ficar parada, num estado sereno e no meu caso, deitada, sem praticar nenhuma ação. Ta bom, eu sei que fazer isso é parecido com dormir, então fazer ‘nada’ é dormir acordada, mas é divertido dormir pensando. Sim, e é divertido também você ficar acordada, deitada, apenas pensando na vida. Mas acho que ninguém entendeu ainda que o simples ato de pensar podia me causar enxaquecas fortes. Minha cabeça latejava ainda. Tudo doía. E eu sei que a melhor opção seria voltar a dormir, mas poxa! Eu não estava pensando direito, eu podia muito bem fazer a merda que eu quisesse agora. Yeah, baby, agora eu tava no poder.


 Nota mental: quando chegar em Londres fazer alguns exames no meu cérebro, porque já deu pra ver que ele não funciona direito.


 Comecei meu despertar com um gemido de dor um tanto quanto forçado. Qual é, eu tinha que ter um despertar estiloso.


 -Hermione! – Harry gritou um tanto quando animado demais, e isso fez meu pobre ouvidinho não-vírgem doer muito – Você... Você ta acordada?! Por favor, Hermione, por favor... – Então ele segurou minha mão e o meu cérebro teve a brilhante idéia de me fazer lembrar aos poucos, o que foi duplamente doloroso.


 Merda! Nem uma sonequinha dolorosa pra me fazer esquecer isso. O que eu preciso fazer? Disverginizar o meu outro ouvido? O que eu precisava fazer pra esquecer aquelas malditas sensações que eu senti do segundo ao quarto ano? O que precisava fazer pra esquecer tudo isso? Por tanto tempo eu tentei não pensar nisso, tentava esquecer de tudo o que eu tinha pensado e vivido nesses três anos. Eu tentei fazer como no filmes Os Esquecidos. Tentei fazer como se nada tivesse acontecido. Na minha cabeça eu tinha criado três novos anos. Uma realidade diferente. Uma realidade em que eu não gostasse dele. É, eu consegui criar isso. Consegui inventar tudo novo. Foi trabalhoso, foi doloroso, mas eu consegui obrigar a minha mente a esquecer de algo marcante na minha vida. Eu consegui ignorar todas as vezes em que minha mente gritava “você gostava dele!”. Tentei ignorar tudo. Foi como nascer de novo.


 Foi idêntico ao filme. Pelo menos na parte sobre esquecer. Na verdade, eu devia ter criado um plágio desse filme, chamado “O Esquecido pela Hermione Granger”. Eu consegui esquecer tudo, e ele fez o desprazeroso trabalho de me fazer lembrar.


 E o que eu podia fazer agora? Lançava um avada nele e terminava o que Voldemort tinha começado? Começaria a comer portas? Engordo setenta quilos e queimo meu cabelo para ver se ele pára de me olhar daquele jeito engraçado que ele sempre me olha? Ou melhor, pra ver se ele pára de andar comigo? Infelizmente, o Harry era uma pessoa boa demais, e ele não ligava só pra beleza exterior.


 Maldita seja essa sociedade boa.


 Eu tinha que acabar com isso. Eu tinha que transformá-lo numa pessoa ruim. Tinha que fazer como um dementador e sugar tudo o que ele tinha de bom.


 Rá, como se eu quisesse e pudesse fazer isso. Acontece que nem desnorteada eu conseguia ser tão egoísta.


 Meus pensamentos foram interrompidos pela voz rouca dele.


 -Hermione, por favor, acorda! Fala comigo! Fala que você ta viva!


 Eu encarei isso como um pleonasmo. Ta, eu sei o significado de pleonasmo e parecia não ter nada a ver. E realmente não tinha nada a ver. Mas eu não sei, parecia ser a mesma coisa que você pedir pra alguém “fala que você é muda”. Porque mudos não falam. E tecnicamente, mortos não deviam falar também, então foi um pedido meio idiota. “Oi, Harry, bom dia, eu estou morta”. Ta, isso definitivamente foi um pedido idiota, e não um pleonasmo. Burra! Eu esperava mais de uma pessoa com bosta de trasgo na cabeça.


 -To b-bem, Harry... – consegui falar com a voz rouca.  Eu sei, foi uma frase idiota, mas parecia bem melhor do que falar ‘estou viva, Harry!’, e parece que ele ficou muito animado com essa simples frase, porque eu pude sentir, sim, sentir, para você ver a intensidade da coisa, ele sorrir. Abri um pouco os olhos. Lutei contra a claridade para abri-los mais. Harry sorriu mais ainda – Er... – murmurei constrangida tampando meus ouvidos. Eles não podiam ser vistos numa situação dessas – Onde está... Todo mundo? – olhei ao redor. Mcgonagall tinha ido embora. Apenas Harry e eu na ala-hospitalar. Harry e eu...


 -Bem... – ele despenteou os cabelos daquele jeito fofo que eu sempre prestava atenção no quarto ano. O mesmo jeito que ele despenteava quando estava nervoso sobre alguma prova do Torneio Tribruxo, ou quando a Vaca Chang se aproximava – Todo mundo está dormindo.


 -E o que você faz acordado? – perguntei num tom de estranhamento que Malfoy costumava usar. Na verdade, eu franzi o cenho do mesmo jeito que ele fazia.


 Alguém, por favor, me diga que a minha alma ta passeando por aí pra acertar as contas com Merlin e que esse trasgo escroto desalmado e inútil que perguntou isso pro Harry é só alguém que colocaram no meu lugar pra responder as perguntas de meros mortais. ME DIGAM QUE ESSE TRASGO DESALMADO NÃO SOU EU!


 O coitado parece ser a única pessoa que realmente está preocupada comigo a ponto de ficar sozinho naquela merda que chamam de ‘ala-hospitalar’ e eu falo com esse tom desalmado, escroto e inútil usado por pessoas... Desalmadas, escrotas e inúteis.


 Talvez eu fosse uma desalmada, escrota e inútil.


 -Quer dizer... Ahn, de-desculpa. – murmurei ainda fraca e com toda a culpa do mundo na voz.


 -Tudo bem. Eu sou o único aqui porque eu acordei antes de todo mundo pra poder te ver... Mas Rony e Gina vieram te visitar – Ele fechou a cara antes de continuar com um humor alterado – Até mesmo o Malfoy.


 Malfoy? Malfoy?! MALFOY?!


 Será que ele tinha encontrado um cocô de trasgo no caminho e o mandou estuprar minha orelha e só veio ver o resultado?


 Céus, eu tenho que tirar essa idéia da cabeça.


 -M-Malfoy? – agora eu tinha acordado de vez. Como assim, Malfoy vem me visitar e eu ainda estou VIVA?


 -É, ele ficou sabendo que a “duplinha dele” tava machucada e ele veio pra cá pra te ver... Ugh, puro teatro – Ele falou num tom de nojo, mas ele logo abriu um sorriso divertido e comentou – Mas saindo desse assunto... Nojento sobre o Malfoy... Você teve sorte de sobreviver àquela aranha.


 Aranha?


 Aranha?!


 ARANHA?!!!


 ARANHA?!!!!!!!!!!!!!


 MAS QUE MERDA DE ARANHA É ESSA QUE ELE TÁ FALANDO?!


 Não foi meu ouvido que tinha sido estuprado pela bosta de trasgo?!


 Céus! Aranha... ?


 -Aranha?! – perguntei incrédula descobrindo meu ouvido – Mas meu ouvido não tinha sido estuprado por... Por merda de trasgo?


 Eu me arrependi depois de falar aquilo. Realmente aquilo soou muito ridículo, porque era muito ridículo. Minha cabeça doeu só de pensar nessa ridicularidade que eu tinha acabado de falar.


 ‘Ridicularidade’. Essa palavra existe? Pensar nisso me custou outra pontada de dor.


 Nota mental: verificar no dicionário se essa palavra existe.


 Nota mental: se tal palavra não existir no dicionário, patenteá-la imediatamente. Essa palavra é demais.


 -Estu... Seu ouvi... Merda de tras... – Harry não conseguiu segurar a risada – Mione, você ta louca?


 -Ei, pare de rir da desgraça alheia! – briguei chateada – Se meu ouvido não foi estuprado por bosta de trasgo, então porque eu estou aqui?


 -Claro, Mione, porque as pessoas  podem entrar na ala-hospitalar se o ouvido delas tiver sido estuprado por bosta de trasgo. – ele respondeu ainda rindo – Mione, você foi atacada por uma acromântula.


 Ahn?


 Acromântula?


 Mas acromântula não era tipo... Aragogue? O... Bichinho de estimação de Hagrid? Aliás, eu sempre duvidei do gosto do Hagrid pra bichos de estimação, e ainda me pergunto por que ele ainda não pegou o Malfoy pra ser bicho de estimação dele. Daí eu lembro que o Malfoy é o Malfoy, e que Malfoy’s não são próprios para serem domesticados.


 Hahahaha, nossa, como eu tenho um senso de humor apurado e...


 NÃO!


 Será que eu ficava mais retardada em momentos assim? Será que é assim que eu vou ficar quando eu ficar bêbada? ... MAAAANO, QUE DOIDERA!


 Mas enfim, acromântula... Acromântula, acromântula, acromântula... Apesar do meu esforço pessoal pra me lembrar de um encontro com uma acromântula, eu não consigo me lembrar de nada. Na verdade, eu não me lembro de algum dia ter visto uma acromântula ao vivo a não ser...


 Ah, claro. O dia em que eu fui atacada por uma.


 Então é agora que eu penso (ação que anda sendo muito dolorosa): uma pessoa em sua sã consciência nunca se esqueceria de um ataque. Não importa se foi uma acromântula que te atacou, ou uma tigela de um peito só, mas ninguém nuncadevia se esquecer de um ataque. E isso só comprova que a minha consciência não é nada sã, o que me leva a mais uma nota mental: avisar pra minha mãe que, infelizmente, a única filha dela deu pane. Tilte! Adeus consciência.


 E isso me leva a outra nota mental: pegar um calendário pra conferir qual foi o dia em que eu virei totalmente assim, sabe. Assim tão eu. Será que fizeram uma cerimônia pra isso e eu não me lembro mais? Às vezes eu nem fui chamada. E não era pra eu estar evoluindo? Por que eu sinto que eu só sou puxada pra trás no que se diz sobre maturidade? Bem, pelo menos pela parte de sentimentos eu só... Tá, eu acho que não evolui tanto assim também.


 Mas eu tenho que parar com essa mania de me estender demais nos assuntos. E com aquela mania de fazer notas mentais, porque elas tão me fazendo pensar demais, e sabe, pensar não está sendo o meu plano de relaxamento agora.


 Nota mental: parar de criar notas mentais. Pelo menos por ora. Elas andam fazendo a minha cabeça doer demais.


 E notas mentais me lembram de dor, dor me lembra do motivo de eu estar aqui, o motivo de eu estar aqui me lembra do real motivo para eu estar aqui: acromântula.


 Acho que vou parar de zoar o Rony por causa do seu medo por aracnídeos... Eles podem ser bem letais. Bem letais mesmo.


 “VOLTE PRO ASSUNTO INICIAL AGORA, HERMIONE!”


 Tudo bem. Já voltei pro assunto inicial e já me lembrei de tudo.


 Aliás, pior erro da minha vida. Pior erro foi lembrar. Porque parecia que as dores ficavam mais intensas depois que você lembrava.


 E não era aquela dorzinha gostosa, sabe?


 Era aquela dor de novo. Aquela dor de hilhões de basilíscos sapateando em cima de mim. Aquela dor de bosta de trasgo sendo enfiada no ouvido. Aquela dor de uma pata de acromântula caindo em cima desse meu corpo frágil. Aquela dor que supera todas as dores. A dor das dores.


 Mesmo com dor eu continuei a lembrar de tudo. O que me lembra que eu estava toda cheia de lama e isso me faz pensar: será que alguém teve o carinho de me limpar? Se sim, espero que tenha sido Gina, que é menina.


 Enfim (eu acho que vou adotar a palavra ‘enfim’. É a palavra que eu mais ando usando já que eu sempre saio do assunto inicial e essa palavrinha especial me traz dentro do assunto de novo) como alguém consegue ser atacada por uma acromântula do jeito que eu fui? Azar, seu nome é Hermione Granger.


 De novo, meus pensamentos foram interrompidos pelo Harry.


 E, diga-se de passagem, que pensamentos estranhos. Por que diabos que achava que meu ouvido tinha sido estuprado por bosta de trasgo? E bosta de trasgo pode lá estuprar qualquer coisa?


 -Você não... – ele ficou sério agora – Se lembra de nada?


 CLARO QUE ME LEMBRO! EU LEMBRO QUE VOCÊ PEDIU PRA EU IR AO BAILE DE INVERNO COM VOCÊ E QUE DEPOIS EU DESMAIEI!!!!!


 -Não, não... – cocei a cabeça um pouco confusa. Péssima idéia. Encontrei um machucado, certamente causado pela acromântula fdp – Eu... Me lembro.


 -Então... O que você diz?


 Agora eu tenho uma perguntinha pra você, Harry. Você, pro algum acaso engraçado desse confuso destino, fez mestrado pra inconveniência? Você tem diplomas espalhados pelo seu quarto de PhD no curso de INCONVENIÊNCIA?! HEIN? HEIN, HARRY?! EU NÃO SEI SE OS SEUS OLHOS ESTÃO COBERTOS COM ALGUM TIPO DE SUBSTÂNCIA MISTERIOSA QUE CAUSA EFEITOS COLATERAIS DESCONHECIDOS, OU SE MEXERAM NA SUA CABEÇA, MAS EU, EUZINHA AQUI, ESTOU NUMA MACA NA ALA-HOSPITALAR E ACABEI DE ACORDAR! EU NÃO SEI QUE DIA É HOJE, EU NÃO SEI QUANTO TEMPO EU FIQUEI DORMINDO, EU NEM SABIA QUE TINHA SIDO ATACADA POR UMA ACROMÂNTULA PSICOPATA, E VOCÊ AINDA ACHA QUE É HORA DE ME CHAMAR PARA IR AO BAILE?! E EU AINDA ESTOU AQUI, TENTANDO ESQUECER O QUE EU NUNCA DEVIA TER LEMBRADO! NUNCA DEVIA TER ME LEMBRADO DESSE ESTÚPIDO SENTIMENTO, E VOCÊ AINDA ACHA QUE ESTÁ CERTO ME CONVIDAR PRA UM BAILE COMO ESSES? HEIN, HARRY?! ANDA, ME RESPONDE!


 Pensar nessa resposta me causou mais uma dor de cabeça. Apenas me limitei em dizer.


 -O que eu digo em relação à que? – ergui uma sobrancelha – Eu digo que essa maca não é nada confortável e que essa minha dor de cabeça está me matando. Eu preciso dizer algo mais?


 -Er, você disse que se lembrava de tudo... – ele parecia confuso – Mas parece que não.


 -Óbvio que me lembro, Harry! – até quanto tempo eu poderia me fazer de boba?


 -Então me diz se você aceita ou não, Hermione, por favor! – Ele se ajoelhou ao lado da minha maca e segurou minha outra mão – Você quer ir ao baile comigo?


 Eu olhei para ele e fiz a coisa mais idiota e insensível que alguém podia fazer. Comecei a rir.


 -Que romântico! – comentei entre os risos.


 -Ah, Hermione! – protestou ele emburrado – Eu to falando sério.


 É, ele estava falando sério mesmo.


 E agora? O que é que eu faço? Falo que eu queria isso no quarto ano e que ele se ferrou por não ter me convidado? Falo que eu não posso ir porque eu preciso me esquecer daqueles sentimentos de novo? Será que nós daríamos certo algum dia?  Será que é certo dar uma segunda chance, mesmo ele achando que é a primeira, pra ele? Será que eu falava que...


 -Sim – mordi o lábio e desviei o olhar. Provavelmente eu tinha feito a maior burrada da minha vida. Eu podia estar machucando o meu melhor amigo, do mesmo jeito que ele me machucou sem nem saber. Eu estava apenas testando algo. Vendo se eu realmente gostava dele? O usando dessa forma? Sim, eu era idiota e isso já tinha ficado mais do que claro ultimamente. Mas eu, cumprindo o meu ilustre papel de ser idiota, insisti no erro – Eu aceito ir ao baile com você. – logo depois que eu falei isso, nós ouvimos um barulho vindo da porta. Nós olhamos ao mesmo tempo, mas, ao vermos que não era nada, nós voltamos o nosso olhar um para o outro.


 -Você tem certeza disso? – Harry perguntou receoso. Eu ri.


 -Harry, você está me chamando para ir ao baile... E não pedindo para eu me casar com você. Não é como se eu estivesse tomando a decisão mais importante da minha vida. – ele deu um suspiro aliviado seguido de uma breve risada.


 Mas na verdade, era sim. Talvez não fosse a decisão mais importante da minhavida, mas era muito importante. Eu estava fazendo aquilo de novo. Eu estava me entregando, me permitindo lembrar tudo aquilo. Eu estava comprando um despertador para o meu coração.


 -Então... – comecei tentando mudar de assunto. Aquele silêncio estava meio constrangedor – Por quanto tempo a Bela Adormecida aqui ficou dormindo? – perguntei erguendo uma sobrancelha de forma divertida.


 -Dois dias... Nós estávamos realmente muito preocupados com você. Quer dizer, não era para você ficar naquele estado por tanto tempo. – Naquele estado. Imagino que seja o estado Alfa – Era para você dormir por no máximo 20 horas... – Ergui as sobrancelhas de novo. Não é que o Harry estava sabendo das coisas?! – Não era para se estender tanto... – Tanto, tipo, quarta feira.


 -É, os machucados eram bem sérios, senhor Potter. Seja arrastado por uma aranha, atacada pelo seu melhor amigo sem querer, balançada por uma aranha até sua cabeça querer quebrar o contrato de ‘siamêsisse’ com o seu pescoço, e ter uma ‘quedinha’ com direito à pata, ou seja lá o que era aquilo, de aranha em cima de você... E depois nós discutimos. – terminei rindo.


 -O Rony ficou apavorado e fez um discurso mostrando o porquê dele ter medo de aranhas e esfregar na cara de todo mundo que ele estava certo.  – Harry revirou os olhos de um jeito engraçado, o que me fez rir suavemente.


 -Mas, me diga... Que horas são? – Mais trinta pontos para Grifinória graças à coerência entre um assunto e outro!


 -Agora devem ser 6h30 da manhã... Todos estão dormindo ainda, não precisa se preocupar.


 -Por Merlin! Eu preciso me arrumar! – comecei a me desesperar – Eu não posso faltar de novo!


 -Hermione, calma... – Harry olhou bem nos meus olhos e foi só nesse momento que eu percebi que nossas mãos ainda estavam unidas, mas eu não fiz nada em relação a isso – Você está liberada das aulas até a Pomfrey te dar alta... Como foi que ela disse mesmo... ? – Harry olhou para um canto qualquer da sala e pensou por um tempo – Ah, sim! “A senhorita Granger não vai tirar nenhum fiozinho de cabelo dela dessa sala até ela se recuperar.” – ele me encarou de novo, fingindo estar apreensivo – Ouviu? Eu se fosse você teria cuidado com os seus fiozinhos de cabelo... Eles estão ameaçados. – Eu ri da bobeira dele e ele continuou – Pomfrey acha que você está... – Ele crispou os lábios procurando uma palavra – Hm,indisposta demais para sair, e quer saber? Eu concordo com ela.


 -Ah, é? – ergui as sobrancelhas... De novo. Eu tinha que parar com essa mania. Eu faria uma nota mental para me lembrar disso... Se eu  não tivesse feito uma nota mental me proibindo de fazer notas mentais por enquanto – Será que entendi certo? O senhor Potter aqui está me chamando de fraca? – perguntei num tom demasiado formal. Nós dois rimos enquanto Harry tentava se desculpar.


 E foi assim que passamos a manhã. Rindo, conversando, com Harry sentado na minha maca, como nos velhos tempos. Bem, tirando o fato de nós estarmos numa enfermaria, e isso não costumava acontecer nos velhos tempos. Harry teve que ir embora antes das aulas começarem, mas... Até lá, ele não tentou nada.


 


 Fui liberada da enfermaria dois dias depois, porque, segundo madame Pomfrey, eu era fraca. Mas ela não admitiu isso em voz alta.


 Ah! Claro que eu era fraca! Porque, o que se espera de alguém normal, é que ela seja atacada brutalmente por uma acromântula psicopata e, logo depois, saia andando para comprar um sorvetinho de gosma de basilísco. Sim, porque pessoas normais tomam sorvete de gosma de basilísco e saem intactas de um ataque, seja de um ataque de uma acromântula assassina, ou de uma tigela de um peito só, que são altamente fatais. Não acredita em mim? Vá ler ‘Os contos de Cribble, o fardo’ então, seu sem cultura! (N/A: será uma futura fic? SIM =D)


 Ew, eu não gostava de admitir isso em voz alta, mas eu tinha sonhado com Malfoy nesses dias que eu tinha ficado na enfermaria. Humilhante, eu sei. Não é nada que eu tenho orgulho, sabe.


Falando no diabo, durante a minha estadia naquela enfermaria cinco estrelas, Malfoy veio me visitar. É, parece que ele não era de todo uma pessoa má. Bem, mas, como eu disse antes, eu era ingênua. É claro que ele só tinha ido lá para me tripudiar.


 -Lendo, Granger? – perguntou ele na visita noturna que ele fez.


 -É o que parece, não? E, de qualquer jeito, não tem mais nada que eu possa fazer. – suspirei cansada fechando livro e colocando-o no meu colo - Eu me sinto limitada tendo madame Pomfrey como enfermeira... Eu não posso fazer nada! – desabafei, esquecendo totalmente que estava brava com ele.


 Ele me mandou um olhar de compreensão e se sentou na minha maca.


 -E o que o senhor faz aqui? – perguntei sendo vencida pela curiosidade.


 -Vim aqui apreciar a vista das macas. Essa cor branca em excesso me encanta. – Ele respondeu sarcástico, no que eu apenas lhe mandei um olhar censurado. Ele suspirou – Fiquei sabendo que você foi atacada por uma aranha. Isso é tão sua cara, Granger. Será que seu cabelo é tão volumoso que você tropeça até em aranhinhas?


 -Aranhinha?! – perguntei incrédula, mas depois mudei para um tom assassino – Acho que ela errou o caminho até você.


 -Está insinuando que eu devia ser atacado por uma acromântula como castigo, Granger? –ele perguntou se aproximando.


 -Ah, eu não seria tão boazinha! – comentei sarcástica enquanto o encarava assassinamente e ele me encarava do mesmo jeito.


 E nós ficamos assim. Com aquela merda de mania de nos encararmos. Quebrei o contato visual e o silêncio.


 -Com quem você vai passar o Natal? – perguntei. O natal ia cair sábado que vem e nós poderíamos ir para casa sexta e ficar até domingo... Depois o Baile de Inverno, ou Baile de Natal, e depois umas férias de poucos dias.  


 -Com o povo que sobrar aqui em Hogwarts. Não tem como eu voltar para casa agora. E você?


 -Aqui também. Não estou com muito saco para voltar para casa por... Hm, problemas pessoais. – acho que ele entendeu que o meu tom encerrava o assunto porque ele apenas me olhou curioso, mas não perguntou nada.


 Suspirei uma, duas, três vezes. E nada de a minha mente inventar uma pergunta decente, então o que saiu foi a estúpida pergunta.


 -Não devia estar numa detenção, Malfoy?


 -Ah! Aquela de seis dias que você só cumpriu um até agora?! Não, Snape achou mais prudente me liberar da detenção até o dia em que você decidir que está na hora de entrar naquela sala e limpar os malditos frascos. Aliás, você pegou mais dois dias de detenção por ficar faltando.


 -Mas eu estava aqui na enfermaria desacordada! – protestei – Ele não pode fazer isso!


 -Fale isso com ele, e não comigo. – ele falou com desdém – Ah, e eu já monitorei o castelo e está tudo bem.


 -Hm, obrigada... – Malfoy assentiu com a cabeça e começou a cantarolar uma música qualquer enquanto encarava as janelas – e... Malfoy? – ele se virou para mim, me encarou por um tempo e abriu a boca para falar algo, mas acabou por apenas suspirar e continuar me encarando.


 -Sim? – perguntou ele depois de um tempo.


 -Ahn... Eu não quero ser rude nem nada, mas... Por que você veio aqui? – ele franziu o cenho e eu me corrigi – Eu digo, tão tarde assim? – estava mesmo tarde. Acho que já eram 11h da noite, ninguém pode andar por aí nesse horário.


 -Eu estava no meu quarto sem fazer nada e eu acabei pensando em você... – ele parecia não ter prestado atenção no que tinha falado, e só percebeu depois que eu franzi o cenho, e ele, para tentar disfarçar, engoliu em seco antes de continuar – Quer dizer, eu comecei a pensar que você era minha dupla e que você devia estar aqui, sozinha, e que você poderia precisar de algo e que... - ele deu um tapa na testa e passou a mão nos cabelos impacientemente. Minha vontade era prender o riso para não irritá-lo, mas não tinha riso. Eu devia estar com vontade de rir diante essa tentativa inútil dele de não ser sincero e falar a verdade, mas, na verdade, eu estava é surpresa com a sinceridade dele. Merda de momento em que eu fui esquecer que estava com raiva dele. Eu devia estar com raiva dele o tempo todo! – E que seus amigos não poderiam te ajudar agora devido o horário e que a madame Pomfrey estaria babando, e, já que sou monitor e tenho uma desculpa para sair andando por aí, eu poderia te fazer uma visita e te ajudar em qualquer coisa. – Ele falou desviando o olhar e fazendo um olhar emburrado, como se estivesse sendo obrigado a falar a verdade. Eu apertei meus lábios, como se perguntasse se ele não tinha mais nada para falar, ele me encarou cerrando os olhos antes de comentar vencido – Ah, tudo bem! Eu estava preocupado com você! Mas é claro que eu ficaria! Eu fiquei aguentando a Pansy por um tempão, e nada de você aparecer! Eu até cogitei a idéia de você e o Potter estarem fazendo algo a mais, mas daí eu lembrei que era o Potter, e o Potter é um broxa! – eu fechei a cara, mas ele pareceu não perceber – E você é minha dupla! Você também não apareceu na detenção... De novo! Daí eu fiquei preocupado, oras, você não pode me culpar. E eu não te achei em lugar nenhum, e isso não devia ser difícil, porque, olha o seu cabelo! – eu o olhei incrédula, mas ele ignorou e continuou – E quando eu fiquei sabendo que você foi atacada por um acromântula eu fiquei pensando ‘droga! Droga!”e vim correndo para cá para poder ver como você estava, mas a madame Pomfrey não me deixou entrar por causa do horário. Eu fiquei... – ele soltou uma boa quantidade de ar antes de continuar – preocupado.


 -Er... Obrigada por se preocupar – agradeci meio sem jeito – Mas eu não preciso de nada... Obrigada.


 -Hm... De nada – ele pareceu meio chateado. Talvez, depois de todo aquele discurso que ele fez, ele esperasse um super abraço meu e um grande sorriso, mas ele havia me pego de surpresa, eu não sabia o que dizer.


 Malfoy se levantou sem dizer nada, foi na direção da estante e ficou mexendo nos remédios que tinham nela.


 -Malfoy! O que você está fazendo? Você não pode fazer isso! Por Merlin, Malfoy, largue esses remédios!


 -Sabe... – ele começou misterioso sem parar o que estava fazendo – Eu fiquei sabendo de outras coisas também...


 -O que você está falando, Malfoy?! – perguntei sem entender – Largue esses remédios agora antes que madame Pomfrey chegue.


 -Fiquei sabendo que o Potter... – ele finalmente se virou para mim – Te convidou para o Baile...


 -Suas fontes andam muito confiáveis, Malfoy – falei formalmente tentando disfarçar o desespero que eu estava sentindo. Mas pra que desespero?! Eu devia é estar contente por Harry finalmente ter me convidado e todos saberem disso – Ou suponho que estava ouvindo conversas que não eram da sua conta.


 -E será que ele sabe o que andou acontecendo nesses dias? – continuou ele como se não tivesse sido interrompido – Ele sabe o que nós fizemos?


 -Eu não faço idéia do que você está falando. – falei engolindo em seco e desviando o olhar.


 -Ah, é, Granger? – ele perguntou se aproximando e largando o tom calmo – Você agora vai fingir que nunca aconteceu nada?


 -Nunca aconteceu nada que valha a pena ser lembrado, Malfoy! Eu... Esqueci – menti – e sugiro que você faça o mesmo.


 -Ah, esqueceu, é? Então não deveria corar quando eu chego tão perto assim de você – ele se aproximou mais de mim, nossos narizes quase encostando. Como é que se controlava o tom de pele?! Como eu fazia isso?! Como eu fazia pra não baixar o tomate? – Sua respiração não devia ficar ofegante – Para de respirar, Hermione, PARA DE RESPIRAR! – Você não ficaria do jeito que está agora – Consciênciaaaa! Ô CONSCIÊNCIAAAA! CADÊ VOCÊ, BEBÊ?! – Então... Vai dizer que me esqueceu, Hermione? – ele se preparou para me beijar, mas a menção do meu nome me despertou antes de cair num erro terrível: cair na tentação Malfoy de novo.


 -Sim, Malfoy. Eu esqueci.


 Ele sorriu sem humor nenhum, como se me parabenizasse pelo meu ato, mas dando a entender que não deixaria quieto.


 -Mas eu não esqueci, e eu acho que o Potter ficaria muito triste em saber que nós nos beijamos várias vezes... – eu o olhei com desprezo. Ele não faria isso – Quantas vezes você deixou ele te beijar, hein, Hermione? Pelo o que eu saiba... Nenhuma. – eu tentei segurar as lágrimas que ameaçavam cair – Porque, você sabe... Ele pareceu bem disposto a ficar com você, mas eu acho que ele mudaria os conceitos dele ao saber que você é tão difícil com ele, mas se entrega tão fácil para outros.


 -Malfoy, você não seria tão desumano para...


 -Ah, mas eu seria sim. – aquele tom calmo dele estava me irritando – E você não está sendo desumana? Ficando junto com o Potter mesmo não o querendo?


 -Malfoy, eu vou com ele no baile, não quer dizer que eu estou junto dele.


 -Ah, então é tão ruim ficar com o Potter que você nega? – eu apertei um lábio contra o outro numa força descomunal para tentar não chorar enquanto balançava minha cabeça negativamente – O que eu digo é... Você acha que é justo da sua parte ficar com o Potter quando você não o quer? Quando, na verdade, tudo o que você quer sou eu?


 -Eu quero muitas coisas, Malfoy... E você não é uma delas. – Ele pareceu atingido com isso, mas prosseguiu.


 -Você tem tanta certeza do que diz? Alguns dias atrás você achava que seu ouvido tinha sido estuprado por bosta de trasgo... – por que aquilo não me soava engraçado? POR QUÊ?! Espera... COMO AQUELE MALDITO SABIA DAQUILO?! – E você ainda tem certeza de que está com a mente sã? – as lágrimas começaram a cair, mas eu não deixei de retrucar.


 -TENHO CERTEZA QUE MINHA MENTE ESTÁ MELHOR DO QUE QUANDO VOCÊ DISSE QUE ME AMAVA E EU ACREDITEI PARA, NO MINUTO SEGUINTE, VOCÊ JÁ DIZER QUE ESTAVA MENTINDO!


 Malfoy foi afetado por isso. Ele parou o que estava fazendo e pareceu pensar por um tempo no que falar.


 -E você achou certo o que eu fiz? Iludir alguém não é errado? E agora pense que você está fazendo a mesma com o idiota do Potter. Quer saber a diferença? A gente quase não tem história, mas quanta história você tem com ele, hein? Você tem noção de quanto você está colocando em risco?


 -Por que você está fazendo isso? – perguntei suplicante no meio de lágrimas – Por favor, me deixe em paz... – sussurrei para mim mesma.


 -Eu estou fazendo isso porque eu não te quero com ele... – ele falou simplesmente.


 -Mas você também não me quer junto de você! Então pára com isso!


 -E o que te faz pensar que você sabe o que eu quero ou não?! – ele perguntou ameaçador já aumentando o tom.


 -Eu não sei, Malfoy... – respondi baixo, balançando a cabeça e deixando as lágrimas caírem - Eu nunca sei o que você quer... Nunca sei. Num momento você me quer, no outro me esnoba, num momento diz que me ama e no outro diz que nunca se apaixonaria por alguém como eu e vai se esfregar na Nojenta Parkinson! – ele reprimiu uma careta – E isso... Cansa, sabe? Cansa... Porque eu nunca sei o que você quer, e essa bipolaridade está me matando! Então eu não sei o que você quer, se é o que você quer saber...


 -E para quê você está fazendo tudo isso? – ele perguntou ignorando minha resposta – Pra quê machucar tantas pessoas só para o seu bem. E depois o egoísta sou eu...


 -Eu só queria um pouco de paz!


 -No meio de uma guerra, Hermione?! – alguém pode me explicar por que ele ainda estava falando meu nome se ele estava usando um tom de tanto ódio? – Você esperava um pouco de paz no meio dessa guerra?! – se ele soubesse como a minha cabeça latejava quando ele falava nesse tom, ele, com certeza, pararia – Como?! Para ter paz você decide aceitar o convite de seu suposto melhor amigo?! Porque um melhor amigo não deixaria a “amiga” tão confusa como você está agora!


 -Confusa sobre o que, Malfoy?! Eu sei muito bem o que eu quero! – menti. Ou talvez eu não soubesse... Eu teria dito ‘sim’ para o Harry na primeira vez que ele me convidou para ir ao baile e não ficaria fugindo, se bem que... Eu sabia que era outra coisa.


 Malfoy ficou me encarando por um tempo, mas de um jeito diferente... De um jeito realmente penetrante.


 -Sabe, é? Pois se soubesse não teria demorado tanto para aceitar o convite dele para o baile! – como ele sabia... ? – Não ficaria fugindo! – ora aquele...


 -Saia da minha mente, Malfoy! – coloquei minhas mãos sobre a minha cabeça, como se fosse adiantar alguma coisa, então fechei a minha mente – Você não tem o mínimo direito de fazer isso, Malfoy! Nem você é tão baixo para usa legilimência contra alguém!


 -Fazer ele pensar que te ama mesmo estando confusa! – ele continuou me ignorando totalmente – Dar esperanças a alguém quando nem você sabe o que pensa! E você acha certo isso?! Está se achando certa agora? Se você realmente o amasse... – mas eu o cortei antes de ele conseguir terminar a frase.


 -Por que você quer me deixar indecisa, Malfoy? Confusa? Você não está bem no seu canto? O que eu te fiz, hein? Me deixe em paz! Pára de tentar me confundir!


 -Se você realmente o amasse não ficaria em dúvida! Se realmente fosse algo verdadeiro, não seria eu que acabaria com isso.


 -E pra que fazer isso?! Não é da sua conta!


 -É da minha conta sim! Porque sou eu quem te impede de amar o Potter, não é?!


 Eu parei para pensar. Put* que pariu, ele estava certo. Eu não amava o Harry só porque eu estava com medo de me machucar. Eu confiava no Harry e sabia que ele faria certo. Mas o Malfoy me impedia. É engraçado como a gente passou pouco tempo juntos, brigamos pra caramba, e mesmo assim o sacana consegue ser o motivo para eu não amar algum outro alguém. Mesmo sendo “engraçado” era totalmente desgastante eu não poder ser feliz por causa dele. Como eu odiava ele.


 -Hermione, eu não sou segunda opção. Se alguma coisa der errado não vácorrendo atrás de mim. Eu não vou estar te esperando.


 -Não precisa, Malfoy. Nem segunda opção você é.


 -Não sou, é?! Não é o que seus pensamentos dizem. – Maldito! Era totalmente difícil pensar, conversar, escutar e fechar a mente, tudo ao mesmo tempo! – Sevocê amasse o Potter você não faria isso com ele. – ele foi se aproximando de mim enquanto dizia isso, e eu aproveitei quando ele estava bem perto e o agarrei pelos ombros e gritei olhando para aqueles dois olhos, que agora, se encontravam num tom cinza-tempestade.


 -E SE VOCÊ ME AMASSE VOCÊ NÃO FARIA ISSO COMIGO!


 Burra! Como eu sou burra! Como eu fui me entregar desse jeito? Como eu fui burra a esse ponto de falar algo tão burrento como isso?


 “Hermione, é... Não quero ser inconveniente, mas acho que agora não é o momento certo para criar palavrinhas novas.”


 CALA A BOCA, CONSCIÊNCIA!


 Malfoy de um suspiro enojado e me empurrou, me obrigando a sentar na maca com as pernas encolhidas. Sim, durante toda essa conversa eu estava sentada na maca com as pernas esticadas.  Prêmio para mim, sim, obrigada, obrigada.


 -Eu não te amo. E é por isso que eu faço essas coisas.


 As pequenas e silenciosas lágrimas não eram o suficiente mais para demonstrar a minha agonia do momento. Eu comecei a soluçar e a deixar lágrimas quentes e gordas rolarem pelo meu rosto. Malfoy virou as costas e foi em direção a porta, me deixando lá, sozinha e indefesa.


 Fria. Ela era uma pessoa fria. E eu não acredito que me limitava a amar alguém e ser feliz por causa de alguém frio como ele.


 -Ah, e, a propósito, não se preocupe. Eu não vou contar nada para ninguém. Isso não vai me acrescentar em nada, mesmo. – e com isso saiu pela porta e a fechou, me deixando sozinha, indefesa e no escuro.


 


 -Harry, eu estou bem. Sério. – tentei convencer Harry pela milésima vez naquela sexta feira. Dessa vez eu usei minha arma mortal: um sorriso meigo. Meiguice é o meu sobrenome, yeah.


 -Não quer mesmo ajuda? – ele perguntou segurando minha mão.  Não sinta nada, Hermione, não é justo com o Harry. Você precisa ser uma pessoa justa e... Merda! Calafrios, calafrios... Pshhh! Parem agora, nenéns!


 -Não, Harry, obrigada, só... Por favor, fique aqui comigo. – Egoísmo era o meu sobrenome. Malfoy estava certo. Pe-pe-pe-pera! Aiê, rolou um rap aí: pé pe pé pe pé pep PÉÉÉRAAA OHO YEAH! Ok, parei. Mas, PERAÍ, eu acabei de pensar que o Malfoy estava certo. Como meu cérebro permite que um pensamento como esse chegue aos meus neorônios?


 -Cl-claro, Hermione. – ele falou com o cenho franzido enquanto sorria e balançava a cabeça – Claro que eu fico aqui com você.


 Sorriso de lado. ALERTA SORRISO DE LADO! NÃO POSSO PENSAR NISSO! POR FAVOR, MERLIN, TIRE ESSES PENSAMOS SOBRE O HARRY DESSA CABEÇA INÚTIL! OLHA PRA LULA, VAI! ISSO, ACALMA...


 Ufa. Alerta aceito. Já estou olhando para a Lula Gigante que agora tenta pegar uma garça (temos garças em Hogwarts?) que está numa tentativa inútil de fugir.


 -E então... Onde está o Rony? – perguntei ainda olhando a guerra do século entre garças e lulas gigantes. Sim, cultura também é o meu nome do meio – Eu não ando vendo ele muito... Eu estou com saudades dele.


 -Sabe que eu também não sei? – ele riu sem humor nenhum – Ele deve estar no campo treinando quadribol... Até estou pensando em dar o cargo de capitão do time agora para ele. – ele riu de novo, só que agora com humor e eu não consegui evitar a vontade de virar e assistir ao vivo àquele riso radiante que ele dava, que eu sabia que, daqui a pouco seria uma coisa rara, com toda essa guerra. Com certeza era mais interessante que a guerra do século.


 -Quem diria, hein? Há seis anos você era ‘Harry Potter: o apanhador mais novo da história’ e agora você é ‘Harry Potter: o capitão da Grifinória que leva o time à vitória’. - nós dois rimos e eu desviei meu olhar novamente para o lago.


 -E desde sempre eu fui ‘Harry Potter: o menino-que-sobreviveu’ e agora eu sou apenas Harry Potter: o menino que tenta sobreviver. – ele riu de novo sem humor nenhum, mas dessa vez eu virei séria para encará-lo.


 -E vai. Você vai sobreviver, Harry. – ele virou o rosto para mim – E sabe como eu sei disso?


 -Como? – ele perguntou desanimado.


 -Porque você tem tudo isso, Harry. – apontei para Hogwarts – Você tem o que ela tem de melhor. Você tem as pessoas a sua volta, Harry. Você tem pessoas que te amam. Quantas pessoas amam o “todo poderoso”? – Ele deu um sorriso breve e sem humor – E você tem um propósito de vida. Você está lutando por algo que realmente vale a pena.


 Ele suspirou descrente. É, ele não tinha acreditado em mim e, na verdade, nem eu estava acreditando em mim. Nós não estávamos no Paraíso (até porque lá não existiriam guerras), não estamos num mundo justo. E, quem iria ganhar essa guerra, não era questão de quem está certo e quem está errado. Ninguém estava com o menor humor para ser otimista.


 -Sabe, uma coisa que eu aprendi durante todo esse tempo de guerra... – eu o olhei nos olhos e o obriguei a fazer o mesmo – É que não importa contra quemlutamos. E sim por quem nós lutamos. E essa é a diferença, Harry. Você, nós, todo mundo, estamos lutando pelas pessoas. Pelo bem de todos. E “Você-Sabe-Quem” está lutando para ele e contra nós. Isso devia contar, não devia? – eu, com todos meus esforços, consegui dar um sorriso bem humorado e radiante para Harry. Ele valeu o esforço.


 -Como você consegue? – ele perguntou depois de um bom tempo – Toda essa guerra, tudo isso o que nós estamos passando... E você consegue. Você consegue manter toda a sua vida, e ainda tempo para sorrir. Mesmo sozinha... Eu já vi você sorrindo. Como você consegue ver felicidade nisso tudo?


 -Porque eu nunca estou sozinha. Sabe, eu sei que tenho você, Rony e Gina. Eu sei que, depois dessa guerra, nós vamos ter o merecido descanso. E, eu não sei, sorrir às vezes parece uma coisa divertidamente rara. Sorrir não devia ser algo raro. E eu só tento não... Raralizar... – AIÊ! Pra que comprar o dicionário Aurélio se você tem essa fonte de palavras novas, chamada Hermione Granger? – o sorriso.


 Mentir pro Harry era difícil. A verdade é que eu estava morrendo de medo. Eu só sorria porque eu não sabia se no próximo instante eu poderia fazer isso de novo. Ou porque eu sou estranha, mesmo. Mas eu precisava pagar uma de otimista. Pelo Harry. Eu devia isso a ele.


 Ele se virou totalmente para mim com um sorriso malicioso no rosto.


 -Você tem razão...  ele começou a se aproximar de mim. ALERTA SORRISO MALICIOSO! PÁRA TUDO! HERMIONE JANE MEIGUICE EGOÍSMO CULTURA GRANGER, TIRE ESSES PENSAMENTOS PERVA DESSA SUA CABECINHA COCOZENTA! PÁRA TUDO! PÁRA O MUNDO PRA EU DAR UMA PULADINHA DE PARA-QUEDAS E JÁ VOLTO, MAS PÁÁÁÁÁÁRA TUUUUUUUUUUUDO!!!!! – Nós temos muitas coisas que Voldemort não tem. – Er... Nariz?


 Um barulho ecoou ao longe. Harry bufou estressado, mas continuou vindo na minha direção. Fazer ou não fazer? Beijar ou não beijar? Eis a ques... ALGUÉM TIRA ESSE MENINO MARAVILHOSO DA MINHA FRENTE!


 Gritos. Harry e eu tentamos ignorar. Mais gritos.


 -Alguma coisa está estranha, Harry... HARRY, CORRE!


 Eu vi ao longe. Alunos corriam desesperados, luzes das mais variadas cores nos jardins de Hogwarts, um comensal correndo na nossa direção.


 Isso sim é um programa para uma sexta feira gostosa.


 -Estupore! – gritou Harry atingindo um comensal – Vêm, Hermione!


 Nós lançávamos vários feitiços. Era muita coisa acontecendo, tudo muito rápido. Lágrimas começaram a brotar nos meus olhos, mas eu segurei bem para elas não caírem. Não podia demonstrar fraqueza.


 Ótimo. Um segundo atrás, lá estávamos Harry e eu conversando e eu, como uma boa amiga, falando que ficaria tudo bem. Neste exato segundo? Nós correndo desesperados tentando salvar nossa vida.


 Nos jardins todos os alunos corriam de um lado para o outro, desesperados. Alguns tentavam se esconder, outros tentavam correr. Alguns tentavam atacar, e alguns eram atingidos com tanta intensidade que eu não sabia se estavam vivos ou não. Era muita insensibilidade da minha parte, mas eu não tinha tempo para verificar.


 -HARRY! – alguém gritou ao longe – HERMIONE!


 -Ahn?! – eu tentei identificar quem era, mas no instante seguinte a minha visão foi tampada por dois braços e um monte de cabelo. Tudo bem, sem querer ser maisinsensível ainda, mas quem é que ia pensar em dar abraço em qualquer pessoa numa situação dessas? Estávamos em guerra! Estávamos lutando para tentar sobreviver.


 -Harry, Hermione, vocês estão vivos! –Rony exclamou depois que me largou – Nós estávamos tão preocupados! – foi só quando ele falou ‘nós’ que eu percebi que Gina estava lá também.


 -Nós temos que correr! – gritei. Sim, eles estavam do meu lado, mas eu precisava gastar as minhas cordas vocais tentando gritar mais alto que o resto da multidão – Querem te pegar, Harry!


 -Obrigada pela informação, Hermione! – ele gritou estressado, mas mudou o tom – Você não pode correr tanto... Você acabou de sair da Ala-Hospitalar... Está se recuperan...


 -E eu não corri até aqui?! Harry, eu também estou me recuperando do tombo que eu levei depois que eu sai da barriga da minha mãe, mas eu continuo aqui! Desculpe, Harry, mas agora não é o momento para se preocupar comigo! Temos que nos preocupar com você agora.


 E sem falar, melhor, gritar, mais nada, eu saí correndo e soltando feitiços como uma desgorvenada, e percebi que estava sendo seguida por eles.


 -Não perde essa mania, hein, Hermione?! – gritou Harry antes de acertar mais um comensal.


 -Expeliarmus! – um comensal fdp qualquer gritou antes de eu cair no chão, atingida pelo feitiço – Avada Keda...


 -ESTUPEFAÇA! – gritou Rony.


 -EXPELIARMUS! – gritou Harry.


 -REDUCTO! – gritou Gina...


 Gritaram. Gritaram e ao mesmo tempo. É... Eu tinha amigos bem fofos.


 -Venha, Hermione! – gritou Harry estendendo a mão.


 Continuamos correndo até chegarmos ao Salão Principal. A luta lá era um pouco melhor que a de lá fora, mas ainda estava num nível deplorável. Dava para ver vários professores lutando junto dos alunos.


 Feitiços eram vistos por todos os lados. Era uma luta de sobrevivência das quatro da tarde. Devia estar sol lá fora, mas o céu era tomado pelo cinza das nuvens e pelo esverdeado da Marca-Negra.


 “Alunos! Recado da professora Minerva!”


 Vários alunos que pararam para prestar atenção naquela voz foram atingidos.


 Por que os comensais não paravam de lutar e sentavam todos na cadeirinha para ouvir o comunicado?


 Mas eles não estavam ouvindo.


 Era algo apenas para nós.


 (N/A : oi povinho lindo que me lê. Bem, para ficar mais fácil de vocês entenderem... Sabem no último filme divo do Harry Potter? Digo, último mesmo. Na hora em que o Voldemort começa a falar com todo mundo?Sabem, meus amorecos? Então, é tipo isso, mas é a Minerva falando na mente de todos os alunos e professores. Tudo entendido? Então parem de ler essa N/A  inútil e vão ler minha historinha, oks?)


 “Eu peço para todos que parem a luta e vão discretamente para seus devidos quartos e façam suas malas para dez dias e entrem nas lareiras de seus Salões Comunais. Os professores cuidarão de tudo. Não se preocupem. Apenas façam o que lhes foi mandado!”


 Nós quatro nos entreolhamos.


 Como nós iríamos discretamente para os nossos quartos sem sermos atacados? Será que ninguém percebeu que de quatro pessoas aqui, duas são uma sangue ruim e o tão precioso Harry Potter?


 Olhei para Harry, ele parecia não querer sair dali e parecia bem disposto para ir procurar Voldemort.


 -Ele não está aqui, Harry! – gritei antes que ele falasse qualquer coisa – Agora vamos, rápido! – segurei sua mão e comecei a puxá-la, mas ele puxou sua mão bruscamente.


 -Hermione, não! Essa é a minha chance de enfrentá-lo!


 -ESSA É A SUA CHANCE DE SE DAR DE PRESENTE PARA ELE! VOCÊ NÃO PERCEBEU QUE ELE NÃO ESTÁ AQUI?! ELE JÁ TERIA APARECIDO FAZ TEMPO!


 -VOCÊ NÃO O CONHECE! – ele gritou estressado, se desviando de um feitiço – ELE NÃO SUJARIA SUAS PRÓPRIAS MÃOS!


 -DESCULPA, MELHOR AMIGO DE VOLDEMORT! –gritei irônica indo na sua direção e agarrando sua mão e a prendendo por um feitiço dessa vez – MAS NO MOMENTO NÓS NÃO PODEMOS ARRISCAR!


 Contra a vontade de Harry, claro, nós começamos a correr em direção ao nosso Salão Comunal. Vários feitiços tentaram nos acertar, mas os professores acabaram criando uma proteção para nós não sermos atingidos.


 Quando nós chegamos ao nosso Salão Comunal, a Mulher-Gorda ainda perguntou a senha.


 -VOCÊ NÃO VÊ QUE ESTAMOS SENDO ATACADOS, E VOCÊ AINDA QUER A NOSSA SENHA?! – perguntou Gina aos berros.


 -CLARO! – aquele quadro inútil gritou com uma voz insolente – MESMO NO MEIO DE UM ATAQUE AS REGRAS SÃO AS MESMAS!


 -MAS NÓS NÃO LEMBRAMOS A SENHA!


 -ENTÃO SEJAM COMIDOS POR COMENSAIS. EU NÃO LIGO, SOU UM QUADRO MESMO! – tudo bem. Oscar de pior quadro vai para, obviamente, Mulher-Gorda.Grazie!


Vários alunos foram aparecendo atrás de nós, obviamente desesperados para entrar.


 Eu olhei para trás e vi alguns comensais vindo. Er, o que tinha acontecido com a proteção dos professores?


 Ninguém se lembrava da nova senha no meio de tudo isso. Nem mesmo eu.


 -Desculpa... – murmurei antes de apontar minha varinha para o quadro e gritar – BOMBARDA!


 A Mulher-Gorda explodiu. Sim, provavelmente eu seria expulsa depois de fazer isso. Mas ela iria sobreviver.


 Milhares de pedacinhos de quadro vieram para cima de nós. Meu rosto já estava todo cortado, e, para melhorar, todos os alunos da Grifinória entraram correndo na nossa direção, quase nos esmagando.


 Nós quatro tentávamos retardar os comensais. A nossa sorte é que não eram tantos assim. Talvez uns cinco.


 -PROTEGO! – gritamos nós quatro juntos. O que dizem, mesmo? Ah, é, a união faz a força! E que força, hein?


 Depois que nós vimos que estávamos seguros, um pouco pelo menos, nós entramos no salão Comunal.


 Er, ótimo. Eu tinha explodido a única coisa que impedia os comensais de entrarem. O que nós faríamos agora?


 -Hm, alguém sabe algum feitiço?! – perguntei nervosa.


 A sorte estava ao nosso lado! Milie Kriop estava perto e me ouviu. Millie Kriop não é nada mais, nada menos, uma aluna do sétimo ano, e, a mais inteligente do ano dela. É, talvez a menina mais inteligente de Hogwarts. Invejinha pequena a minha, eu sei.


 Millie Kriop fez algum feitiço protetor qualquer.


 -Agora nós podemos vê-los, mas quem está lá fora só consegue ver uma parede com quadros. – ela comentou toda orgulhosa de si.


 -Ahn, ok, obrigada... – Gina gritou meio sem prestar atenção antes de sair correndo para o dormitório, seguida de mim e... Harry?


 -Harry, VÁ PARA O SEU DORMITÓRIO! – gritei estressada. Quanto tempo ele achava que nós tínhamos?


 -SE VOCÊ DESFIZER ESSE FEITIÇO NA MINHA MÃO, EU VOU! – gritou ele igualmente estressado.


 Meio sem graça, eu lancei um feitiço para reverter o feitiço anteriormente lançado lá, e saí correndo para o meu dormitório.


 Eu estava estressada e chorando. É... Grande força, Hermione! Eu não conseguia achar nada que eu precisava.


 -Que tal se você usar a sua varinha?! – perguntou Gina tentando ser amigável. Como ela conseguia? Todas as palavras que vinham na minha cabeça não eram nada amigáveis.


 -QUE TAL SE VOCÊ CALAR A BOCA E PARAR DE DAR PALPITE?! – gritei enquanto procurava meu pijama. Gina arregalou os olhos e recuou, mas continuou com essa missão suicida de tentar me acalmar.


 -Hermione, se acalma... Vai ficar tudo bem...


 -VAI, É, GINA? PORQUE É ISSO QUE EU ESTAVA FALANDO PARA O HARRY ANTES DE SERMOS ATACADOS POR ESSES COMENSAIS! VOCÊ AINDA TEM A INDECENCIA DE FALAR QUE VAI FICR TUDO BEM?! – perguntei sem parar de procurar as minhas coisas.


 -Hermione, PÁRA COM ESTRESSE E DEIXA EU TE AJUDAR A ENCONTRAR SUAS COISAS! MINHA MALA JÁ ESTÁ PRONTA ENTÃO EU POSSO TE AJUDAR! – o que eu fiz diante esse ataque da minha querida amiga?


 Sentei em cima do meu malão sem roupas e comecei a chorar. Gina se aproximou de mim com um olhar culpado e confuso.


 -Er, Hermione, desculpa, não era a minha intenção te...


 -Quando isso vai acabar, Gina? – perguntei entre soluços – Desde o primeiro ano nós nos metemos em confusões, nunca temos um descanso. Nunca estamos em paz!


 Gina não falou nada. Apenas me abraçou por uns três segundos, depois me ajudou a levantar e a procurar minhas coisas.


 A luta continuava lá fora, mas estava bem melhor. Ainda podíamos ver os feixes de luz coloridos, mas a quantidade de feixes de luz verdes havia diminuído bastante.


 Depois que tudo estava pronto, nós descemos e entramos na lareira.


 Senti aquela sensação de novo. Aquela sensação de algo sendo puxado pelo meu umbigo, ou algo puxando meu umbigo. As vertigens da aparatação me fizeram passar mal, mas finalmente elas acabaram.


 Demorou um tempo para eu entender onde estávamos. O corujal, ah, óbvio, o único lugar que não estava tendo ataque de comensais.


 Vários alunos estavam correndo desesperados, tentando mandar uma coruja para os pais. QUEM MANDA CARTAS NUMA SIUTAÇÃO DESSAS?!


 Eu ia correndo de um lado para o outro. Já tinha me perdido do Harry, Rony e Gina. Finalmente Minerva apareceu na parte mais alta do corujal e começou o seu discurso.


 -Atenção, alunos! Como perceberam, está tendo um ataque de comensais aqui em Hogwarts... – alguém soltou um ‘não diga’ – Mas Você-Sabe-Quem não está aqui – eu me virei para mandar um olhar assassino para o Harry, como se dissesse ‘eu te falei’, mas Harry não estava do meu lado, e eu acabei olhando para uma menina do primeiro ano da Lufa-Lufa, que se assustou com a minha ação. Eu apenas dei um sorriso amarelo sem graça e me virei de novo – Mas, mesmo assim, nós vamos pedir para vocês irem para suas supostas casas e ficarem lá até domingo que vem, então você terão uma semana mais prolongada de Natal. – vários alunos começaram com murmúrios animados... SERÁ QUE ELES SABIAM QUE NÓS ESTÁVAMOS INDO PARA CASA POR CAUSA DE UMA GUERRA?! – Nós teremos que fazer isso para podermos nos precaver, porque um... Hm, informante nos informou – ‘informante’ ‘informou’, saca? – que haverá mais ataques nessa semana.


 -E como nós vamos para casa?! – perguntou um grifinório amedrontado do primeiro ano.


 -Pois bem, todos vocês irão para a estação King’s Cross  pela chave do portal. São sete chaves do portal. Está tudo seguro... – Dezenas de alunos deram um suspiro aliviado. Ingênuos – Agora façam uma fila aqui – ela apontou primeiro para algo que parecia uma super goma de chiclete mascada – para serem mandados.


 E então começou a maior muvuca que eu já tinha visto na minha vida. Todo mundo queria ir primeiro. Então a porta do corujal foi arrombada.


 Bellatrix Lestrange entrou seguida de mais dois comensais. A primeira chave do portal já tinha saído. Bando de rabudos.


 -Ora, ora ,ora... Se não são aluninhos tentando escapar... – ela falou com aquela voz infantil estúpida, e uma raiva descomunal se apossou do meu corpo. Minha vontade era de atacá-la na frente de todos, mas só não o fiz por causa de Harry. Filha da put* sem coração – Vocês realmente acharam que conseguiriam escapar dessa?


 Todos ficaram paralisados. O que fazer numa situação dessas? Como nós ficaríamos seguros agora?


 -VÃO FICAR QUIETOS?! – perguntou ela, e eu me segurei para não pegar minha varinha – POTTER! – começou a cantarolar ela – VOCÊ NÃO QUERIA ENCONTRAR SEU PADRINHO, POTTER?! POIS O LORDE PODE FAZER VOCÊS SE ENCONTRAREM MAIS UMA VEZ!


 Uma manada de alunos estava segurando Harry e tapando sua boca, só pode. Ele nunca deixaria quieto. Ele, com sua maniazinha de ser herói, colocaria todos nós em risco se respondesse à Lestrange.


 -NÃO VAI RESPONDER, POTTER?! E ONDE ESTÃO OS SEUS AMIGUINHOS, HEIN? OS RUIVOS TRAIDORES DE SANGUE E A MALDITA SANGUE-RUIM? – Bellatrix, percebendo que ninguém responderia, foi rapidamente na direção de Minerva e a pegou pelo pescoço – E AGORA?!


 Tudo ficou silencioso. Todos olhavam para os outros, em busca de uma resposta, um incentivo. Éramos muitos contra três comensais, mas tínhamos que lembrar que eles eram comensais. Nós não usaríamos maldições imperdoáveis, eles usariam.


 Eu percebi um movimento um pouco à minha esquerda. Era Harry. Ele ia atacá-la. Harry seria pego. Mas eu teria que ser mais rápida.


 -EXPELIARMUS! – gritei apontando na direção de Bellatrix. Cara, nem acredito que consegui desarmá-la. É, uau, ponto para mim. Eu até comemoraria se Bellatrix não estivesse olhado mortalmente para mim e se, de repente, todos os alunos começassem a correr descontroladamente.


 Corri também, consegui desviar de alguns feitiços dos outros dois comensais. Fui para uma parte mais reservada do corujal, que parecia enorme agora, mas mesmo sendo uma área mais escondida, também estava cheia de alunos.


 De repente um braço me puxou e eu já estava me preparando para o meu avada kedavra, mas ele não veio. Não tinha sido um comensal que tinha me puxado, e sim...


 -Malfoy. – falei assassinamente - Não sei se percebeu que nós estamos sendo atacados, então me deixe correr, por favor. – É, um pedido extremamente idiota, mas ele era um idiota. Eu não tinha que me preocupar com coisas assim.


 -Muito inteligente da sua parte atacar minha tia. – Ele comentou sarcástico.


 Antes que eu pudesse responder um feitiço atingiu uma pilastra ao nosso lado, que acabou caindo. Teria caído em cima de mim se Malfoy não tivesse me empurrado.


 -Ugh, obrigada. – O que quer dizer ugh, Hermione? Ah, é. Harry tinha falado ‘ugh’ outro dia lá na enfermaria – Agora poderia sair de cima de mim, por favor?


 Malfoy saiu de cima de mim e me ajudou a levantar. Argh, menino escroto! Ele tem que decidir se vai ser idiota comigo ou não. Escroto, escroto, escroto!


 -Por que você não corre logo para a chave do portal? – perguntei vendo se alguém vinha na nossa direção.


 -Para virar o mais novo mendigo de King’s Cross? – perguntou ele enojado – Claro que não. Vou ficar em Hogwarts.


 Então eu lembrei. Malfoy não tinha para onde ir. Ele estava sozinho agora. Os pais estavam foragidos, ele não podia ficar em sua mansão.


 Um pensamento veio nessa minha cabeça de merda. Eu só podia ter sido abençoada, ou amaldiçoada, pela pureza de Merlin, ou algo assim, porque a idéia foi totalmente... Louca.


 -Ugh... – gemi o gemido mais sexy do tempo dos homens das cavernas – Eu nem acredito que vou falar isso, ainda mais depois de tudo o que você fez, mas... – respirei fundo e fechei os olhos para soltar tudo de uma vez, e eu digo tudo de uma vez mesmo – Transfigurelogooseumalãovocêvaipassaressasemanacomigo.


 Idéia louca, eu sei. Ainda mais depois de tudo o que ele tinha feito. Me diga, Merlin, se eu sou uma pessoa tão boa, porque a minha vida é uma merda? Ok, me responda mais tarde em cartão 3x4 na fonte comic sans, agora eu tenho que cuidar da burrada que eu acabei de fazer.


 -Passar essa semana com... Você? – perguntou ele com o cenho franzido.


 -Malfoy, transfigure logo essa merda de malão antes que eu mude de idéia e te entregue de comida para os comensais. – eu respirei pesadamente – Eu ainda sou sua dupla e é o mínimo que eu posso fazer por você.


 -Mas você não ia passar o Natal com a sua família! – exclamou ele ainda surpreso com o convite. É, eu também estava surpresa com esse meu convite.  


 -Mas agora eu estou vendo que vou ser obrigada a passar, agora dá pra você trasfigurar logo esse malão? Me encontre nas botas com lesmas e, por favor, seja morto no caminho. – ele soltou uma risada seca.


 -Sempre muito engraçada, Granger.


 Nota mental: procurar uma rede wi-fi confiável para procurar um bom hospício para mim em Londres. Eu estava completamente louca.  


 Saí correndo em direção às malditas botas com lesmas. Como eu iria despistar Harry na King’s Cross?


 Os feitiços dos comensais estavam diminuindo. Agora já estava mais fácil correr no meio daqueles alunos. Só restavam duas chaves do portal agora.


 Esbarrei em alguém. Era Harry. Ele me deu um abraço apertado e sussurrou no meu ouvido:


 -Obrigado. – depois disso eu comecei a chorar de novo. Era injusto como o mundo era. Injusto essa coisa de termos medo de perder a pessoa que mais amamos. E eu estava morrendo de medo de perder Harry, e esse medo era injusto.


 -Obrigada, Harry... – sussurrei no seu ouvido – Obrigada por tudo e... Eu te amo.


 Eu amava Harry, era verdade. Como amigo eu tinha certeza que o amava, agora, do outro jeito... Mas eu o amava, e precisava falar isso para ele. Eu não sabia a próxima vez que o veria, não sabia se seríamos mortos no caminho. Nessa guerra nós tínhamos que falar e fazer o que queríamos deixar para depois, porque não sabíamos se existiria depois.


 Fui na direção contrária que Harry estava correndo. A chave do portal estava cada vez mais perto.


 -Accio malão! – gritei, e meu malão veio até minha mão.


 Malfoy já estava na chave do portal junto de alguns alunos.


 As botas estavam prestes a sumir.


 Eu não chegaria a tempo. Bem, talvez assim eu ficasse presa em Hogwarts, já que a outra chave do portal tinha acabado de ir embora, junto com Harry, Gina e Rony.


 Só restava eu agora. Tentei acelerar o passo.


 -Estupefaça! – um comensal fdp qualquer lançou o feitiço que me fez cair no chão.


 -PEGUEM ESSA SANGUE RUIM! – gritou Lestrange com sua voz um pouco mais urgente.


 Malfoy não poderia me ajudar sem levantar suspeitas. Eu não podia mandar a chave do portal vir até onde eu estava para eu poder ir com todos. Eu apenas atrapalharia todo mundo com isso.


 -Mate-a, Draco! Rápido, mate-a! – Malfoy ficou com um olhar confuso diante dessa ordem de Lestrange. Ele estava pensando no que fazer. Mas... Por que Lestrange mandaria o Malfoy me matar?


 Malfoy me olhou com o cenho franzido como se fosse o meu julgamento.


 -FOD*-SE! – ele gritou e saiu correndo na minha direção e me puxou pelo braço, me ajudando a ir até a chave do portal.


 Eu cheguei a tempo. Agora era um caminho sem volta.


 Olhei para trás e a última coisa que vi antes da chave do portal partir foi a cara de c* virgem de Bellatrix Lestrange.
 
 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
 AIÊ! Eaí, o que acharam do capítulo?? Beeem, não me culpem, ok? Eu não sou muito boa pra escrever essas lutas e isso foi comprovado nesse capítulo kk Mas eu tentei e eu acho que deu pra entender... Eu espero *-*
 Nsss, mano, eu acho que esse capítulo penetro no meu cérebro pra nunca mais sair, sério, porque, como eu disse na N/A lá de cima, a minha irmã ficava me interrompendo o tempo todo, e pra não perder o fio da meada, como dizem, eu tinha que reler TUDO!  
 AIÊÊÊÊÊ!!!! ACABEI DE DESCOBRIR QUE CONSEGUI BETA :D Acabei de abrir meu email e vi a resposta da minha mais nova e linda e meiga beta, dizendo que se interessava por esse pedacinho de cocô de fic (ok, ela nao disse isso, essas palavras são minhas) AIÊ! Ela começa a partir do capítulo que vem, então me desculpem por possíveis erros nesse capítulo (:
 Nha... O que mais eu ia falar? Aié, eu sei, esse capítulo é meio bizarro, porque ele começou todo alegrinho e termino em GUERRA! RAAWWWWWWR (medo de mim) mas eu tentei fazer uma transição boa, e, sei lá, esse foi um dos capítulos que eu mais gostei (:
 E, antes de agradecer aos comentários, eu quero pedir para que você que está lendo... Por favor comente e... EI! VOCÊ! ÉÉÉ, VOCÊ AÍ MESMO! VOCÊ AÍ QUE TA PENSANDO EM NÃO COMENTAR! *carinha ultra mega fofa on* comenta vai... nha, não custa nada *-* e me faz feliz (: (: por favor, eu to aqui, mendigando comentários... comenta, vai?? *--------------* aiiiin, obrigada povinho fofo *carinha ultra mega fofa off* 
 Floreios e Borrões:
 Anna Przybitowiscz: KK compri minha promessa e aqui está a primeira parte do presente :D kk o próximo capítulo vem amanhão ou depois de amanhã :D AE VOCÊ TA VIVA :D Por favor, não torture o Draco, e pode me mandar ameaças kk sério, autoras amam ameaças :D AIÊ VIVA O SADO-MASOQUISMO! (eu sei que sado-masoquismo não tem muito a ver com o que eu quero dizer, mas AIÊ mesmo assim :D) Eu fico muito feliz que você tenha amado :) eu amo quando as pessoas amam meus capítulos e falam isso, me deixam tão felizes :D :D :D haha e fico enormemente (?) feliz ao saber que mesmo sem criatividade vocês amam os capitulos :D mas eu vou tentar colocar mais criatividade nessa minha cabeça.  Haha, ama tanto minha fic que não consegue sair sem deixar comentários quilométricos?? HAHA CONTINUE ASSIM KK AMO COMENTÁRIOS QUILOMÉTRICOS KK NÃO RECLAMO NÃO ;D Feliz ano novo pra você também e obrigada por tudo (:

 Katie Black: KK acho que vou me dar mais broncas para poupar vocês kk minimo que eu posso fazer ;D Valeu a pena esperar?? Awn *-* fico feliz, mas ok ,isso nunca mais irá se repetir... Prometo. KKK Olha... Draco e confusão andam assim ó II (tentativa inutil pra mostrar que eles andam lado a lado kk :S ) e eu te prometo que vão ter mais confusões na cabeça da Hermione por causa desse loiro oxigenado adoninado (eu com essa mania linda de inventar palavras) kk um exeplo foi a confusão que ele causou no capítulo de hoje. "DIGAM NÃO ÀS DOENÇAS AMBULANTES" kk é o que eu digo! AIÊ! até acho melhor darem uma ligadinha pro St. Mungus preparando um lugar pra Hermione, tadinha... Vai fica louca. AAAAH e o Draco vai ter que lutar muito pra ter a Hermione, porque ele foi escroto muitas vezes, e tenho que parar de escrever antes que eu diga coisas comprometedoras :x kk Haha, poxa, precisar urgente de um capítulo é coisa séria kk pois aqui está o seu capítulo e espero que tenha gostado :D Feliz ano novo pra você também e obrigada por tudo (:

Beco Diagonal: 

Alice: AMOU??? Por Merlin, vocês não sabem como esses comentários fazem o meu diazinho pacato *-* Obrigada pelos elogios (: (: Espero que ame esse capítulo também (:


 Nyah!Fanfiction:
  
 
 Natynhaa (comentado no primeiro capítulo, mas vou responder mesmo assim já que só voce comentou e nao vai confunfir em nada (: ) : *-* Fico feliz que voce gostou do capítulo (: (: (: Obrigada pelo carinho, espero que goste deste também (:
 
 LEITORES FANTASMAS:
 AIÊ LEITORES FANTASMAS LINDOS DO MEU CORAÇÃOZINHO BONITINHO *-* EU SEI, SOU BREGA :S MAS, POR FAVOR GENTE, COMENTEM, SENÃO EU NÃO SEI O QUE VOCÊS ESTÃO ACHANDO DA FIC, DAÍ EU NÃO POSSO MELHORAR D: COMBINADO?? EU SEI, SOU CHATA KK MAS ISSO É SÓ PORQUE EU AMO VOCÊS MESMO ASSIM (: E, BEM, COMO UMA AUTORA ATENCIOSA, IREI RESPODER AOS SEUS COMENTÁRIOS FANTASMAGÓRICOS:
 L.F.1 - Você gostou da fic?? Eu fico muito feliz :D comentários são aceitos, ok? Espero que goste deste capítulo também (:
 L.F.2 - Poxa, que pena que você não gostou ): Desculpa por não agradar. O que você acha de escrever um comentário para eu saber como eu posso melhorar?? Se não gostou dos outros caps, espero que goste desse (:
 E, para você, leitor que está com vergonha de comentar... NÃO FIQUE :D EU SÓ MORDO NOS DIAS ÚTEIS (fique com medo se você está lendo isso num dia útil ;D ) 
 Mas, agora é sério gente, eu não to fazendo isso porque eu quero tipo 'ÓÓÓ EU TENHO MAIS COMENTÁRIOS QUE VOCÊ!', mas tipo, eu to fazendo isso porque eu quero um feedback de quem lê, eu quero saber o que vocês acham, ok :D se não quiser escrever aqui pra todo mundo ler, tem o meu email: naahmont@hotmail.com  se você quiser, e eu respondo por lá, mesmo? Estamos todos entendidos, nenéns?? kk ok gatitos *-*
 
 Enfim, para finalizar essa N/A mais que quilomêtrica, eu quero dar dois avisos...
 *Como eu disse no comentário da Anna, eu vou postar o próximo capítulo amanhã ou depois de amanhã, ok ??
 *Eu, com a minha inteligência de um vegetal, fiz um pedido de capa. Mas eu explicarei o que eu fiz de errado *sorrisinho amarelo* eu ia pedir um design simples, mas eu acabei pedindo um design completo (: Yeah, sou burritcha mesmo. Então eu fui lá e fiz um pedido para design completo e um para design simples, e, já que eu pedi o completo primeiro ele saiu antes (: Então se vocês quiserem ajudar a divulgar a história, eu postar um capítulo só com a capa super linda que a Sunset Poison Edition fez pra mim e com as informações necessárias. E, se você é da nyah!fanfiction... *sorrisinho sedutor* o que acha de recomendar a fic, han?? Ok, ok, eu já percebi que sou normal, mas enfim, povo lindo, por favor, divulgue a fic por meio de comunidades no orkut (eu sei que ninguém mexe mais AIÊ), páginas no facebook, comentários pra amigos, marcando minha fic... Isso, claro, se você gostar da minha fic (: Enfim, obrigada e aqui acabo minha N/A hilhométrica. 
Beijos (: Se gostaram do capítulo, comentem, se não gostarem, comentem também, e se vocês acham que tigelas de um peito só vão dominar o mundo, comentem também (: (: (:
  www.acostumadacomodio.webnode.com.br   AIÊ :D

 

<-Anterior                                                              Primeiro capítulo   

Cap. 6 Coisas demais para um coração só

29/12/2011 02:13

 

N/A: SAIU? O CAPÍTULO SAIU? NEM ACREDITO QUE CONSEGUI ESCREVER =O sério mesmo, gente, eu não sabia que esse capítulo conseguiria sair antes do ano que vem. E eu demorei... É. Foi mal ,gente, sério, foi mal MESMO *-* É que esse mês foi muito conturbado pra mim: falta de criatividade, minha gata morreu, falta de criatividade, minha irmã chegou, falta de criativida, natal (aliás, Feliz Natal pra todo mundo, povo mais lindo que me lê e pra quem não lê também ;) ) falta de criatividade, viagem... UFA! Pois é, mas como vocês puderam perceber, a falta de criativida é o que mais me impediu de escrever esse capítulo pra vocês ): Mas para me redimir eu vou dar alguns presentes de Natal e de Ano-Novo pra vocês. O primeiro, que eu vou dar agora, é que eu vou poupar o tempo de vocês dando bronca em mim e eu mesma dou bronca em mim, ok? 
"Nayara, olha aqui, você ta achando que é festa? Ta achando que as leitoras são o que?" "Mas é que..." "MAS NADA! VOCÊ ACHA QUE ELAS SÃO LEITORAS DE FICAAR ESPERANDO?! COMO ASSIM? UM MÊS DE ESPERA?! COMO VOCÊ FAZ ISSO COM ELAS?! E VOCÊ AINDA PROMETEU POSTAR RÁPIDO! ISSO NÃO É COISA QUE SE FAÇA" "Poxa, mas desculpa, é que..." "É QUE NADA! ELAS MERECEM UM DRACO MALFOY SÓ PRA ELAS DEPOIS DESSE SEU DESLIZE, ENTENDEU? UM DRACO MALFOY!" "NÃÃÃO! P-por favor, meu Draquinho não!" "QUE SEU DRAQUINHO O QUE?! NEM ELE MAIS AGUENTA FICAR ESPERANDO PRA VOCÊ POSTAR O PRÓXIMO CAPÍTULO! VO TE CONTAR, VIU? É BOM VOCÊ COMEÇAR A POSTAR RÁPIDO DAQUI PRA FRENTE!" "*glup* tudo bem, eu vou postar mais rápido... Me desculpem... *Nayara abaixa a cabeça se snetindo derrotada por ter perdido numa discussão consigo mesma*"
E o outro presente eu vou falar no fim do capítulo, ok? Espero que gostem e, mais uma vez, desculpa pela demora...

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 


Me deu uma vontade súbita de rir.


 Depois me deu uma vontade súbita de chorar.


 Então me veio uma vontade muito tentadora de socar a cara dele naquele instante.


 Mas, apesar de tudo, eu estava em choque.


 Podia ser mentira o que ele havia falado, e era, mas não é todo o dia que alguém chega e fala que te ama.


 Eu estava muito ofegante. Malfoy ainda me encarava, receoso, esperando uma resposta.


 -Fala alguma coisa.


 -O que você quer que eu te fale? – Ergui uma sobrancelha debochada, mas ainda em choque – “oh, Draco! Sério que você me ama?! Oh, eu te perdôo, ok?! E, olha que mágico, eu descobri que te amo também. E tudo de uma hora para outra!” – Falei numa voz infantil e irônica.


 Ele continuou me encarando, então eu continuei.


 -Para de ser mentiroso.


 -Eu não to mentindo! Eu realmente te amo!


 -Merda, você gosta mesmo de mentir, hein?! – Falei com a voz chateada – Até quando você vai ficar repetindo isso?


 -Até você acreditar.


 -E você acha que meu cérebro funciona como? Acha que forçando a informação nele ele vai começar a acreditar? – Ele respirou pesadamente, e de repente eu senti ele jogando todo o peso em cima de mim, como se tentasse aumentar a proximidade entre nós – Droga, Malfoy, sai de cima de mim! Você é pesado!


 Ele trocou nossas posições novamente. Agora eu estava em cima.


 -Eu pedi pra você sair de cima de mim, não pra você inverter as posições.


 -Eu ainda estou em cima de você? – Ele perguntou sorrindo perigosamente. Eu apenas bufei.


 -Malfoy, o que você está fazendo? – Perguntei num tom triste e furioso ao mesmo tempo.


 -Não entendi.


 -Desde quando você me ama, hein? – Ele deu um sorrisinho convencido – E nem vem com esse sorrisinho escroto porque eu não to acreditando em você, não! Mas qual é a sua, hein? É assim, eu saio andando e você percebe que me ama? É assim, então? Gruda que ele pisa, pisa que ele gruda? – Eu tinha ouvido a Gina falar essa frase uma vez, e na hora nem me fez sentido, eu fiquei tipo ‘ahn?’, mas é diferente quando acontece com você. Você começa a acreditar, a entender.


 -Não, Hermione. – se ele repetir meu nome mais uma vez... – Quando você sumiu da minha vista pela primeira vez eu comecei a sentir algo doloroso. Uma sensação de perda. Foi horrível. Mas eu achei que não fosse nada demais, sabe? Que passaria.


 -Daí você foi se consolar com a Parkinson? E foi me xingar mais?


 -Eu fui ficar com a Parkinson para tentar tirar aquilo de mim. E eu te xinguei porque eu tinha começado a sentir algo estranho, e eu não queria sentir... Aquilo. Daí eu comecei a te xingar esperando acreditar que tudo aquilo que eu tava falando era verdade, quando na verdade não me eram nada mais do que palavras vindas de um estranho.


 Eu fiquei encarando-o. Só isso, olho no olho. E ele ficou me encarando também, como se tentasse tirar alguma informação de mim. Como se fosse ficar sabendo o que eu estava sentindo.


 Nem eu sabia o que eu estava sentindo.


 -E quando você sumiu da minha vista pela segunda vez eu... Eu só consegui ficar pensando ‘você fez merda. Vocês estavam bem, e você fez merda. Você a perdeu’. E foi horrível, porque eu percebi que faria qualquer coisa pra poder só... Te ver de novo. Poder te tocar de novo, te sentir de novo. Eu percebi que dizer adeus para você, mesmo sem palavras explícitas, tava sendo impossível. Eu nunca tinha me sentido assim em relação a ninguém.


 -Vamos supor que tudo o que você falou seja verdade. Você sentiu algo estranho e já deduziu que era amor? Já parou para pensar que era só o peso de bosta sobrecarregada dentro da sua cabeça que causou essa sensação estranha? E mais, você nunca sentiu isso. Como você sabe o que é?


  Só agora que eu notara que amor era uma coisa estranha. Era uma coisinha como uma criança sapeca. A gente acha chata, mas a gente acha essencial na nossa vida. E mais, a gente se pergunta: como eu sei que é amor? Quer dizer, como você pode dar nome a algo que você não sabe o que é? Às vezes é só um ódio enorme que causava essa sensação, sabe? Que nem água muito quente que dá a entender que está gelada, ou gelo que nos queima. Como a gente dá nome ao desconhecido? Nós sentimos um pequeno formigamento na barriga e já chamamos de amor. Eu posso chegar para uma cadeira e falar que ela é o amor. Eu posso estar triste e falar que é o amor. Agora, eu acho que talvez amor fosse aquilo mesmo que todo mundo fala. Que é amor quando você não sabe explicar. Porque o amor é mais mutante que a AIDS. Ele aparece de uma forma diferente para cada pessoa. Eninguém sabe explicar. Ninguém pode. Principalmente porque você acha que ninguém vai entender, já que nem você entende o que ta passando dentro de você mesma. Então, como explicar algo que nem você sabe o que é? Então será que é assim? Você sente algo que não sabe o que é, vem um sentimento novo que você explicar e você o denomina de ‘amor’? Será que é por isso que ele é tão incerto? Tão difícil de ser expresso? Já que ninguém sabe o que é? Será que é por isso que existem milhares de corações quebrados pelo mundo? Milhares de pessoas iludidas por aí? Porque alguém arrisca e chama algo de amor quando na verdade é apenas um gostar? A verdade é que o amor se disfarça de tantas coisas diferentes, que ao primeiro sinal de qualquer coisa nós já chamamos de amor. Porque é algo desconhecido, estranho. Será que era isso que se passava na cabeça dele?


  -Você já teve tanta certeza de algo na vida? – Ele respondeu com outra pergunta.


 -Sim. A morte. E depois a certeza de que você é um idiota. – Ele ignorou totalmente essa última parte.


 -É essa a certeza. A sensação de que quando eu falo isso eu sou a única pessoa que fala alguma verdade no mundo. É a certeza de que se eu tivesse errado eu não agüentaria mais.


 -Eu pensei que você não me quisesse. – Falei lembrando daquelas palavras que me doeram tanto a serem ouvidas.  “Numa coisa você tinha razão. Eu não te quero, mesmo” – E você pareceu tão certo das suas palavras quando disse aquilo.


 -Hermione, eu tava fingindo. Mentindo para mim mesmo, fingindo só! Eu já te falei isso! Eu só fingi para tentar me convencer de que aquilo que eu estava sentindo era algo insignificante.


 -É assim que funciona: se você consegue fingir que é alguma coisa, então você pode ser essa coisa.


 Eu me ajoelhei. Era estranho ter aquela conversa com ele em cima dele. Mas o mais estranho mesmo era estar tendo uma conversa. Não era pra ter conversa. Não era pra eu olhar pra cara dele. Mas, infelizmente, Merlin tinha me feito boa demais. Nem com uma pessoa que nem o Malfoy eu conseguia ser assim. Eu não conseguia ser que nem ele, mas ás vezes eu desejava isso. Ser insuportável e desumana que nem ele. Parece tão mais fácil.


 -Você não estava fingindo. – encarei o horizonte primeiro, depois o encarei – Vocênunca me quis, mesmo. Porque você começou com isso de graça. Você começou a me xingar e a falar um monte de coisas primeiro. Falou sozinho. Isso não é querer alguém, muito menos amar.


 -Hermione, você acha que eu fiz aquilo por querer? Porque eu não te queria? Eu só fiz aquilo porque eu vi onde eu tava pisando. Eu vi que tava começando a sentir algo que não queria sentir, e parei, como se ele nunca tivesse começado, sem nem mesmo saber que aquilo já tinha ido longe demais. Eu queria sair dali! Queria não sentir nada por você. Eu só tentei me convencer de coisas que já estavam comprovadas.


 -Mesmo se você estivesse falando a verdade... Não justifica. Tudo bem, você errou. Errou agora, errou a vida inteira. Entenda Malfoy, você não simplesmente me mandou calar a boca ou me mandou para a put* que pariu. Você não colocou um pé na minha frente ou deu um soco na minha cara. Se fosse só isso é que claro que eu perdoaria. Mas não foi só um errinho básico, foi algo... – ‘Malfólico’ completei na minha mente – Você não queria se apaixonar e me machucou, agora que descobriu que já se apaixonou decide pedir desculpas já que terá que viver com isso por enquanto. Não funciona assim. Às vezes nós erramos, e tudo o que nós podemos fazer é viver com os nossos erros. Porque você não errou só com você. Você errou com mais de uma pessoa, errou comigo por ter feito tudo o que você fez, e você não pode esperar que eu te perdoe. Sabe, chega um momento que nós está mais nas suas mãos.


 -Então será que você pode me dar uma segunda chance? – Ele perguntou depois de algo que me pareceu cinco minutos.


 -Eu nunca te dei uma primeira chance para você ter uma segunda.


 Então é o que aconteceu: eu comecei a chorar. Assim, de repente. Do nada parecia que as lágrimas eram a melhor opção para mim. Parecia que a única coisa que Merlin me oferecia era a opção de poder sofrer.


 Mas eu não tinha chegado a chorar de soluçar. Só caíam lágrimas silenciosas. Malfoy acompanhava todas elas.


 -Hermione, por favor... – Ele falou se aproximando de mim tentando limpar uma lágrima.


 -Sai...


 -Hermione, por favor, também não precisa reagir assim... – Ele falou meio culpado.


 Eu fiquei encarando-o. Quer dizer que ele também queria controlar como eu ia reagir? Quer dizer que, além de tudo eu tinha que ficar quieta no meu canto?


 -Ás vezes eu só queria fazer com você o que você fez comigo. Só pra você ver que a minha reação não foi exagero.


 Eu o fitei por um instante e depois continuei com a voz chorosa.


 -Olha... Escuta bem... – Eu me aproximei dele e ele pareceu receoso pela minha reação, mas mesmo assim ele parecia com um desejo enorme de me agarrar naquele momento e me fazer dele – Eu não te quero.


 Eu suspirei pesadamente e o observei desviando o olhar para depois me encarar de novo.


 -Dói, não dói? Mesmo que você não queira a pessoa de volta, dói. Porque ninguém quer se sentir indesejado. Ninguém quer se sentir assim.


 -E qual foi o seu caso? – ele perguntou depois de uns cinco segundos e eu demorei um tempo para entender.


 -Eu não te queria de volta. E ainda não quero.


 Doeu. Eu não sei por que, mas doeu falar que eu não queria ele. Eu não queria ele, disso eu tinha certeza, mas... Eu não sei. Alguns machucados simplesmente doem e você nem sabe por quê.


 -Quer ir com a Parkinson agora? Vá, fique a vontade. Porque ela te quer de volta.


 Ele ficou me olhando como se eu tivesse falado um insulto.


 Rá, e é claro que eu tinha falado um insulto. Fala sério, o sobrenome da menina é o nome de uma doença e ela tem cara de buldogue e se oferece para todos. O quevocê pode esperar de uma menina assim?


 -Malfoy, me diga: o que você quer? – Perguntei tentando limpar as lágrimas.


 -Você.


 -Ok. Eu também quero você e ter lindos comensaizinhos com você. – Falei sarcástica – Conta outra.


 -Eu quero você.


 -Dá pra parar de mentir?


 -Eu não to mentindo! – disse ele já estressado, mas depois ele se acalmou.


 -Malfoy, você é um mentiroso. E não importa se você mente sobre coisas boas ou ruins, não importa se você teve intenções boas ou más. Você é um mentiroso.


 -Hermione, eu quero que você me escute.


 -Pra quê? Pra você mentir de novo? Pra você me machucar de novo? Malfoy, eu tenho os meus limites, e, acredite, eu passei deles no momento em que eu comecei a conversar normalmente com você.


 -Eu quero que você me escute para eu provar o que eu sinto por você! – Ele insistiu já se estressando.


 -Provar o que sente por mim? – Repeti – Amor é que não é! Malfoy, me diga uma coisa, você está vivendo o mesmo o dia que eu, por acaso? Pelo o que eu me lembre quem afastou alguém aqui foi você!


 -Granger, você é lerda assim mesmo ou fingir que é assim é o seu novo passatempo? Eu te expliquei quantas vezes, hein? – Ele começou a se estressar e eu me assustei duas vezes. Da primeira vez eu me assustei porque ele tinha de repente mudado de novo, o que comprovava que ele sofria de uma síndrome bipolar muito raro. Da segunda vez eu me assustei por ter me assustado. O Malfoy já era assim, era de se esperar que ele ficaria estressado. Era tudo uma questão de tempo. Não era nada imprevisível.


 Mas eu me recompus.


 -Agora virou Granger, é? Você muda rápido, né? Até agora você estava jurando amor por mim e agora já mudou o rumo da conversa. Engraçado como as coisas funcionam aqui.


 -Mas você é uma teimosa!


 -Claro que sou teimosa! Ou você esperava que eu acreditasse em você?! Nós começamos a conversar normalmente sexta feira. E pelo o que eu sei, o amor não chega tão rápido. Principalmente quando o nosso relacionamento se baseava em ódio. Ou agora você virou um rebelde sem causa que quer revolucionar todos os padrões de vida? Malfoy, por favor, não fique por aí falando que ama as pessoas porque vai chegar uma hora em que alguém vai escutar e vai realmente acreditar! E torça para que não seja o Snape, se bem que... – me aproximei dele de jeito assassino – Vocês até que formariam um bom casal, sabe?


 -Rá! – Ele falou irônico – É, verdade mesmo Granger! Sério, onde eu tava com a cabeça?! Desculpe-me por confundir seus sentimentos por mim, tudo bem? – Ele falou com falsa pena como se falasse com uma criança de cinco anos – Eu sei que você me ama e tals, mas olha, eu não amo você. Eu sei, é triste não ser amada por alguém como eu... Mas eu acho que você supera, sabe?


 -Espero que eu supere, eu realmente não estava a fim de ter essa conversa com a minha terapeuta! – Gritei irônica - Eu? Amar você? Merlin me livre, Malfoy! – ah, se bem que se depender de Merlin eu já tava apaixonada por ele – Eu tenho é medode ser amada por você! Você com as suas obsessões... Imagina se um dia você decide que quer me perseguir e chama os seus amiguinhos comensais, hein? – Falei venenosa – E, sabe, ser amada por você não está na minha lista de prioridades. Eu pretendo ser amada pelo Snape antes! Oh, ele é o meu sonho de consumo!


 -Ah, não se preocupe porque os meus queridos comensaizinhos adorariam desgrudar essa cabeça gigante do resto do seu corpo!


 -Os seus comensais? Poxa, você realmente está com muita influência no lado de Voldemort. Você pretende me matar também?! Por favor, não faça isso, ainda não fui amada pelo Draco! – ele deu algo parecido com um salto no lugar.


 -Draco?- Ele perguntou meio confuso.


 Merda!


 -Esse é o seu nome, não é? Ou agora você mudou para ‘Princesinha dos Comensais’? – Eu o encarei por um momento – É, esse combina mais com você, mesmo.


 Por sorte aquele olhar surpreso dele sumiu, dando um lugar a um olhar carrancudo, e eu dei graças a Merlin por isso ter acontecido porque... Merda, ele ficava fofo daquele jeito. Tentei tirar esses pensamentos da minha cabeça.


 -Eaí? Já acabou de pagar paixão? Sabe, eu tenho muita coisa pra fazer.


 -Ah, é? Tipo o que? Ir puxar o saco do Potter, é?


 -Sabe, vale muito mais a pena puxar o saco dele do que ter que olhar pra sua cara. Olha, sabe o que eu percebi? Você se “apaixona” e se “desapaixona” pelas pessoas muito rápido. Eu quando eu digo rápido, é rápido mesmo. Quanto tempo você me amou, mesmo? – Fingi pensar por um momento – Algo como vinte minutos, não? E então, me conte. Como foi essa experiência extraordinária de amar alguém? – Perguntei erguendo as sobrancelhas, imitando o tom de repórteres curiosamente enxeridas, como a nojenta da Rita Skeeter – Ou pior, amar uma sangue ruim? Ah, ou pior ainda, amar a “Hermione”, ahn? Você vai publicar isso no seu próximo livro, antes do capítulo com seus lances amorosos com a Parkinson? E quem é a sua próxima vítima? Por favor, que não seja o Voldemort. Sabe, eu acho que ele tem uma paixãozinha pelo seu pai, então não se iluda assim. Aliás, como vai indo a vida dele na cadeia? – Perguntei fingindo interesse – Ele anda mandando muitas florzinhas pra você?


 Sim, eu peguei pesado. Eu sabia como era meio difícil essa coisa de família para ele, mas, pelo amor de Merlin! Que menino escroto.


 -Ah, não se preocupe com a vida do meu pai na cadeia que ele já saiu de lá faz muito tempo.


 Meu sangue ferveu. Harry tinha colocado aquele projeto de Barbie na cadeia duas vezes. Eu não acho que ele conseguiria uma terceira.


 -Ah, claro que ele fugiu. Ele queria te ver no seu vestidinho no Baile de Inverno, não é mesmo? – Perguntei tentando ser irônica, tentando camuflar a minha raiva, mas acabei falando entre dentes.


 -Ah, vai cagar, Granger!


 -Não estou muito a fim de produzir outros da sua espécie.


 -Olha quem fala. Granger, você é a própria bosta falante!


 -Pelo menos eu não fico falando que amo os outros.


 -VOCÊ VAI FICA REPETINDO ISSO ATÉ QUANDO? – Malfoy se aproximou de mim. Nossos narizes quase se encostando.


 -ATÉ VOCÊ PERCEBER QUE FAZER ISSO É INCRIVELMENTE IDIOTA!


 -O QUE É QUE TA ACONTECENDO AQUI?! MALFOY DÁ PRA VOCÊ SAIR DE PERTO DA HERMIONE?!


 O que o Harry fazia lá? Nojenta Parkinson estava parada ao lado dele, mas numa distância considerável. É claro que eles não queriam ficar perto um do outro. 


 Até que parte será que eles ouviram?


 -Aaaah, o-oi Harry. Tudo bom? Desde quando você está aí? – Perguntei nervosa enquanto me levantava e andava para perto de Harry, mas não tão perto assim. Malfoy se levantou também e ficou na nossa frente.


 -O suficiente pra ter vontade de esmagar a cara dele em bosta de hipogrifo.


 -Precisa de proteção, Granger? – perguntou Malfoy debochado.


 -Eu não preciso de proteção! – gritei para Malfoy e depois me virei para Harry – Eunão preciso de proteção! E o Malfoy não me é nenhuma ameaça.


 -Claro que não sou! Não me atreveria chegar tão perto de uma sangue-ruim. – Ele falou com desprezo.


 -Ah! Não chegaria? – Harry falou com ironia – E onde é que você estava agora?


 -Então a minha proximidade com a Granger te irrita? – Ele perguntou de modo irritante vindo na minha direção – Se você soubesse quão perto eu já cheguei dela, começaria a sair bosta desse buraco na sua testa, Potter. – graças à pequena sorte que eu tenho, Harry não entendeu o que ele tinha falado. Ou apenas tinha entendido como uma provocação comum entre inimigos.


 Pansy começou a rir escandalosamente quando ele disse isso, mas parou no momento em que Malfoy colocou aquelas mãos nojentas na minha cintura.


 E o que eu fiz? Eu gelei. É, gelei. E o contato da sua pele com a minha não ajudou em nada, já que eu senti o já tão conhecido arrepio na espinha. Eu fiquei que nem uma idiota, encarando todos. E eu nem podia pedir para Merlin para que aquele momento acabasse, porque eu sabia que seria o mesmo de dizer ‘Merlin, por favor, deixe esse momento durar para sempre’. Então eu fiz o que eu faço de melhor. Me fiz de idiota. É, porque alguma dádiva Merlin tinha que me dar. Mesmo que fosse o estúpido ato de se fazer de idiota.


 -Tira. A. Sua. Mão. Dela. – Disse Harry entre dentes.


 -O que você vai fazer se eu não tirar minha mão dela? Vai chamar sua mamãe? – Malfoy riu maldosamente antes de continuar – Ah! É mesmo... Ela está morta. Como deve ser a vida de uma sangue-ruim finalmente morta? – Aquilo não ia acabar bem.


 -E como deve ser a vida dos seus pais na prisão? – Ah, mas não ia acabar bemmesmo!


 -Você quer dizer fora da prisão, não? Sabe, não é como se uma testa rachada ambulante conseguisse colocar meus pais em Azkaban.


 -Seu filho da... – Harry avançou no Malfoy, que delicadamente me empurrou no chão antes de partir para cima de Harry.


 Eu fiquei no chão observando a briga. Eu não sabia quem batia em quem, quem xingava o que. A minha única certeza era que eu não estava gostando daquela briga.


 -Parem vocês dois! – Tentei gritar enquanto me levantava, mas nenhum deles me ouvia – Vocês parecem dois animais brigando! – Eles continuavam brigando, me ignorando totalmente – Vocês têm suas varinhas no bolso, sabe? –– Sabem? Uma varinha! – Gritei balançando a mão como uma idiota, tentando imitar o movimento de alguém usando uma varinha– Artefato mágico que executa feitiços que realmente podem doer e... Ah! A propósito vocês têm tal artefato mágico! – Eles não me escutavam – E vocês podiam usá-la para duelarem que nem bruxo de verdade! – não que eu quisesse uma briga entre os dois – Vocês querem fazer o favor de me ouvir?! – Me aproximei deles e entrei no meio da briga já estressada – É BOM VOCÊS PARAREM COM ESSA PORR* AGORA, SEUS DOIS ANIMAIS! E VOCÊS PODIAM SER CIVILIZADOS PELO MENOS DE VEZ EM QUAN...


 Eu levei um soco na cara.


 Sim. Um soco. Na minha cara. E eu não sei como eles faziam nos filmes, mas eu não via um jeito de ficar em pé sem ver uma apresentação de estrelas dançantes na minha frente. E eu só podia ser muito frágil mesmo – o que não devia acontecer, já que eu já tinha sofrido dores bem piores – porque estava doendo. E muito. Mas é óbvio que nos filmes é diferente. Tudo é diferente nos filmes. Tudo é mais fácil. Se eu quisesse fingir um machucado eu podia muito bem comprar um maldito sangue-falso. Mas, não. Nós não estávamos num filme. E, sim, eu realmente estava sentindo dor. E não era pouca, não.


 Agora, quem tinha sido o filho da put* que tinha me acertado? Sério, quem me acertou estava com muitas minhocas cagantes cobrindo os olhos, porque é simplesmente impossível alguém não enxergar esse ninho que falam que tem em cima da minha cabeça. Então é assim, né? Quando é pra me xingar todo mundo fala do meu cabelo, mas quando é pra me acertar na cara ninguém vê esse meu “cabelinho”.


 -Hermione, você ta bem?  - Harry perguntou preocupado finalmente parando com aquela briga.


 Ah, agora ele percebe a minha presença?


 -Merd*... – murmurei num tom inaudível.


 Por que estava doendo tanto? Sério, até o momento em que eu me lembre eu não fui feita de vidro, e minha pele tinha algo chamado resistência. Coisa que parecia ter se acabado no momento em que aquela mão pesada acertou o meu rosto, que já não era lindo.


 -Olha, eu só queria que vocês não se matassem. – Continuei num tom um pouco mais alto e num mais leve – Se vocês não queriam ouvir a minha opinião... Ai... – Passei a mão na minha bochecha que tinha sido atingida – Pra mim não tem problema, mas também não precisavam dar um soco na minha cara.


 -Hermione, desculpa! – Harry implorou – Eu ia acertar o idiota do Malfoy e acabei acertando você, mas não foi minha intenção, desculpa!


 -Foi você?! – Perguntei surpresa – Bem, aqueles anos de quadribol te fizeram muito bem. – Murmurei comigo mesma.


 E fizeram mesmo. Eu pensei que Malfoy tivesse me dado um soco. Tinha sido forte demais pra ter sido da autoria do menino outrora magricela.


 -Por que a surpresa? – Ele perguntou levemente constrangido. É, pelo jeito ele tinha escutado a minha pequena confissão pessoal – Você acha que eu não consigo bater em ninguém?


 -N-não, não é isso! – Falei envergonhada por ele ter ouvido o que eu tinha falado – É que eu não achei que você conseguisse bater em mim.


 Ele ficou me encarando sorrindo meio envergonhado e eu o encarei também, tentando sorrir. De repente todo o meu esforço para sumir foi embora, mas eu não precisava daquilo mesmo.


 -Eu vi o que você está fazendo aqui. – Falei com um tom totalmente diferente do tom antes usado.


 -O que eu to fazendo? – Ele perguntou confuso.


 -“Você está mudando para o lado do mal!” – Falei tentando numa tentativa inútil de inventar sua voz – “Malfoy está fazendo sua cabeça”


 -Merlin me livre! – disse Malfoy se intrometendo. Como esse animal ainda tinha decência de continuar lá?  – Tenho certeza que ninguém do lado do Voldemort gostaria da presença de algo tão sujo que nem você.


 -Que coincidência! – Falei ironicamente sem encará-lo – Também falaram que não queriam algo tão nojento que nem você em Hogwarts, mas você continua com essa teimosa insistência de ainda pisar nesse terreno.


 -Hermione, eu já pedi desculpas. – Falou Harry ignorando essa pequena discussão entre Malfoy e eu.


 -Desculpas pelo soco na cara ou desculpas por aquela acusação? – Perguntei estressada levantando uma sobrancelha com dificuldade.


 -Pelo soco... Pe- pela acusa... Por tudo. – Ele veio me dar um abraço, mas eu o afastei.


 -Harry... O que você pensa que está fazendo? – Perguntei um pouco mais estressada – Você me pediu desculpas. Eu não tenho nenhuma obrigação de aceitar suas desculpas agora.


  -Eu já ouvi isso antes... – Malfoy falou consigo mesmo, mas, infelizmente, todosnós ouvimos, o que me fez arregalar os olhos, e isso não foi uma das melhores coisas que eu podia ter feito no momento, já que Harry me encarou com um olhar acusador, mas mesmo assim ele respondeu ao Malfoy


 -Se ouviu é porque estava se intrometendo onde não foi chamado, já que você nunca pediria desculpas para... Para ninguém. – Ele disse entre dentes.


 -O que te faz pensar que sabe tanto sobre mim? – Malfoy perguntou desdenhoso.


 -Ver a sua cara por todos esses anos e ver o jeitinho que você grita pedindo ajuda ao seu papaizinho foragido me dá uma pequena noção das suas atitudes.


 -Olha, parem os dois. Malfoy, some.


 -Olha como você fala com ele. – Disse Parkinson se pondo na frente de Malfoy.


 -Eu realmente devo estar doente, porque eu já tinha parado de sentir esse seu cheiro de bosta e, graças a Merlin, já tinha esquecido da sua presença.


 -E com certeza o Potter tinha esquecido de como a sua cabeça era gigante por ter conseguido acertar ela e falar que foi sem-querer.


 -Parkinson, se você gosta da sua cara feia do jeito que ela é, aconselho que vocêcale a boca!


 E não é que a vadia calou a boca?


 -Então a sangue-ruim acha que tem moral sobre a minha pessoa? – Perguntou Malfoy naquele tom que eu odiava.


 -Rá! Não é preciso ter tanta moral para isso. – Falei debochada e assassina.


 -Hermione, eu quero falar com você. Sozinha. – pediu Harry.


 -Vocês vão fazer o que sozinhos? Vão discutir a relação, por acaso? – perguntou Malfoy debochado, seguido de risadinhas de Parkinson.


 -Menina, você tem algum problema na garganta ou você não consegue falar nossa língua e tenta demonstrar isso com essas risadinhas? – perguntei estressada me virando pra nojenta.


 -Então, Hermione, vamos? – perguntou Harry tentando ignorar os comentários alheios.


 -Você não vai a lugar nenhum sem a minha companhia. – falou Malfoy naquele tom que eu lembrava muito o Draco do primeiro ano. Draco? Eu quis dizer Malfoy. Por favor, Merlin, limpe minha mente de possíveis danos causados pela menção desse nome.


 -Malfoy, se você não me quer, tem quem queira! – deixei escapar estressada.


 Merlin, se você me colocou nesse mundo por engano, eu sugiro que você abra o chão agora mesmo e me deixe cair lá dentro. Sei lá, manda um hipogrifo passar por aqui para cagar em cima de mim, até que eu não seja mais visível a olhares mortais. Traga Voldemort pra mandar um crucio em mim até que todos se esqueçam do ocorrido. Mas POR FAVOR, não me deixe saindo por aí falando essas coisas. Eu não preciso de mais humilhação.


 Ah, mais uma coisa que você podia ter feito era ter mandado amigos demasiado burros. Pff, “amigos”. Podia ter mandado pessoas mais lerdas, quero dizer, mais lerdas ainda, porque até a Nojenta Parkinson percebeu que algo não estava normal lá. Ah, quer saber?! Podia não ter me mandado ninguém. É, ou se você achasse que eu ficaria muito sozinha podia ter me mandado aqueles bichinhos invisíveis que a Luna tanto fala. Eles pelo menos não fariam essa cara confusa que Harry está fazendo, ou não estariam engolindo em seco fazendo olhares mesclando vergonha, espanto, raiva e censura, resultando num olhar um tanto engasgado para mim vindo de Malfoy, ou essa cara de put*desentendida que a Nojenta Parkinson ta fazendo.


 E a minha cara de ‘put* que pariu, falei merda’ era, claro, a mais linda de todas.


 -Ahn... É, quero dizer... – falei rapidamente tentando mudar de assunto, e depois simulando uma cara brava – Malfoy, desde quando você decide o que eu posso ou não fazer? Você não tem nenhuma autoridade sobre mim. – virei a cara para tentar simular exatamente uma briga. Talvez eles pararem de pensar na merda que eu tinha acabado de falar.


 -Como assim “se você não me quer”? – Perguntou aquela doença ambulante.


 Sério, qual a utilidade de um ser como esses na face da terra?! Como deixaram uma coisa nojenta como ela entrar aqui? Ela não faz exatamente porr* nenhuma, a não ser que considerem o escroto ato de passar maquiagem que nem aquelas put*s de esquina, agir que nem uma put* de esquina, e dar risadinhas que nem uma put* de esquina algo de ‘útil’ na Terra.


 -Talvez eu não tenha autoridade por você, mas a diretoria tem, e eles adorariam tirar os seus 70% da nota. – eu fechei a cara de verdade dessa vez – Apesar de ser do meu total contragosto ter que passar todo esse tempo com você – ele completou enojado.


 Me machucou, e era horrível saber que na nossa vida tudo podia mudar de uma hora para outra. Apesar de todo esse nosso pique-esconde não ter durado tanto tempo ainda, eu estava cansada. Cansada de passar do ódio à... Seja lá que merda de sentimento que nós sentíamos. Antes ele tinha um ódio especialmente dedicado a mim, de repente ele começa a querer passar o tempo comigo e diz coisas lindas demais para serem ditas por ele. Então ele se mostra o perfeito canalha que é, depois me pede desculpas e diz que me ama. Tudo no mesmo dia! Então, na mesma hora, diz que era tudo mentira e que nunca se apaixonaria por alguém como eu.


 Alguém como eu.


 Como seria alguém como eu?


 E será que eu era tão difícil assim de se apaixonar?


 Não que eu queria que Malfoy gostasse de mim.


 É óbvio que eu não queria.


 -Você fala como se eu estivesse adorando passar meu tempo com você! – falei com desgosto.


 -Alguém pode me explicar a parte do “se você não me quer?” – indagou de novo aquele... Ser inutilmente aputeada.


 Harry continuava confuso diante toda aquela situação. Isso só mostrava que Merlin não era de todo ruim.


 -Quem não adoraria passar o tempo comigo?! – Malfoy tentou manter o tom confiante e convencido, mas eu, que sabia da situação que estávamos passando, percebi um pequeno desespero de sua voz, como se tentasse fazer Parkinson calar a boca.


  -Por que Malfoy iria querer você? Por que alguém iria querer você?


 -Porque eu não sou uma put* que nem você! – gritei já estressada – Agora dá pra você calar a boca? A gente já ouviu o seu comentário com direito a opinião três vezes! Eu, diferente de você, não tenho tanta bosta na cabeça que dificulta o maravilhoso ato de pensar, e o útil ato de escutar! Se alguém me quer ou deixa de me querer, suspeito que não seja da sua conta, certo? Ou até na vida alheia você quer se meter?


 Todos ficaram em silêncio e eu senti todos os olhares em cima de mim. Infelizmente, também senti o meu rosto corar furiosamente. Como eu pude me expressar desse jeito? Eu falei como se nós fossemos namorados, e ele não me quisesse mais. Falei como se eu fosse uma ex-namorada tentando se iludir e mostrar autoconfiança usando o típico papo de “se você não me quer tem quem queira”. Falei como se me importasse.


 Então Harry quebrou o silêncio com o que eu menos queria ouvir:


 -Mas por que Malfoy iria te querer? – os olhos tinham um brilho estranho. O brilho de um menino de seis anos decepcionado e magoado – Não que o problema seja em você, mas o problema é o Malfoy. E o simples fato de ele nunca querer alguém de verdade.


 -Ei! – protestou Parkinson numa mistura de orgulho e ofendida – Ele me quer, acho que isso quebra todas as suas teorias!


 Todos nós seguramos o riso. Malfoy não me queria mesmo, mas ele também não queria a Nojenta Parkinson. Mas, na verdade, o tom que ela usou para falar aquelas palavras me deu pena. Porque, apesar de ser realmente tosco, o Malfoy conseguia causar essa merda nas meninas. Ele conseguia causar essa sensação de que realmente é desejada. Mas eu até que era esperta e não era oferecida como ela, então eu não caí tanto nessa. Para ela qualquer oportunidade seria algo realmente grandioso.


 Malfoy me mandou um olhar totalmente significativo. Era muita coisa para eu identificar, mas eu tinha certeza que em parte o olhar queria mostrar a virilidade dele. Eu não sei, algo como se precisasse mostrar que ele sempre tinha meninas em volta dele, mas também levava uma certa demonstração do ciúmes que eu devia sentir. Mas eu não senti ciúmes, eu senti é muita raiva.


 -Quer saber, Harry? Eu to cansada de toda essa conversa entre os dois. Realmente, Parkinson, o Malfoy deve mesmo te querer, mas eu não vejo isso como um motivo para ficar feliz. Vamos, Harry, eu to mesmo precisando conversar com alguém que tenha um nível mais alto, só para variar.


 O Malfoy pareceu um pouco surpreso, mas eu realmente não sei o motivo, já que é óbvio que eu não teria um ataque de ciúmes. Aliás, eu já tinha falado muita bosta hoje, eu não precisava continuar fazendo isso na frente deles.


 Fui andando na direção de Harry e o segurei pela mão. Eu vi que Malfoy ia protestar algo, então eu aproveitei o momento em que eu passei do lado dele e sussurrei em seu ouvido.


 -E aproveite esse tempinho para acertar as contas com a Nojenta aí.


 Ele não protestou nada depois disso. Mas eu não sei, eu acho que meu cérebro funcionaria melhor se ele tivesse falado “Granger, você é uma sangue-ruim que tem bafo de hipogrifo”. Mas não, ele ficou com aquela merda de mania de ficar com aquele olhar intimidador pra cima de mim.


 Claro que meu cérebro podia ser menos filho da put*. Ele podia muito bem mandar aquela simples mensagem que faz meus pés continuarem andando para longe dele. Mas meu cérebro era demasiado preguiçoso, e se desmanchava junto comigo diante daqueles olhos, ora azuis, ora cinzas. E a ausência daquela ordem para os meus pés, resultava nessa minha pessoa inútil, envolvida naquele olhar penetrante.


 O olhar levou um ar convencido diante essa minha cena estúpida de ficar caidinha no olhar dele.


 A sorte era que, se eu não tinha meu cérebro para me tirar dessa situação ridícula, eu tinha o Harry. Sim, porque parece que ele tinha percebido essa minha ‘pequena cena’ e apertou minha mão. Acordei do meu transe.


 -Vamos, Harry... – mas antes de sair eu completei – Você vai continuar por aqui, Malfoy?


 -Preocupada por onde eu ando, Granger? – ele perguntou com um sorriso perigoso.


 -Hm... – crispei os lábios – Claro que não, é só que... Eu quero a minha nota.


 -Bem, se tanto te preocupa por onde eu ando – ele falou num tom um tanto quanto sapeca, um tanto quanto arrogante, ignorando totalmente a minha resposta anterior – Eu pretendo... – ele olhou para Parkinson de um jeito safado. Safado demais para o meu gosto. E a retardada ainda deu uma risada cúmplice, como se ninguém tivesse entendido o que estava acontecendo, como se aquele momento ‘olharzinho safado’ fosse algo exclusivo deles – Ficar aqui com a Pansy.


 Eu apenas bufei e continuei andando.


 “Não bufe, Hermione. Não demonstre emoções”. Tudo o que eu precisava era de você, Consciência. Agora você aparece, né? Quer uma dica, some!


 Sim, para mim era perfeitamente normal conversar com algo que eu chamo de Consciência. Algo que não anda me ajudando... Bem, nunca.


 Mas já que eu não tinha ninguém para conversar, eu conversava comigo mesma. Porque eu me entendia, eu sabia da minha vida, eu sabia as minhas intenções, eu não tinha que me explicar para mim mesma porque eu simplesmente... Sabia. Eu não podia simplesmente chegar na Gina e falar “ei, eu dei troquei uns amassos com o Malfoy. Não, eu não bati nele nem nada, na verdade, eu gostei. E não vou mentir que eu não gostei”. Em uma conversa comigo mesma eu podia contar os fatos e contar a minha opinião e até trocar umas idéias comigo mesma. Eu não precisava esconder nada de mim mesma, eu não precisava mentir. Sim, eu podia fazer isso com uma pessoa que não dividisse os mesmos genes que eu, mas eu ainda me sentia totalmente confortável em ter altos diálogos comigo mesma. Eu achava fascinante. Gina era uma ótima amiga, talvez a melhor amiga que eu tinha que tinha genes diferentes do meu. Mas ela ainda não tinha ido tão longe. Eu não contaria com ela para ter conversas no meio da noite e da chuva, para contar algo meu, algum segredo obscuro, talvez só porque eu tivesse a vontade repentina de contá-lo. Não, eu contaria comigo mesma. Eu era minha melhor amiga. Talvez isso ocorresse porque eu não tinha total confiança no mundo. Eu não tinha ainda confiança em ninguém para contar o que acontecera com o Malfoy, e acho que não contaria para ninguém tão cedo.


 -Hm, Hermione? – perguntou Harry um tanto receoso e balançou nossas mãos e, mais que imediatamente, eu puxei a minha e o encarei com uma cara assustada.


 -Desculpe, Harry. – meu rosto se suavizou.


 -Ahn, tudo bem.


 Nós ficamos em silêncio. Eu dei uma observada para ver onde estávamos. Bem perto da Floresta Proibida. Talvez estivéssemos dentro dela. Mas eu não me importava, não mais. Não depois do segundo, não depois de todas as nossas aventuras juntos.


 -Hermione, o que foi tudo aquilo que aconteceu no meio da nossa... Discussão? – ele indagou um pouco envergonhado.


 -Aquilo o que? – engasguei na minha própria saliva, e após isso acontecer eu entendi o quão idiota eu era.


 -Aquelas... Indiretas do Malfoy.


 -Não houve indiretas. N- não mesmo.


 -Ah. – ele suspirou cético – Claro que não houve. Comentários do tipo ‘Se você soubesse quão perto eu já cheguei dela, começaria a sair bosta desse buraco na sua testa’, aquele momento escroto em que ele falou como se ele já tivesse pedido desculpas para você, e, claro, aquele seu ‘se você não me quer tem quem queira’ foram tudo uma obra da minha cabeça. Não significa nada. Aliás, que comentário foi aquele?


 -Harry. Eu sou uma pessoa idiota. Você tem que entender que tudo o que eu falo e faço é idiota.  – Expliquei suplicante.


 -Você não é idiota. É uma das pessoas mais inteligente que eu conheço. – ele deu um passo se aproximando de mim – Na verdade, a mais inteligente.


 -E o que você acha que ta rolando entre Malfoy e eu, então? – perguntei jogando todas as palavras num sufoco enquanto dava um passo para trás discretamente.


 Minha pequena ‘fuguinha’ teria saído melhor se eu não tivesse tropeçado num galho de árvore que estava no chão. Eu poderia ter caído no chão, a queda não seria tão dolorosa, mas Harry pensava diferente. Obviamente ele achava que se eu tivesse uma queda de no máximo trinta centímetros eu perderia o braço, seria comida por um lobisomen, Voldemort me atacaria e... Enfim, o fim do mundo aconteceria para ele, só podia, porque ele me segurou numa urgência e numa precisão... Não parecia o Harry obcecado em Voldemort. Na verdade, parecia um Harry obcecado em mim.  


 A nossa posição não estava das melhores. Eu estava numa espécie de cambrê desajeitado, o cabelo bagunçado em cima do rosto. Harry tinha uma mão na minha cintura e outra nas minhas costas e estava um pouco curvado por cima de mim.


 Ele olhou nos meus olhos. Olhou de um jeito que nenhum menino olhou para mim. Ele direcionou o olhou para minha boca e começou a ficar um pouquinho ofegante. Meu coração se acelerou um pouco, mas eu queria sair dali. Eu só fiquei por um motivo.


 Eu me lembrei daquela sensação. Aquela sensação de desejar alguém e não ser recíproco. Essa vontade de ter alguém nos braços. Eu sei, eu já tinha sentido tudo isso... Com o Harry.


 Sim, eu, Hermione Granger, típica menina no típico caso de apaixonite pelo melhor amigo. Apaixonite que durou três anos. Ah, os piores anos da minha vida aconteceram por causa dessa merda de sensação. Do segundo ao quarto ano eu senti aquilo. Eu sabia que não era amor. Talvez fosse um gostar mesclado com a vontade de ter a pessoa para sempre. Mas eu não o amava dos dois jeitos. Só o amava como amigo. Eu não conseguia ver um jeito de amar alguém como amigo e também amar desse outro jeito. Ou talvez não via um jeito de amar o Harry assim. Mas no quarto ano eu caí na real. Até lá eu tinha esperanças de que nós podíamos ficar juntos, mas então eu vi que apesar de ele ter me olhado de um jeito especial no baile, ele não correu atrás de mim e não demonstrou interesse. Não mostrou sinais de que me queria. E eu, esperta e orgulhosa, desisti. E, sabe, aos poucos, você consegue. Parece impossível porque você não se imagina numa realidade em que você não suspira toda vez que a pessoa passa. Mas isso passa, e com tempo você esquece. Mas eu tinha medo. Medo de cair nessa de novo. Eu me proibia de pensar nisso, para não sentir isso de novo. Me colocava numa distância segura para não acordar todos esses sentimentos que estavam adormecidos dentro de mim. Prontos para ferrarem com a minha vida. Eu tentava não me lembrar de tudo que eu fiz o maior esforço para esquecer.


 Harry foi se aproximando e tirou a mão que estava na minha cintura e tirou o cabelo do meu rosto.


 Então era isso? Será que era realmente o que eu esperava? Todo o meu sonho de felicidade finalmente concebido, só que mais tarde? Eu devia estar me sentindo ansiosa e feliz, certo? Certo?


 Errado. Eu sentia medo. Talvez eu estivesse um pouco ansiosa e feliz, mas eu estava sentindo medo. Como assim?! Meu melhor amigo prestes a me beijar. Antes ele era tudo o que eu queria, tudo o que eu mais desejava, mas agora eu não o desejava tanto assim. Na verdade, eu nem sabia mais se eu o desejava. Mas, enfim, eu estava com medo de estragar tudo. Eu não podia não beijá-lo, isso o deixaria triste e as coisas ficariam muito tensas e estranhas. Se eu não o beijasse eu o iludiria e o clima ficaria estranho.


 Mas quando eu mais preciso, o meu cérebro parava de funcionar. O meu incrível dom de sair de situações constrangedores sumia.


 -Harry... – murmurei um pouco aflita – N-não...


 Ele engoliu em seco, mas continuou certo do que iria fazer. Para o meu azar.


 Mas, para a minha sorte, quando ele se aproximou mais ainda, prestes a me beijar, nós ouvimos um barulho. Um barulho estrondoso vindo da floresta nos assustou. Era realmente muito alto, muito... Animalesco.


 Eu não sei quando nem porque eu achei que ouvir um barulho era uma sorte. Ainda mais vindo da Floresta Proibida. Ingenuidade a minha achar que era algo bom. Obviamente não era. Eu preferia que Harry tivesse me beijado, eu preferia mil vezes ter que explicar para Harry e para todo mundo porque eu tinha deixado ele me beijar sendo que eu não tinha nenhuma intenção com ele. Preferia isso a ter que agüentar a minha ‘quedinha’ na lama e ter que ver o que estava atrás de nós.


 Eu não sabia se era Aragogue, mas definitivamente aquela “arainha” era uma acromântula.


 Eu estava no chão, Harry tinha me deixado cair no susto, e só então eu percebi o laguinho de barro que se encontrava atrás de mim.


 -Hermione... – sussurrou Harry estendendo a mão para mim – Vamos embora daqui.


 -Harry, o que é isso? – perguntei assustada sem tirar os olhos daquela criatura. Rony não gostaria de estar aqui.


 Sem dúvida era a maior acromântula que eu já vira na vida. Os olhos tinham um brilho assassino e obscuro. As patas podiam me esmagar numa pisada só, resultando num mingauzinho de Granger: próprio para gatos felpudos. E as presas. Ah! Eu preferia nem olhar, eu não queria imaginar a cena daquela presinhame mastigando.


 -T-talvez ela só queira brincar. – Ele falou num riso nervoso, tentando acalmar a situação.


 O animal rugiu.


 É. Ele não estava para brincadeiras.


 -AAAAAAAAAAAHHHHHH!!! – gritei quando o animal deu um passo na nossa direção.


 Eu era um fracasso. Sim, um fracasso dos grandes. Na minha tentativa de sair correndo para um lugar qualquer eu escorreguei na lama, e já que Harry estava segurando a minha mão, ele caiu junto comigo. É, uma cena muito cômica, se não tivesse uma aranha bem na nossa frente, pronta para nos atacar.


 Me apoiei no Harry para levantar. Ele levantou junto e se postou do meu lado, a varinha já nas mãos.


 Peguei uma pedra e joguei no animal.


 Muito inteligente, Hermione. Pensei.


 -Muito inteligente, Hermione. – Harry virou para mim e disse num tom sarcástico, provando que meus pensamentos nem sempre eram tão absurdos e que mais pessoas pensavam que nem eu.


 Eu não tinha tempo para responder, então apenas peguei a mão de Harry e nos aprofundei na floresta, aproveitando que o animal estava atordoado.


 Nos escondemos atrás de uma pedra, mas nossa segurança não duraria muito e eu sabia disso. A aranha se aproximava de nós, e eu só conseguia pensar em me encolher para não ser vista.


 -Hermione, escuta, quando aquilo chegar mais perto você corre. – sussurrou Harry quando viu que a aranha estava se aproximando.


 -Corro pra onde? – perguntei no mesmo tom, mas um pouco mais aflita.


 -Pra escola, eu não sei, avise alguém.


 -Isso, Harry. Que idéia brilhante! – falei irônica – Como eu não pensei nisso antes? Eu posso aproveitar e levar a aranha, que com certeza vai me seguir, pra jogar um xadrez de bruxo. Ah, e por que eu não aproveito e digo para Snape que eu estava na Floresta Proibida que, a propósito, é proibida!


 -Shhh, fala baixo – ele me alertou, cobrindo minha boca com a sua mão. Estávamos muito perto e ele pareceu perceber isso.


 -Harry... – murmurei aborrecida sentindo meu coração saltitar – Não estamos no momento para isso, você não acha não?


 -Momento para o que? – ele perguntou antes de se aproximar totalmente de mim e...


 Não me beijar.  


 Por algum motivo eu queria que a aranha não tivesse nos visto.


 Ah, além de que, obviamente, não estava nos meus planos ser atacada por uma aranha.


 Mas o Harry fez o brilhante trabalho de acordar um sentimento dentro de mim que não devia ter acordado. Que devia ter morrido no momento em que eu o vi olhando de um certo jeito para Cho Chang. Devia ter morrido quando meu orgulho falou mais alto.


 Mas não. Nada dentro de mim quer morrer. Nada que eu queria morria. Nada que poderia atrapalhar minha vida cada vez mais morria.


 -Hermione, corre! – gritou Harry enquanto me puxava pela mão.


 Eu fiz o que ele mandou, e posso dizer que fiz muito bem. Parecia que o meu cérebro podia não ser tão fdp assim.


 Eu queria atacar aquele animal, mas eu era totalmente contra a violência em animais, mas ou era ela, ou era eu. E eu sentia que sentiriam mais falta de mim do que daquela aranha estupidamente grande.


Então me veio um pensamento. Acromântulas deviam falar. Pelo menos as adultas. Aquela não falava e nem pensava como uma acrômantula adulta, mas tinha o tamanho de uma. Ou ela havia sido enfeitiçada, ou ela comia alguma ração especial, mas algo era certo. Ela não havia nos atacado por acaso. Não foi um acidente ela estar lá no mesmo momento que a gente. Nós estávamos dentro da floresta, mas não estávamos tão aprofundados assim. Ela não devia estar lá. Devia estar nos lugares mais escuros da floresta. Tinha alguém por trás disso. Alguém que não queria pregar uma simples peça.


 -Harry! – gritei apontando para um pequeno espaço onde podíamos nos esconder.


 -Estupefaça! – ele gritou antes de me empurrar no local sugerido.


 Contei para ele o que eu estava achando de tudo isso.


 -Eu também acho... – ele falou meio ofegante meio rouco – Não é normal. Todas as acromântulas aqui de perto são filhas de Aragogue... Elas não andam por aqui. Temos que dar um jeito nela.


 -Como a gente... Mata ela?


 -Eu não sei. – Ele falou em um tom um tanto quanto derrotado enquanto dava uma olhada para ver onde ela estava – Ela foi embora.


 Realmente estava muito quieto. Eu o encarei com o cenho franzido em sinal de dúvida. Ela não iria simplesmente embora de repente.


 E não iria mesmo.


 -AAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! HARRYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY!! – a maldita me pegara pelas pernas e agora me arrastava. Eu tentava me segurar em qualquer coisa sólida e firme. Todos os galhos se quebravam. Merlin realmente me amava.


 -HERMIONE!! ESTUPEFAÇA! EXPELIARMUS! – Harry tentava acertar a aranha de forma desesperada, mas um dos feitiços acabou me acertando, imobilizando meu braço esquerdo.


 -HARRY, SEU IDIOTA! – gritei com as forças que eu ainda tinha. Minha visão foi ficando turva. 
Minha cabeça tinha batido numa árvore. Infelizmente a visão do meu epitáfio na minha mente era bem clara.


 A bicha inútil me pegou pela capa e começou a me girar de um lado para o outro. Eu sentia como se minha cabeça fosse se desgrudar do meu corpo. Não era uma sensação que você gostaria de sentir numa situação dessas. Na verdade, não era uma sensação que você gostaria de sentir nunca.


 Minha varinha, por algum milagre não de Merlin, ainda estava no meu bolso. Eu sabia que feitiço usar. Se eu conseguisse pegá-la eu poderia ficar salva. Mas eu sabia que era mais fácil eu tentar gritar para Harry o feitiço e correr o risco de perder minha língua, ou tentar pegar minha varinha e correr o risco de perder meu braço e minha língua. Preferi a primeira opção.


 -H-ha, aaaaah!!! Petr-petrifi... – engoli tudo que tinha que engolir e soltei tudo numa vez só – PETRIFICUS TOTALUS!


 A minha sorte é que eu estava com alguém mais rápido, como Harry – bem, não tão rápido para não pensar num feitiço simples como esse, mas quem pensaria em algo numa situação dessas? – mas eu podia estar com o Rony. Imagine o Rony numa situação dessas?! No mínimo ele pensaria que era para jogar rouba monte com aquela escrota com presas.


 O meu azar é que a aranha não achou muito legal da minha parte falar numa situação dessas. Mas ela achou que seria muito divertido me balançar ainda mais para ver se a minha cabeça era de fato retirável. Eu ouvi um grito em algum lugar qualquer e a acromântula parou.


 Parou e não me soltou.  Eu fiquei presa no alto, minha visão finalmente voltava ao normal. Eu já podia diferenciar verde de marrom agora. Eu consegui ver algo no pescoço da acromântula, se é que aquilo era um pescoço. Como se fosse uma coleira, mas era algo mais nobre que isso.  Mas agora eu não estava no tempo de identificar nada. Eu sentia vertigens e uma vontade desesperadora de cair.


 Mas como é que dizem, mesmo? “Cuidado com o que deseja, pois você pode conseguir”. Harry lançou algum feitiço qualquer na garra que me segurava, e a mesma se quebrou, fazendo eu cair e ela cair em cima de mim.


 -Harry... – gemi tentando agarrar qualquer coisa na minha frente.


 -Hermione, calma... Você ta bem? – ele perguntou desesperado. Eu não sabia ao certo onde ele estava – Eu vou... – e falando essa frase inacabada ele tirou a gigante garra de cima de mim. Senti um alívio – Hermione, você está... Mas será que... Como será que... Mas por que será que...


 -Harry! – falei revoltada com esforço no maior tom que consegui – Por favor... Ah... Termine suas frases.


 -Como você está? – ele perguntou um pouco envergonhado enquanto segurava a minha perna. Agora eu já podia ver onde ele estava – Você está sangrando...? – ele deu um gemido rouco ao sentir o liquido viscoso em contato com a sua pele – Por Merlin, eu preciso te levar a enfermaria.


 -Hmm, Harry, eu vi... – murmurei enquanto tentava me levantar, mas em vão – E-eu acho que sei...


 -Hermione, descansa... E-eu, eu vou buscar ajuda.


 -N-não, Harry. P-por favor... – eu comecei a sentir o sangue escorrendo na minha cabeça – Eu to bem... E-eu to... Bem...


 -Hm, Hermione? – ele perguntou enquanto colocava minha cabeça no seu colo, eu sentia suas mãos acariciarem meu cabelo, e me senti um pouco melhor, um pouco mais segura – Eu vou te levar, tudo bem?


 Eu nem tinha respondido e já senti o meu corpo sendo erguido com cuidado. Gemi em protesto, aquilo estava doendo.


 -Me desculpe. – ele pediu.


 Eu sentia que ele andava um pouco apressado. Aquele bicho ia acordar, e não ficaria nada feliz ao perceber que não tinha mais tantas patas - patas? – assim. E é claro que não queríamos estar ali quando ele despertasse.


 Eu já podia sentir os raios de sol no meu rosto, já devíamos ter saído da floresta. Estávamos bem. Estávamos seguros. Estávamos juntos.


 O meu corpo ainda doía muito, eu não sabia por quando tempo mais eu agüentaria. Na verdade, eu nem sabia por que eu ainda tentava resistir à tentação de me entregar ao sono.


 -Hm, Hermione... – ouvi Harry dizer um pouco receoso – Eu sei que não é um bom momento, mas... – Bem, se você sabe que não é um bom momento, então você poderia ter um pouco de ética e não falar nada! – Você gostaria de... – eu o senti engolir seco.


 Minha visão ficou turva de vez, e dessa vez eu não agüentei mais resistir. Meu cérebro não encontrava um motivo só para continuar acordada. As últimas palavras que eu ouvi foram:


 -Você gostaria de ir ao baile comigo?


 Sim, eu devia estar delirando...
 
 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
 N/A: Eaí, o que acharam? Por favor, não me matem depois desse capítulo. Eu sei, minh fic é muito bipolar... Desculpa, é que... Autora bipolar, fic bipolar, rs. 
 Bem, agora eu tenho alguns comunicados:
 *Alguém aí conhece uma beta? Alguém se interessa pelo cargo? Por favor, se alguém souber de alguém ou se alguém for uma beta, pooor favoooor, mande um email para : naahmont@hotmail.com  ;D Sério, gente, eu to precisando de uma beta, então, por favor, me ajudem nisso, sim?? *-*
 *Bem, não tem um segundo comunicado ;D Talvez o segundo comunicado seja: entrem no site www.acostumadacomodio.webnode.com.br       
 *O terceiro comunicado é que eu revelarei agora o presente de vocês... TAM TAM TAM TAAAM . Sim, isso mesmo que vocês estão pensando. Ah, vocês estão pensando num Draco Malfoy embrulhado pra vocês na casa de vocês...? Poxa, desculpa aí, mas não é isso não. Mas é UM CAPÍTULO JÁ NESSA SEMANA :D TALVEZ DOIS :D :D :D :D YEEEAY :D  
 Agora eu vou responder os comentários, e gostaria de agradecer. São muito lindos os comentários de vocês, mesmo  com as ameaças ;D 
 Floreios e Borrões (SIM, porque agora eu posto em mais de um lugar ;D)
Anna Przybitowiscz: desculpe-me por possíveis ataques ): kk sério, se você ainda estiver viva pra ler isso eu queria que você  soubesse que eu amei seu comentário, como sempre. Mas ó, é isso mesmo, um dia a Hermione vai mostrar pra todo mundo que ela não é otária não, e esse dia já já chega... *-* É, da uma raiva do Draco ás vezes, quer dizer, o que ele tem de lindo ele tem de fdp :@ :@ :@ MENINO ESCROTOOO mas enfim, não posso demonstrar meu ódio/amor por Draco Malfoy. Sim, porque eu sou meio bipolar, que nem ele e nunca decido o que quero da vida, mas ele machuca muito a Hermione desse jeito, mas é bom ele saber que vai ter volta... Espero que tenha gostado desse capítulo, e, por favor, esteja viva (:


 Katie Black: Desculpa por demorar ): ): ): e desculpa por colocar um Draco tão confuso e sádico assim, mas sinto-lhe informar que vocês leitoras ainda vãao se surpreender e bastante com as atitudes desse gatinho mais escroto do mundo *-* Eu fico muito feliz por você ter amado o capítulo e eu também amei seu comentário :D Obrigada por me suportar, sério, kk Não vou demorar, e agora é sério. Eu to jurando por cada fiozinho loiro do Draco ;D

 Beco Diagonal:
Pra quem comentou no Beco Diagonal eu tenho um avisinho... Só vou responder aqui os que comentaram no último capítulo pra não ficar muito confuso aqui, mas pra os que comentaram antes... Obrigada pelos comentários e pelo carinho e eu fico feliz de vocês terem gostado :D Continuem lendo e espero que continuem gostando e comentando ;D
luna: awwn, você acha mesmo que eu escrevo bem??? *-* eu fico muito feliz :D eu fico muito feliz que você tenha gostado ;D espero que continue gostando :D :D :D
Alice: kk nossa que felicidade :D não acredito que consigo fazer alguém não parar de ler *-* aah, que bom que você achou que ta perfeita mas nss, kk a minha não chega nem perto de perfeita. Espero um dia ficar realmente boa e espero que goste desse capítulo ;D
CaHP: amando?? *-* awn, sério gente, com esses comentários voces me matam *-* *-* *-*eu fico muito feliz por você estar gostando da fic, o meu trabalho é agradar e fico contente em saber que eu to me saindo até que bem nesse trabalho kk só falta para de demora xD 

 
MandyPotter: haha, só lendo pra saber... kk que bom que você gostou da fic :D sério, fico muito feliz :) Fiquei muito feliz também quando descobri que uma autora tão boa quanto você comentou numa fic tão humilde quanto a minha haha Espero que goste dos próximos capítulos também :D
 Bem, gente, então é isso a minha N/A de hoje... Bem gigante, por sinal kk Mas agora eu tenho que sair pra escrever pra vocês ;D Beijos e espero que tenham gostado :D 

 

<-Anterior                                                                                   Primeiro capítulo                                                                       Próximo->

Cap. 5 E o dia só fica melhor e melhor

02/12/2011 10:14

 

N/A: Ok, gente, é o seguinte: FOI MAL D: Mas ó, eu vou contar porque eu demorei pra escrever... Não me julguem, ok? Tudo bem, eu estava... Estava... *Nayara abaixa a cabeça e murmura inaudívelmente* de castigo... OK, EU ESTAVA DE CASTIGO KK mas não é minha culpa se a minha mãe colocou na cabeça que era a vez de me torturar ): Mas calma, gente, não se desesperem porque eu to aqui com um capítulo novíssimo que vai fazer vocês quererem cortar aquela cabeça linda do Malfoy por ele ficar... Ok, não vou contar poque certas pessoas estão ameaçando mandar o crucio em mim se eu contar o que vai acontecer, mas enfim, leiam e desculpa a demora ;D AAAAAAH E FIQUEM FELIZES PORQUE EU TO DE FÉRIAS =D SIM, MINHAS LINDAS LEITORAS E LEITORES, SEM MAIS DEMORAS PARA POSTAR OS CAPÍTULOS!! EU NÃO VOU MAIS TORTURAR VOCÊS POR UM BOM TEMPINHO, OK?? KK!! OK, agora calarei a minha boca porque certas pessoas ainda estão com uma varinha apontada pra minha cara e vão mandar um bom crucio se eu não deixar vocês lerem ;D Boa leitura e espero que gostem ;D

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 


 Idiota. Filho da put*. Imbecil. Mentiroso. Cabaça. Canalha. Babaca.


 Nada conseguia expressar meu ódio. Todas essas palavras pareciam meros elogios para descrevê-lo.


 Idiota. Ingênua. Infantil. Ingênua. Burra. INGÊNUA!!!


 Era isso o que eu mais era. Ingênua. Que ingenuidade a minha ao pensar que um ser como aquele podia mudar... Como Merlin consegue ser tão fdp assim? Ás vezes realmente da vontade de andar com uma plaquinha “Não se preocupem com seus problemas, pois Merlin já os colocou em cima de mim”. Sério, se alguém tem algum problema eu tenho a plena certeza de que eu já o sofri em algum dia da minha mísera vida.


 Argh? Como eles podiam ter se beijado? Se bem que ele é nojento e ela também. Mas como ele chegou tão rápido? Ah, claro que eu fiquei um bom tempo correndo sem rumo. Mas onde Harry estava quando tudo aconteceu?


 Onde o parceiro da Nojenta Parkinson estava enquanto ela beijava Malfoy?


 Claro que eu estava chorando. Eu estava frágil, quebrada. E tudo isso porque, uma infeliz parte de mim, acreditava que as coisas boas que Malfoy tinha dito eram verdade.


 Como eu fui ser tão ingênua? Como ele pôde ter sido tão mau? Como ele consegue ser tão mau?


 Lá estava eu, parada, observando os dois se beijarem. A Nojenta Parkinson quase o engolia. Ele retribuía sem tanta vontade. Eu sabia que ele podia melhor porque ele já havia me... grr, que ódio.  De repente o beijo foi interrompido.


 Fude*. Ótimo, pra onde eu iria? Não tinha lugar para eu esconder, eu não tinha forças para correr, e as lágrimas ainda atrapalhavam tudo. Eu estava frágil e totalmente entregue a qualquer xingamento vindo dele naquele momento. Qualquer coisa me faria desmoronar mais. Qualquer coisa que ele falasse iria me afetar. Então eles viraram.


 Meu olhar carregava toda a mágua do mundo. O olhar de Malfoy se encontrou com o meu, e por um segundo eu imaginei ter visto um olhar arrependido, mas então o olhar convencido voltou. A cara da Nojenta Parkinson estava... Ah! Quem ligava para a cara dela? Provavelmente devia ser uma cara de c*, a única que ela tem.  Eles ainda estavam extremamente próximos, o peito de Malfoy ainda encostava no de Parkinson, seus cabelos estavam bagunçados, as mãos ainda se encontravam em pontos um tanto eróticos. Eu não agüentava ver aquilo.


 Eu devia gritar, mas isso mostraria que eu me importo. Eu poderia empinar o nariz e sair rebolando, mas isso poderia significar que eu o queria e apenas mostrar o que ele perdeu. Eu poderia ir lá e dar um soco nos dois, mas isso apenas mostraria que isso me machucou. Então escolhi apenas a indiferença. Saí andando na direção oposta, ainda com lágrimas nos olhos... Na verdade as lágrimas já estavam em todo lugar de tanto que escorreram. Eu já tinha esquecido como andar quando estava triste era difícil. Não sentia isso desde o dia em que Sirius morrera.


 Dei uns dois passos e já senti que tinha andado demais. Onde estavam as pessoas? Onde estava... Não, não queria ninguém. Não queria nada naquele momento que não fosse uma luz. Não queria nada que não fosse a cabeça de Malfoy e de Parkinson queimadas em cima de um pedestal. Queria Voldemort mandando mil crucios em cima deles. Queria tudo de ruim em dobro para eles, queria que eles fossem se agarrar no inferno. Queria nunca ter ouvido nenhuma das palavras que ele tinha falado, mas queria, principalmente, nunca ter acreditado nelas.


 -Ei, Granger, fugindo de mim? Sabia que sou sua dupla? – Ouvi a voz arrastada dele atrás de mim.


 “Ei, Malfoy, perdendo a noção do perigo? Sabia que eu estou com a minha varinha e estou pouco me fudend* se eu vou para Azkaban?”. Era isso que eu responderia se eu conseguisse. Se eu abrisse a boca para falar algo, provavelmente eu iria começar a soluçar e a falar coisas sem sentido, por isso fiquei quieta e continuei andando.


 -Então agora além de chorona ainda é surda? Não me ouviu te chamar? – Ele continuou.


 Quem ele pensava que era? Quem ele pensava que eu era? Por que eu estava sendo humilhada assim sem reagir? Respirei fundo e respondi.


 -E você? Por acaso além de escroto ainda é suicida? Eu lá tenho cara de quem segue ordens de um canalha que nem você? – Soltei tudo de uma vez. Continuei respirando fundo para ele não me ouvir chorando, mas as lágrimas silenciosas não paravam de cair.


 -Onde você pensa que está indo? – Ele se aproximava cada vez mais.


 -‘Para longe do seu cheiro de esterco’ é uma boa resposta ou você quer o mapa de Hogwarts? – Andei mais rápido para ele não ver minha cara, que devia estar horrível.


 -Pare de responder Draco desse jeito. – Falou Nojenta Parkinson autoritária. Soltei uma risada debochada e limpei as lágrimas.


 -Engraçado, eu tenho a impressão de ter falado com um babaca e não com uma vadia.


 -Olhe aqui... – Parkinson começou a falar, mas pude ouvir o sussurro de Malfoy pedindo para ela sair – Mas, Draco... – ele insistiu para ela ir com o ‘Potter Cratera’ e ela deu uma risadinha antes de sair... Ha! Porca, fedida, nojenta, nem sabe do que falam de você pelas costas, vadia.


 -Granger, você vai continuar correndo de mim ou vai me ouvir? – Ele perguntou irritado – Por acaso está com ciúmes? – Perguntou debochado.


 Continuei andando enquanto xingava-o mentalmente de todos os nomes possíveis e até criava alguns. Ele havia passado dos limites, havia passado por todos eles. Ele havia mostrado para mim o típico comensal que ele é. Idiota, e eu ainda me permitia chorar.


 -Olha, Granger, eu nem sei por que você ta chorando. Gostava de mim, por acaso? – Eu continuava andando, mas podia ouvir os passos dele atrás de mim – Eu espero que não, porque senão quem seria a suicida aqui seria você e... Ei, Granger, da pra pelo menos fingir que ta prestando atenção e olhar pra mim? – Ele pegou no meu braço e me virou, me obrigando olhá-lo. Quando eu vi seu rosto eu chorei ainda mais, a expressão dele deve ter se sensibilizado por um segundo, mas depois voltou ao seu olhar debochado.


 -E fingir é fácil pra você, não é?! – Gritei, soltando a mão dele do meu braço, que ainda estavam juntos – Você faz isso o tempo todo!! – Respirei e funguei uma vez – Principalmente quando é para falar sobre os seus sentimentos.


 -Ah, é? E agora eu tenho sentimentos? – Ele perguntou, levantando uma sobrancelha debochadamente.


 -Claro que tem... – Ele me encarou, surpreso – Os piores possíveis. – Continuei andando, mas ele se postou na minha frente.


 -Da pra você parar de sair andando e me responder?


 -Só pra começar: eu já respondi tudo o que tinha que responder, já falei tudo o que valia a pena ser ouvido por você, e eu já acho que dei valor de mais a você. E mais, eu saio daqui quando eu quiser, depois do que você falou você perdeu qualquer merdinha de moral que você tinha comigo. Perdeu o meu respeito por você no momento em que você não demonstrou mais nenhum respeito por mim – Ele engoliu seco.


 -Eu ainda sou sua dupla. – Ele falou simplesmente.


 -Eu sei, e é por isso mesmo que eu estou me segurando com todas as minhas forças para não lançar uma maldição imperdoável contra você agora, porque euquero essa nota. – Falei num tom assassino, mas até parece que ele ia cair nessa. Pra falar a verdade, nem um trasgo ia acreditar nisso porque meus olhos eram filho da put* o suficiente para me denunciarem.


 -Você vai falar porque está chorando ou não? Não vai me falar que você realmente achou que eu tinha mudado. – Ele falou debochado.


 -Por quê? É tão inacreditável assim? – Perguntei chorona. Eu não acredito que eu estava depositando esperanças no Malfoy enquanto nem ele acreditava nisso.


 -Ha! Eu ter mudado de uma hora pra outra? E por causa de você? Uma sangue... – Mas ele nem conseguiu terminar a frase, parecia que a palavra ficava presa na sua garganta. Ele tentou falar com desprezo, mas eu acho que nem ele estava conseguindo ser tão mau. Pelo menos não comigo tão frágil na frente dele – Você pensou que eu era o que? Seu príncipe encantado? – Ele terminou irritado, como se fosse culpa minha.


 -Eu só pensei que você fosse... Humano. – Falei com a voz fraca enquanto uma lágrima teimosa caia pelo meu rosto. Eu podia ter falado mais coisas, podia ter feito um discurso, podia ter gritado e batido nele, mas eu acho que só essa frase resumiu em tudo o que eu tinha pensado sobre ele. Era simples, era curto, era único, mas bastava.


 Nós ficamos em silêncio nos encarando por um tempo. Falar pra quê? As palavras só estavam machucando ultimamente. Ele não tinha resposta para o que eu tinha dito e eu não tinha mais nada para falar. Ele fora um idiota, ele sabia disso, mas ele tinha orgulho e... Ah, mas, droga, cadê o meu orgulho? Não era para eu estar conversando com ele, não que isso pudesse ser considerado uma conversa, mas eu devia estar batendo nele. Era para eu ter virado a cara, mas ele era um erro em que eu insistia em consertar.


 Ele finalmente suspirou, dando sinal que ia falar algo, mas nem se deu a chance de começar.


 -É... Eu vejo que eu me enganei. – Falei depois de ter a plena certeza de que ele não ia falar mesmo – Se você me da licença... – Falei tentando sair, mas ele pegou no meu braço mais uma vez, sem cortar o contato visual – Se você me da licença... – Repeti, minha voz mais firme agora.


 Ele apenas ficou me encarando. Isso estava irritando, mas algo no olhar dele era diferente... Ele não estava irônico, debochado, sarcástico, raivoso, nem com nojo ou desprezo, mas eu não sabia o que era.


 Isso estava me cansando. Eu estava dando muitas oportunidades para ele, muitas chances, e isso não estava certo. Com certeza esse era um daqueles dias em que Merlin acorda, olha pra mim e pensa “olha aquela menina... Essa tem potencial de agüentar tudo e ajudar a sociedade, tentando tornar os outros em pessoas melhores” e depois disso, bem, eu não sei o que acontece comigo, mas eu simplesmente fico assim, sabe. Ele leva meu orgulho embora, e é como se eu estivesse pulando de um avião e de repente meu pára-quedas sumisse. É, essa sensação mesmo, essa sensação de que todo o seu apoio foi embora de repente, e você não sabe o que fazer, a não ser gritar e balançar os braços, agarrando qualquer ajuda que aparecesse no momento.


  Me soltei do seu braço e tentei sair andando, mas como eu disse antes, ele estava com todo o seu orgulho com ele, e é claro que ele não me deixaria ter a palavra final.


 -Por quê? – Ele perguntou com a voz rouca – Então você realmente achou que eu tivesse mudado?


 Respirei fundo, rezando para Merlin com todas as minhas forças para aquele ser asqueroso finalmente me deixar ir.


 -Parece que alguém perdeu o tom ameaçador... – Comentei quase num sussurro, mas acho que ele ouviu – Olha...


 Eu ia começar a falar um monte de coisas sentimentais e palavras sem nenhum amor-próprio, mas daí aconteceu. Merlin percebeu que estava sendo duro comigo, e me devolveu meu orgulho. Isso mesmo, as cores pareciam ter mais sentido, minhas lágrimas pareciam ridículas, aquela cena parecia ridícula, mas, acima de tudo, Malfoy parecia nada mais que um menino mimado. As coisas pareciam ter voltado bem dentro de mim.


 -Olha... Eu não vou perder meu tempo te explicando o que se passa dentro da minha cabeça, porque você não merece. Eu não vou ficar aqui falando o que eu penso ou não de você, e acredite, eu não estou fazendo pior, porque pelo menos eu não estou mentindo sobre nada, mas eu não gosto de deixar as pessoas esperando uma resposta... Eu não achei que você tinha mudado, pelo menos não do jeito que você está achando, e não achei que você tivesse se apaixonado por mim. Como eu disse, eu só achei que você pudesse sentir algo que não fosse prazer por machucar os outros, eu só achei que você tinha percebido que o seu preconceito com os outros e as suas escolhas eram ridículas, mas parece que isso é uma capacidade demasiada avançada para você. Como eu disse, eu só pensei que você fosse humano, só pensei que você pudesse mudar. Mudar no geral, mudar seus conceitos, mudar seu olhar, mudar seu jeito de ser... Mas você não consegue ser outra pessoa se não esse menino assustado que se esconde atrás de tudo e todos. Eu só pensei que você pudesse ser algo que você não é, e me desculpe se esperei demais de você.


 Mentira. Era tudo o que vinha na minha cabeça naquele momento. Mentira. Era tudo mentira. Bem, nem tudo, mas como se diz, mesmo? Ah, é, dizem que a coisa está mal contada. Eu pulei um monte de coisas que eu estava pensando, mas é claro que eu não falaria pra ele. Tudo bem, uma parte de mim estava acreditando nele e achou que ele tinha a capacidade de sentir algo bom por alguém, e essa mesma parte, uma parte absurdamente burra dentro de mim, acreditou que eu podia ser esse alguém. Para variar, o lado desprovido do orgulho sempre se ferrava.


 -Agora... Eu realmente acho que você devia ganhar um troféu de melhor ator. – Comecei irônica – Deve ter sido realmente torturante ter que chegar perto de uma sangue-ruim como eu, e mais, fazer isso só para me ver sofrer. Deve ter sido realmente estressante fingir que se interessava por mim. É, Malfoy, você tem a capacidade de surpreender as pessoas, sabe, seu pai deve estar orgulhoso.


 Aquilo não estava combinando com a situação. Era para eu estar com a minha feição dura e decidida, e não cheia de lágrimas. Como alguém ia acreditar em mim se nem minhas próprias lágrimas eu conseguia segurar?


 -Granger, se você não se lembra, foi você quem tinha começado esse assunto. Você começa as brigas, mas nem se agüenta quando você perde. Numa coisa você tinha razão. Eu não te quero, mesmo.


 Funguei mais uma vez e mais uma lágrima caiu. Falha na conexão com o orgulho, só podia ser isso, porque nesse momento eu tinha voltado no meu estado frágil, mas o único ponto de orgulho que restava em mim me permitiu dizer:


 -Então não temos nada para conversar. – E me virei, mas dessa vez eu não me deixei ser pega por ele.


 Ele tinha arruinado tudo, não tinha mais volta. Se em algum momento eu cheguei a acreditar em milagres, bem, esse momento foi o mais ingênuo da minha vida. Se em algum momento eu cheguei a acreditar nele, bem, foi um momento de fraqueza e loucura. Com certeza foi um momento sombrio.


 Fui andando até chegar ao lago da Lula-Gigante. Me sentei encostada na árvore e me permiti de chorar. Tudo o que eu queria era tudo isso fora de mim. Queria aquela sensação longe, queria tudo aquilo queimado. Queria o meu mundo de quando eu tinha cinco anos de idade de volta. Naquele momento eu queria não ter nascido bruxa, mas então eu pensei em tudo. Ele não valia a pena. Eu nunca teria conhecido Harry ou Rony. Agora não penso em outros motivos, mas eu não imagino nada pior do que não ter umas das pessoas que eu mais amo. Não imagino mais um mundo sem eles, e, infelizmente, não imagino mais um mundo sem... Argh, Malfoy.


 Ele não podia dizer que não se importava comigo. Claro que tudo aquilo foi feito certo, tudo aquilo foi planejado. Isso me trazia imaginações e pensamentos de Malfoy sentado de noite na sua escrivaninha, com a franja caindo por cima dos seus olhos cinza enquanto ele cria um plano contra mim. Isso seria engraçado para mim em outros momentos, mas agora eu só imaginava um dementador dando um beijo nele enquanto ele fazia seu plano. Tudo o que me vinha nesse momento eram pensamentos assassinos dos piores jeitos de matar alguém, mais especificamente, Malfoy.


 Isso me deu a minha primeira certeza desse dia.


 Eu estava de TPM. Não existia outra explicação que não fossem os meus hormônios numa guerra entre si, apenas tentando escolher um sentimento para mim. Eu só podia estar na TPM, essas mudanças de humor eram sinais da mais maldita coisa que existe no mundo, depois de Malfoy, claro.


 O maior problema da TPM era, claro, os desentendidos desse assunto. Isso era indiscutível. Porque a TPM podia passar despercebida, passar apenas como um ‘dia ruim’, se não existissem pessoas que realmente achassem que a TPM era mesmo só um mero dia ruim. Elas estragam tudo. Elas não sabem o que fazer, porque não sabem a causa desses acontecimentos travessos dentro de uma mulher, acham que é apenas uma simples coisa, ou pior, uma frescura. Sim, mulheres, algumas pessoas não sabem o que é esse horrível sofrimento, e tomam a coragem de dizer que estamos sendo frescas. Bem, depois de comentários a única coisa ‘fresca’ que está pessoa veria, dependendo de mim, seria a própria cabeça servida como carne fresquinha para a Lula- Gigante.


 Mas, infelizmente, o meu dia não podia se basear num debate comigo mesma sobre TPM. Claro que não, isso seria bom demais da parte de Merlin. É claro que eu precisava me dar mal, precisava me ferrar, e como Merlin faria isso? Bem, ele tinha uma lista enorme de modos de me torturar, mas ele escolheu os piores. Ele podia ter queimado meus olhos lentamente enquanto me obriga a sapatear para Snape. É, ele podia ter feito isso, mas seria fácil demais. Deixaria cicatrizes pelo meu corpo, mas não meu coração.  Então ele decide que brigar com meu melhor amigo e ter o ser mais insuportável como dupla pra depois ouvir coisas horríveis dele estava no grau de ‘pegar leve’. E se o dia podia piorar, pode ter certeza: ele piorará. Não é uma dedução, é a regra.


 Deitei na grama macia e verde e fiquei olhando para o céu. Só então que me veio o pensamento de que era o horário do almoço, por isso Harry não estava com a Parkinson, e por isso ninguém estava em nenhum lugar...


 As lágrimas começaram a causar uma sensação horrível de afogamento, comecei a me sentir embriagada pelo cheiro de derrota que eu estava exalando e senti que se nessa semana eu ia morrer, o momento era agora. Em nenhum momento eu tinha me sentido tão indefesa, tão derrotada e, pior de tudo, tão sozinha.


 Porque, apesar de tudo, nesse momento eu queria o Malfoy na minha frente. Eu queria abraçar ele. Eu queria poder chorar na frente dele, poder sofrer na frente dele. Pelo menos desse jeito ele se sentiria mal, eu espero. Eu queria sofrer na frente da pessoa que me fez mal, eu queria poder mostrar para ele o que aconteceu. Bem, só ele podia tirar essa sensação solitária de mim. Porque solidãonaquele momento queria dizer sensação de abandono daquela pessoa que só zoa com você. Sabe, que nem aquele menino chato que fica te enchendo o saco, mas quando ele vai embora você sente falta? Você sente falta, porque ele da alguma coisa para você fazer na sua vida, porque sua vida é chata. Sim, mesmo com guerras, amigos apaixonados, monitorias, professores que tem preconceito com meninas de cabelo cacheado e afins, a sua vida é chata.  E esse menino era o Malfoy. Eu estava com aquela sensação de abandono, que causava uma sensação solitária, que me causava pensamentos ora suicidas, ora assassinos. E eu me pergunto: o que fazer da minha vida?


 -Er, Hermione? – Alguém perguntou atrás de mim, e a primeira mensagem que eu mandei para o meu cérebro foi: secar lágrimas, secar lágrimas!


 -Oi? – Perguntou com a voz chorosa enquanto limpava meu rosto.


 -Tem algum... Problema? – Reconheci a voz maternal que Gina tinha puxado da Sra. Weasley.


 Ufa... Imagina se fosse o Harry?!


 - Que? Problema? – sim, sim, Gina. Acontece que eu estou com saudades de uma pessoa que eu acabei de ver há pouco tempo atrás e essa pessoa é um ser repugnante que só conta mentiras cujo o nome é Draco Malfoy. É, pois é, o problema ta grande, porque aquela bosta falante só me faz sofrer, o que eu faço com isso? Hein, Gina? Me conta! – Nada! Não to com problema nenhum... Por que eu teria? – Perguntei com a voz meio nervosa causada pela mentira súbita e mal contada.


 -É que... Bem... – Ela finalmente ficou na minha frente. Céus! Minha cara devia estar horrível porque os olhos dela se arregalaram tanto que eu até achei que dava pra enfiar um hipogrifo lá dentro de tão grandes que estavam – Eu pensei que você estivesse chorando.


 -Ah, sim! Isso... – Eu falei como quem não vai chegar a nada. É claro que eu não podia falar que eu não estava chorando porque era óbvio que eu estava chorando – Esse... – Draco Malfoy idiota! Olha onde ele me meteu... Fui obrigada a conjurar silenciosamente um livro atrás de mim – Esse livro é tão triste, sabe?  - Falei um tanto exagerada mostrando para ela o bendito livro.


 -Er... – Gina pareceu confusa – ‘Draco – a história dos dragões’...? – como eu disse? Bendito? Eu quis dizer maldito – Bem, eu pensei que esse livro fosse sobre... Ah, como diz o nome... a história dos dragões. Eu não sabia que era um livro triste.


 PUT* QUE PARIU! ISSO LÁ É UM ‘DESCANSO’ PRA VOCÊ?! HEIN, MERLIN? EU SÓ PEÇO UMA CHANCE DE NÃO TER QUE INVENTAR UMA DESCULPA RIDÍCULA! PODIA TER ME MANDADO ‘ROMEU E JULIETA’! MAS, NÃO! VOCÊ TEM QUE ME MANDAR UM LIVRO SOBRE SERES CUSPIDORES DE FOGO IDIOTAS E AINDA POR CIMA COM O NOME DELE! MALDITO MOMENTO EM QUE EU FUI PENSAR NESSA BOSTA DE NOME! MERLIN, EU ACHO, SÓ ACHO, QUE VOCÊ NÃO ESTÁ FAZENDO O SEU TRABALHO DE DAR UMA VIDA BOA PARA PESSOAS DO BEM DIREITO, SABE! MAS É SÓ A MINHA OPINIÃO! NÃO QUE A OPINIÃO DE UM MÍSERO SER QUE NEM EU VALHA A PENA SER OUVIDA POR UM SER TÃO MASOQUISTA E NAZISTA QUE NEM VOCÊ, MAS VOCÊ PODIA TER PENA DE MIM, PELO MENOS! PODIA PELO MENOS CONSIDERAR A MINHA OPINIÃO! E AGORA?! COMO EU EXPLICO PRA GINA O PORQUÊ DESSA MINHA CARA DE C* AGORA, HEIN? OLHA AQUI, QUANDO EU MORRER E VOCÊ ACHAR QUE EU MERECER IR PRO INFERNO, NEM GASTE SEU TEMPO! APENAS ME FAÇA VIVER MINHA VIDA TUDO DE NOVO, QUE EU VOU SOFRER BASTANTE!


  -Ah! – ‘Ah!’ isso lá é resposta? – Eu achei muito... é... Mu-muito tri-triste, n-n-n-n-né? E-eu achei muito triste o jeito que eles... Tratavam os... Dragões...


 Agora veja bem. Qualquer pessoa podia passar perto do lago naquele momento. Podia ser uma pessoa lenta, que nem o Neville. Ou podia ser uma pessoinha meio fútil, que nem a Lilá. Assim eu não teria que ficar gastando meus últimos neorônios sobrevivente pra dar uma resposta decente. Ou talvez Merlin pudesse colocar na cabeça da Gina que a minha resposta era mais do que convincente e que ela bastava. Mas, não. Na cabeça de Merlin, ele não podia fazer isso. Ele tinha mesmo é que me mandar uma pessoa teimosa que iria ficar fazendo perguntas difíceis demais naquele momento. Sabe... Uma pessoa que nem a Gina.


 -Hermione, agora que você já acabou o seu teatrinho pode me contando o que aconteceu. – Falou ela daquele jeito decidido que em outros momentos, sabe, se ela não estivesse falando comigo, eu falaria ‘isso aí, Gina! Mostra quem manda’, mas nesse momento não. Nesse momento eu só pensava ‘put* merda, o jeito decidido não... ’


 -Que teatrinho?! – Falei com um tom ofendido um pouco exagerado – É serio! E é muito feio você ficar andando por aí julgando o que leva alguém a chorar ou não! – Falei já tentando mudar de assunto.


 -Ah, então por causa de um livrinho sobre dragões você já se desidratou toda? – Ela perguntou agora num tom desafiador.


 -É! – falei teimosamente.


 -Então você não vai me contar o que aconteceu? – Ela bufou histérica.


 -Eu já falei o que aconteceu, e se você não acredita nisso... Bem, isso é muitotriste.


 -Hermione, você não estava chorando por causa de um livro de dragões! – Ela gritou exasperada.


 -Eu estava sim, e olha aqui Gina, eu acho que você podia parar de duvidar de mim, não acha não?!


 -TABOM, HERMIONE! – Ela gritou tão alto e tão subitamente que eu dei um pulo no lugar – ENTÃO VAI CHORAR COM ESSE SEU LIVRINHO, E SE NÃO QUISER CONTAR ISSO PRA SUA MELHOR AMIGA, TUDO BEM! – significado: eu espero que você se fod* e depois me procure.


 Depois disso, ela saiu andando para os castelos. Ela batia os pés tão duramente no chão que eu pensei que este ia se abrir.


 -Por que o chão não se abre e me engole agora, hein?! – Falei suplicante olhando para o céu.


 -Porque nem no inferno eles te querem. – Nojo. Voz nojenta. Era tudo que eu precisava.


 -Claro que não me querem lá. Eles preferem pegar uma intrometida que nem você para servir de comida diabo. Sabe, eu ouvi falar que ele só come coisas podres.


 -Você é uma idiota. – Nojenta Parkinson estava lá, na minha frente, com a sua voz nojenta.


 -Ah, é? Licença, vou cortar os pulsos e já volto – Falei antes de sair andando na mesma direção que Gina tinha tomado, deixando um ser nojento para trás.


 Dia horrível foi o dia em que a mãe do Malfoy decidiu colocar aquela besta aguada no mundo. Hoje está, temporariamente, sem classificação. Talvez dizer que esse dia está “Malfólico” parecia uma boa classificação.


 Eu fiquei imaginando, sabe, quando isso vai acabar?


 -Senhorita Granger, onde está a sua dupla?


 Entenda, Merlin, quando eu perguntei se o meu dia podia piorar eu não estava te desafiando. Eu já entendi que você pode ser o maior fodã* de todos. Já deu, não precisa mais fica tentando acaba comigo não, ok?


 Me virei lentamente para encarar Mcgonagall. Tudo bem, dessa vez um livrinho de dragões não ia me ajudar em bost* nenhuma.


 Merlin, já ta ficando meio clichê essa história de acabar com a minha vida, não acha não?


 -Boa tarde, professora Mcgonagall. – Falei sorrindo amarelo.


 -Boa tarde... E, bem, onde está sua dupla? – Ela perguntou olhando pelos arredores. O que ela esperava? Que Malfoy de repente pulasse e falasse ‘pegadinha do maroto!’ ? – Vocês pareciam tão... – Ela fez um ‘cahan’ um tanto quanto forçado antes de continuar – Próximos na Torre de Astronomia.


 Primeira lei de sobrevivência: nunca lembre os meus momentos dolorosos.


 -É, pois é. – Falei.


 ‘Pois é.’ ‘Pois é’ Pois é, eu vou mesmo levar um soco na cara da Mcgonagall se eu não começar a responder as perguntas dela.


 -‘Pois é’ o que, senhorita Granger? – ela falou enérgica – Não vai me responder?


 -Desculpe... – Falei fazendo cara de inocente enquanto balançava a cabeça como se eu procurasse uma informação qualquer dentro dessa bost* que Merlin colocou pra substituir o cérebro que ele “esqueceu” de colocar na minha cabeça e disfarçou o cheiro de merda com um milhão de molas castanhas – Não me recordo do momento em que você fez uma pergunta.


 -Senhorita Granger... – Ela falou assassina. Quem vai acabar levando um soco na cara vai ser ela – A pergunta estava bem explícita no momento em que eu falei ‘onde está a sua dupla’ mas se você não entendeu... Onde está a sua dupla?


 Segunda lei de sobrevivência: nunca sobrecarregue uma menina na TPM.


 -Ah, sim... Essa pergunta! – Falei enquanto balançava minha cabeça demonstrando minha compreensão.


 -E onde sua dupla está neste momento? – Agora ela podia ter dado medo até em Voldemort.


 Terceira lei de sobrevivência: nunca insista em quebrar a segunda lei de sobrevivência.


 -Ah... É, bem... Eu não sei... – Falei bem baixo desviando o olhar, então de súbito eu virei e falei mais alto – Olha o hipogrifo!


 “Olha o hipogrifo!” ? Mas que merda de desculpa foi essa? Sério, eu podia muito bem ter saído correndo gritando ‘COMENSAIS’ o que seria muito convincente perante a situação que nós estávamos, mas não, o meu cérebro tinha que ser substituído por um grande pedaço de bosta e mandar ordens escrotas para a minha boca.


 -Senhorita Granger, pare com as suas brincadeirinhas! Como assim, você não sabe onde está sua dupla?


 “Como assim, você não sabe onde está sua dupla?”. Não sei, ué! Espero que nesse momento a minha querida dupla tenha tropeçado e esteja caindo da Torre de Astronomia rumo ao inferno, ou espero que já esteja lá.


 -É que depois do almoço eu me perdi da minha dupla. Juro que não foi minha culpa.


 -Como assim? – ela perguntou nervosa.


 “Como assim” “Como assim”. Você quer que eu te traga um dicionário? ‘Como assim’ é o que você vai falar depois que eu te der um bom soco nessa sua fuça.


 -Ah, é... – Eu comecei a gaguejar nervosa.


 -Granger! Eu estava te procurando por toda parte! – Falou alguém atrás de mim com uma voz realmente aliviada. E eu até já sabia quem era esse alguém...


 -Está aí a sua dupla. – Mcgonagall falou feliz.


 Forcei um sorriso amarelo para Mcgonagall e fui me virando enquanto mandava um olhar assassino para Malfoy.


 -Malfooooooooooooooooy... – Tudo bem, eu exagerei na simpatia – Que sorte! – Sorte. Ha! Eu nem sei mais o significado dessa palavra faz tempo.


 Depois que eu falei, já tratei de me virar para não ter que olhar muito pra ele.


 -Depois que acabou o almoço eu fiquei que nem um doido te procurando... – Por que não procurou no inferno, seu animal? – Que bom que eu te encontrei.


 -Pois é. Que sorte! – falei num tom bem falso.


 Sorte, sorte, sorte... A sorte dele está sendo a presença daquela velha, porque senão eu já teria mandado um bom crucio nele.


 -Já que já se encontraram acho que meu trabalho aqui já acabou... – É. Depois de me estressar e atrair essa cobra asquerosa você acha que seu trabalho  acabou? Já vai tarde.


 Ela foi saindo e eu fiquei observando o seu caminho até que eu senti uma presença um tanto quanto pesada do meu lado.


 -Que bom que eu apareci. – Ele falou com uma voz arrastada – Você podia ter estragado tudo.


 Eu podia ter estragado tudo? Ele já estragou tudo! A única coisa que eu podia estragar agora é a cara dele.


 -Nossa! Malfoy, mas que ótima que você chegou, né?! Eu realmente não queria ter que inventar uma desculpa esfarrapada e... – Eu falava num falso tom infantil e agressivo, mas então um pensamento me surgiu  – Como você sabia da história do almoço? – Falei ainda sem encará-lo.


 -Eu estava atrás de uma pilastra aí... Foi muito engraçado te ver tentando inventar uma desculpa pra essa velha.


 -Seu animal! – Me virei e dei um tapa no seu peito e continuei com os tapas. Ele apenas fez uma cara de desentendido – Eu tava só me ferrando, e você ouvindo TUDO!


 -Granger pá... Pár.. – Eu não ia dar a chance dele falar – Gran.. Pá-pára... – Ele ia indo para trás e eu só batendo nele como se minha varinha não estivesse no meu bolso – Grang... Hermione, pára! – Dessa vez eu bati tão forte que ele acabou desequilibrando no morrinho e caindo. E para a situação ficar melhor eu caí em cima dele.


 Eu fiquei encarando-o, ele me fitando igualmente surpreso. Os dois analisando a situação em que estávamos.


 Eu estava ofegante, ele também. Ele estava... Merlin, me dê um tiro depois de eu pensar isso... Lindo. Todos os fios bagunçados em cima da testa. Eu podia sentir seu peito subir e descer junto do meu.


 -Do que você me chamou? – Consegui perguntar assassinamente.


 Ele não respondeu nada. Droga, aquele silêncio tava me irritando. Onde tava o ódio, mesmo? Agora eu sentia vontade de espancá-lo e de beijá-lo ao mesmo tempo, mas para o bem da minha sanidade, a segunda opção era um desejo totalmente carnal. Pô, é culpa minha se o menino beija bem?


 Eu sairia dali se fosse possível. Mas parecia que meu cérebro era preguiçoso demais para mandar essa ordem pro resto do meu corpo.


Ele se ergueu um pouco, se mantendo em cima dos cotovelos. Aproximando o rosto do meu.


 Ele ia me beijar. E eu ia deixar. Mas a parte boa de mim reagiu.


 -E-eu... Eu pensei que fosse nojento ficar tão perto de mim... – Sussurrei virando o rosto e soltando uma grande respiração que se prendia dentro de mim.


 -Droga, Hermione... – Ele falou com a voz rouca e suplicante


 -Droga nada, Malfoy. – Falei virando e encarando-o, meus olhos cheios de lágrimas – O que você fez foi uma droga. Eu sabia... Você xinga e faz mal. Daí você  sente falta e volta, né? Você... Você é nojento, Malfoy. É repugnante e desumano.


 Eu tentei levantar, mas então ele me virou, dessa vez ele por cima de mim.


 -Escuta... Eu não to voltando porque me deu saudade. Eu tava errado sobre o que eu falei... – Ele falou com a voz decidida – Eu... Realmente errei.


 -Ah, é? E você percebeu isso agora? E qual era aquela lá de que fez tudo aquilo só pra me magoar? Também mudou sobre isso? Mas você muda rápido, hein. Quando a gente teve aquela conversa mesmo, hein?... Acho que... HOJE! – Falei com a voz sarcástica – E olha, isso não muda nada. Porque se você conseguiu pensar naquelas coisas antes, o que me garante que você não vai pensar nada igual agora? – Eu sussurrei muito triste. Ele pareceu se afetar também, mas ignorou essa última parte totalmente.


 -Eu não mudei, Hermione – era totalmente diferente quando ele falava o meu nome. Parecia indigno, parecia desleal, parecia tudo o que não devia ser.


 -Então por que você voltou? – Perguntei enquanto uma lágrima rolava e caia no meu peito.


 Silêncio. Aquele silêncio não me fazia bem. O silêncio podia significar tantas coisas, algumas boas, algumas ruins. Mas com certeza não significava o que ele acabara de falar.


 -Porque... – A voz dele saía rouca e insegura – Eu descobri que te amo.

 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

 ESPEREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEM!!! EU SEI QUE A VONTADE DE MATAR O NOSSO DRAQUINHO AGORA POR FICAR FAZENDO ISSO COM A HERMIONE É GIGANTE, MAS ESPEREM EU DAR OS RECADOS, SIM??
 O que vocês acharam do capítulo? Eu sei, foi um capítulo mais de desabafo da Hermione, mas sei lá, eu acho que ficou legal e fiquei satisfeita com o resultado (:
 AAAAAAAAAAAAAAAAAAH E OLHEM AQUI, EU ESTOU MUUUUITO TRISTE COM VOCÊS!! PÔ, NINGUÉM COMENTA E EU FICO TRISTE ): Não da pra eu saber como a fic ta indo se vocês não falam nada ): Isso me desanima, gente. Anna Przybitowiscz e Katie Black, calma, eu não sou uma má agradecida, EU AMOOO O COMENTÁRIO DE VOCÊS =D SÉRIO, ME DEIXAM SUPER FELIZ =D mas gente, não da pra eu viver dos comentários só das duas. Eu sei que eu não sou a melhor escritora do FeB mas poxa, dêem um desconto, só tenho 13 aninhos, esse é o máximo que a minha mentezinha consegue criar no momento. Ó, não custa nada da uma passadinha aqui e falar o que ta achando da fic, assim eu posso melhorar :) E, por favor, não me xinguem depois desse simples pedido D: 
Falando em comentários eu gostaria de responder os comentários dessas lindas leitoras que eu tenho e que eu fiz sofrer demais com essa demora kk:
 Anna Przybitowiscz: kk  a gente para de escrever na melhor parte pra da aquele gostinho de 'quero mais' kk senão não rola né?? Mas desculpa pela demora ): e desculpa por possíveis ataques kk não foi a minha intenção, juro *-* kk aiii, e o que acontece é que o Draco é um fdp mesmo... MENTIRAA (bem, nem tanto), mas se acalma porque no PRÓXIMO (ai ai, eu só mato minhas leitoras mesmo kk) capítulo ele vai explicar tudo, e esse eu juro que posto rápido kk e em relação àquele comentário do miojo e do peixe... Bem, fazer o que né? A mente da Hermione é toda conturbada kk. Que bom que você gostou daquele capítulo, e espero que goste desse também, e,, por favor, ainda não deixe o Draco careca, pelo menos não antes da fic acabar... KK, ele não pdoe ficar feio (não que eu tenha algo contra os carecas, mas eu nao acho que o draco ficaria muito bonito assim) antes da fic acabar, senão fica muito fácil né?? KK enfim, é a mesma coisa que voce, eu tenho que acabar o comentário antes que ele fique maior que fic ;D 

Katie Black: KK merece MESMO, e tudo bem, a gente junta um bando de revoltadas com a minha fic (mas não me matem por ter escrito nada disso kk) e vamos até Voldemort para exigir os crucios e o avada que o Malfoy tanto merece, mas vamos esperar um pouquinho até termos bastante seguidoras kk, mas depois disso... Bem, digamos que é melhor o Malfoy ir dando tchau para todo mundo LOGO kk ;D Mas eu tenho certeza que a Hermione vai criar uma passeata antes pra vir bater um 'papinho' por só ferrar ela kk Então se eu não escrever mais... Eu amo vocês kk então ME PROTEJAM PORQUE A HERMIONE É UMA PSICOPATA E CONSEGUE SER MUITO MÁ QUANDO ESTÁ REALMENTE BRAVA KK e você acertou pela parte da Pansy, mas infelizmente (ou será felizmente?) ela tava beijando um certo loiro aguado kk Mas que bom que você ama os meus capítulos, eu também amo seus comentários *-* Espero que goste desse capítulo e do próximo =D
 E se quiserem ler a minha história no FeB ta aqui ó: 
https://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=41078 ;D
 Ok. PODEM MATAR O DRACO AGORA KKK :D

 

<-Anterior                                                                  Primeiro capítulo                                                            Próximo->                                                              

Cap. 4 Realmente conhecendo você

27/10/2011 14:40

N/A: OOOI GENTE =D Ok ok, meu mouse tinha quebrado e meu pai comprou um novo umas duas semanas atrás, mas eu fiquei com muita prova e muita pouca criatividade, hoje me deu uma bostinha de criatividade e eu vi que, com a maior criatividade ou não eu tinha que escrever, porque eu não podia deixar vocês esperando por mais tempo, mas não podia escrever qualquer bosta... Enfim, espero que gostem do capítulo, leiam, comentem, votem e entrem no site da fic: https://acostumadacomodio.webnode.com.br/ =D


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Fique parada igual a uma idiota, pensando na vida miserável que eu levava. Pelo o que eu devia agradecer exatamente? Pelo amor que eu recebia na minha vida? Amor? Ha, essa é boa. Amor de quem? Dos meus pais que nem estão comigo? Dos meus amigos que não estão mais tanto comigo? Ou melhor, do “amor” do Malfoy? É tão difícil escolher qual é o melhor. Sabe, a vida parecia ser assim mesmo. Essa história toda de “depois do furacão vem o arco-íris” ou coisas do tipo não me convencem. Ok, talvez depois do furacão venha o arco-íris, mas isso é só depois... Depois é muito tempo. E se o depois for acontecer só depois que eu morrer? Eu devo esperar para ter uma vida luxuosa como uma gata siamesa na minha próxima vida? E mais, eu não entendo essas pessoas, eles falam pra gente pensar no futuro, que o futuro é melhor que hoje, mas depois eles falam “pare de pensar no futuro e pense no presente”. Quer dizer, o que eles querem? Temos que viver o agora ou ficarmos nos iludindo com o futuro que pode ser, pensando assim “amanhã será melhor que hoje”. Falam que temos que pensar isso todos os dias, quer dizer que se num dia você está ótima e no outro sua vida está desmoronando é porque as coisas estão melhorando? Vai entender essa sociedade.


 Enfim, eu estou pensando seriamente em castigar Merlin ( N/A: gente, desculpa, nos outros capítulos eu tava escrevendo “Merlin” errado, tava escrevendo com ‘m’, mas eu vou escrever certo a partir de agora, porque arrumar tudo seria muito cansativo) amargamente quando eu morrer, já que estou incapacitada de fazer isso agora. Eu devo castigá-lo por ter me feito cair com Malfoy nas duplas, por causa da guerra, por ter conhecido Malfoy, por nascer bruxa, ou simplesmente posso castigá-lo pelo momento em que ele achou que seria divertido me colocar no mundo para infernizar minha vida? “Ei, Merlin, por que você não coloca uma menina no mundo com todas as qualidades que são vistas como defeitos, dá amigos á ela, uma escola, poderes e tudo mais para, aos poucos, tirar tudo isso dela?”. “Boa idéia. Eu estava pensando em nomeá-la de Linda, mas ela sofreria muito bullying na escola pelo simples fato de ela não ser linda, então acho que vou ter que dar o nome de Hermione mesmo. Claro, nome miserável para menina miserável.” 


 Eu sei, tem toda essa história de países que precisam de mais ajuda que eu, como a África do Sul e afins, mas, não querendo ser egoísta, mas eu não sei como é ser eles. E como eu poderia ajudar eles se nem meus problemas eu posso resolver? Com certeza se eu fosse ajudar nesse meu estado, a mortalidade infantil aumentaria em pelo menos 76%. Ok, quando o assunto chegou na África mesmo? Eu devia estar reclamando agora para Merlin sobre como minha vida está uma merd* e talvez até dê algumas sugestões para ele. Coisas simples e que me deixem muito triste, já que esse é o objetivo dele para mim. Fazer Malfoy cair da torre de Astronomia é muito trágico? Eu ficaria tão triste por perder minha querida dupla.


 Aliás, onde será que o babaca do Malfoy está? Deve estar procurando flores para pendurar naquele cabelo de Barbie dele ou planejando um novo discurso para uma nova vítima. Faz uns dez minutos que eu deixei ele sozinho. A minha sorte é que ele não foi atrás de mim. Ótimas provas: você vale a pena. Só se eu for valer a pena para cagarem em cima. Daí, nesses momentos, eu acho que sou a coisa que mais valeria a pena no mundo. Olha o meu estado, olha como meu amor próprio está grande, até eu estou me chamando de ‘coisa’. Esse mundo está completamente perdido agora.


 -Hermione? – Perguntou alguém ás minhas costas.


 -Que é? – Perguntei rude até encontrar duas esmeraldas me encarando ingenuamente – Ah, Harry... Oi.


 -Você não devia estar com sua dupla agora? – Ele perguntou curioso e um tanto ansioso.


 -Eu devia estar fazendo muitas coisas, mas obviamente não estou fazendo nenhuma delas pelo simples fato de não dever nada.


 -Hermione, o que aconteceu com você?


 -Você quer saber minha história de vida inteira ou apenas a parte trágica? Se você estiver muito ocupado eu só conto a parte boa, porque não dura muito tempo, mesmo. –Perguntei irônica.


 -Eu sei da sua história, Hermione, eu fiz parte dela, mas tem uma parte dela que eu não to conseguindo entrar, de algum jeito você está me expulsando dela, e isso bem na parte mais importante da sua vida. Bem durante a guerra eu não posso fazer parte de você.


 Podíamos analisar a conversa do ‘não deveria ser’, mas eu guardei isso para mim. Se eu falasse isso para o Harry, eu acho que ele se uniria á Nojenta Parkinson em uma revolta contra meninas como que pensavam no próprio modo enquanto o mundo inteiro está em greve conta eles.


 -Harry... – Suspirei.


 -Desde a detenção você ta mudada, deve ter sido por causa do Malfoy... – Gelei. Será que ele sabia? – Ele anda fazendo sua cabeça, não anda? Você deve é estar pensando em passar para o lado de Voldemort.


 Nesse momento eu senti o ódio ferver no meu sangue. A tristeza também veio. Ele estava... Me acusando? Estava achando que eu tinha uma personalidade fraca e que seria influenciada pelo idiota do Malfoy?


 -Você é um idiota! – Empurrei ele com raiva e as lágrimas começaram a cair – Só porque eu estou sendo obrigada a passar um pouco mais de tempo com Malfoy você já acha que eu vou fazer uma marca negra? Você vai começar a andar mais com aquela nojenta da Parkinson, é claro que você vai dar uma mudada, porque é estressante. Agora, você acha que eu e Rony duvidaríamos de você desse jeito? Você acha que acharíamos que você vai virar um seguidor de Voldemort? Que acharíamos que você planeja se transformar num cafetão? Você, Harry, era a última pessoa que eu achava que duvidaria de mim de uma coisa tão baixa. Sabe por quê? Porque você me conhece! Porque você sabe da minha vida e sabe que eu sou totalmente contra tudo isso de Voldemort, comensais e... É, tudo isso! E eu fui sua primeira amiga a não demonstrar medo, a ficar ao seu lado o tempo todo. Eu te encorajava sempre... Sempre, Harry, e então você me vem com essa de que eu estou mudando de lado, como se minha personalidade fosse fraca como um papel?


 -Hermione, eu acho que você está reagindo muito mal... – Ele falou timidamente.


 -Eu estou reagindo mal? Eu fico um pouco estressada por alguns dias e você já acha que eu estou passando para o lado do mal e eu estou reagindo mal? Sabia que existe uma coisa chamada TPM, e isso poderia estar acontecendo comigo? Claro que não, porque você só se preocupa com você e com essa guerra idiota! Antes de resolvermos a guerra temos que nos resolvermos entre nós. Ou você acha que a Mcgonagall passou essa tarefa estúpida para nós apenas nos conhecermos melhor? Sonserina e Grifinória são inimigas há séculos, porque será que escolheram bem agora para tentarem amizade entre nós? Sabe, Harry, eu esperava mais de você, esperava mais d’O Eleito! – Forcei bastante nessa última palavra.


 -Hermione, você me entendeu errado, e você está exagerando muito, mas me desculpa, mesmo assim. Por favor, não me fica brava...


 -Você não devia estar com a sua parceira? – Perguntei calmamente antes de virar as costas para “O Eleito” e sair andando para a torre de Astronomia.


 


 Então era isso? Trinta dias com o maldito do Malfoy, mais detenção de uma semana. Sem contar os horários de monitoria que vamos ter juntos... Argh, a Mcgonagall tinha que colocar sempre Sonserina com Grifinória. Por quê? Era algum tipo tradição colocar inimigos juntos?


 A brisa batia lenta no meu rosto, eu sentia todas as minhas preocupações nessa brisa. Cada momento da minha “linda e perfeita” vida voando nele.


 -Eu sabia que ia te encontrar aqui... – Ouvi uma voz rouca atrás de mim.


 -Ah, é? Já estamos nesse ponto de intimidade para um já saber exatamente onde encontrar o outro? – Perguntei friamente sem olhar para trás.


-Você falou que queria me jogar daqui, lembra? – Ele perguntou divertido tentando esfriar o clima, mas eu estava estressada demais e continuei do mesmo jeito frio de antes.


 -Claro que lembro, eu estava lá. Quer dizer que você está planejando me ajudar no meu trabalho de te matar? – Perguntei debochada.


 -O que aconteceu com você? – O que é isso? “O que aconteceu com você?” foi eleita a pergunta da semana? O que eles querem ouvir de resposta? “Bem, o que aconteceu é que eu fui mordida por uma vaca mutante enquanto comia miojo e estou virando um peixe.” É, assim mesmo, nada de respostas com muito sentido. Eu simplesmente odeio quando as pessoas perguntam coisas extremamente óbvias, e é ridiculamente difícil dar respostas óbvias sem parecer idiota.


 -Não que seja da sua conta, mas eu briguei com o Harry. Nem sei por que perguntou, até parece que se importa.


 -Eu me importo com você. Já te falei isso. E já deu de me responder desse jeito, né? – Ele falou me virando para encará-lo.


 -Prove um pouco do que acontecia comigo todos os dias durante esses 6 anos... Eu não sei pra você, mas não me parece coisa de quem se importa. – Respondi me virando de costas para ele de novo.


 -Hermione, eu sei que...


 -Malfoy, nós não somos íntimos pra você me chamar pelo primeiro nome, então não tente essa intimidade comigo.


 -Hermione, eu não liguei muito pro que a sociedade pensa e sobre essa de intimidade... – Ele enfatizou bem meu nome – Mas agora, ignorando esses seus discursos de como minha boca não é digna do seu nome...


 -E não é mesmo. – Eu interferi.


 -...Mas eu preciso que você me escute agora. – Ele continuou, me ignorando totalmente.


 -Estranho, eu não acordei muito a fim de suprir suas necessidades – Falei franzindo o cenho.


 -Da pra você parar de me interferir e me ouvir?


 -Ah, eu pensei que já tivesse acabado... – Falei irônica.


 -E parecia que eu tinha acabado?


 -Eu não sei, eu parei de estar totalmente dentro dessa conversa no momento em que você começou a mentir... Se não se lembra foi quando você falou que se importava comigo.


 -Agora você vai me escutar – Ele me virou em me conduziu até a parede, me prensando nela – Eu sei que você ta chateada e todas essas baboseiras de meninas que não sabem amar...


 -Como se você soubesse – Comentei revirando os olhos.


 -Mas você precisa tentar acreditar em mim dessa vez. Eu não ligo se você não gosta de mim ou se você me acha a pessoa mais escrota do mundo.


 -Na verdade eu acho que você não é uma pessoa e sim uma... Coisa que gasta espaço nesse mundo.


 -Coisas assim, mas, Hermione, eu não ligo. Eu não ligo se você acha que eu devia morrer afogado ou queimado.


 -Primeiro: queimado e afogado seria uma boa opção porque seria divertido ver você sofrer nas chamas e tentando pegar ar na água, mas já que isso ainda não é possível eu vou ter que gastar meu tempo tentando criar um feitiço para isso. Segundo: grande consideração vinda de alguém que há pouco dizia que se importava.


 -Eu me importo com você, não com o que você fala – Por que aquilo doeu tanto? Por que ver aquele lado frio e digno de um sonserino me machucou tanto? Quer dizer, isso é quem ele é, e eu já conhecia esse lado dele, mas eu não sabia que ele conseguia ser tão canalha assim.


 -Minhas palavras fazem parte de mim. Se não se importa com elas então não se importa comigo... – Ele pareceu medir as palavras que havia dito, para ver que o que ele tinha dito tinha sido extremamente idiota – E parabéns... Acabou de ganhar o troféu de canalha do ano... De novo. – Tentei sair, mas ele apertava meu braço com força – Me solta, Malfoy.


 -Eu não vou te soltar.


 -Mas você ta me machucando. – Tentei me soltar mais uma vez, mas ele apertou mais forte, o que me fez soltar um grito – Malfoy, me solta! Seu idiota, me solta agora!


 -Eu já cansei de você sempre querer ter a palavra final. – E me beijou de um jeito possessivo e apaixonado (como se isso fosse possível vindo do Malfoy), minhas pernas começaram a fraquejar, eu tentava empurrá-lo, mas parecia que meu cérebro não mandava as ordens para o meu corpo.


 -Malfoy... – Murmurei entre um beijo e outro – Pá-pára...


 -Hum? Por que? – Ele continuava a me beijar.


 -Não é meio óbvio? – Tentei dizer enquanto o beijava, acho que ele não deve ter entendido nada, ou talvez tenha entendido sim, porque ele se afastou de mim. Por Merlin, não dá pra mandar um menino que beije mal, não?


 -Não era óbvio, me explique. – Eu continuava prensada na parede, ele estava na minha frente com um braço de cada lado, a proximidade era muito pequena.


 -Eu pedi para você parar, primeiramente, porque eu nem pedi pra você começar.


 -Ah, claro, porque toda vez que alguém é beijado sempre tem um “me beije, por favor” antes. – Ele revirou os olhos, irônico.


 -Sim. E, segundo, nós estamos perdendo tempo de nos conhecermos melhor, não que isso seja meu maior desejo do momento, mas eu quero esses 70% da nota, você está me entendendo, e não é por causa de você que eu vou perdê-los.


 -Nossa, se você me quisesse o mesmo tanto que você quer esses 70% eu acho que você já estaria grávida agora... – Ele acrescentou malicioso enquanto diminuía a distância entre nós, apoiando os cotovelos na parede em vez das mãos.


 -Que sorte que não é assim, eu não gostaria de pegar AIDS.


 -O que você está insinuando? – Ele não pareceu se sentir ofendido, parecia que tinha achado isso um estímulo para continuar conversando comigo – O que isso quer dizer? – Ele murmurou com a voz rouca. Ah, não, a voz rouca de novo, não!


 -Não estou insinuando nada, na verdade, eu acho que já deixei bem na cara o que eu quis dizer, mas já que você faz parte de uma espécie com a inteligência de um legume então eu terei que explicar para você... – Eu fui me aproximando dele lentamente... Espero que ele tenha autocontrole, porque eu não quero a língua dele perto da minha de novo tão cedo – É que você chega sempre pras meninas com esse papinho de que elas são especiais, fingindo que se preocupa com elas... – Comecei a falar com uma voz manhosa e me aproximei o máximo que conseguia, porque depois dessa proximidade chegaria ao ponto sem volta para a boca do Malfoy, e não queríamos incidentes, certo, Consciência? “Certinho, Hermione” – E então elas vão todas crentes de que vão ter o melhor do Malfoy só pra elas para sempre, e elas ficam com você, agarram você, vão pra cama com você, pra depois vocês deixarem elas. Deve ser absurdamente grande o número de meninas que caem nessa só aqui em Hogwarts, porque eu já vi muitas meninas deprimidas por aqui, e quando elas ficam deprimidas você fica feliz, o que é uma coincidência muito grande... – Ele me olhava abobadamente hipnotizado, os lábios entreabertos e os olhos levemente arregalados... Eu amava ver essa cara nos meninos, se bem que, geralmente, eles olhavam assim para a Nojenta Parkinson – E, dentro desse número gigante de meninas, com certeza algumas tem algum tipo de DST, e eu não confio muito que você tenha usado nenhum tipo de prevenção... Você entendeu, Malfoy?


 Malfoy nem me respondeu, estava ocupado demais olhando para minha boca, talvez usando o autocontrole que tinha. Ficamos muito tempo desse jeito, Malfoy continuava olhando para minha boca e isso começou a me preocupar.


 -Ah, Malfoy... ? Você está bem? – Ele ficava olhando para minha boca e depois para os meus olhos, boca, olhos, boca, olhos...


 -Eu estaria melhor se você fosse minha. – Eu engoli seco com essa afirmação.


 -Malfoy, por que você insiste em dificultar as coisas? Só tínhamos que nos conhecer melhor e andarmos juntos. Só. 


 -Eu dificulto as coisas? É você que sempre se preocupa com as pessoas e tenta ajudá-las, é você que sempre vem com o vento batendo no seu rosto fazendo esses seus cachos balançarem perfeitamente, é você quem vem com a boca vermelha, com a pele macia, você que levanta a mão para o professor inocentemente quando tem uma pergunta ou resposta para dar, você é quem sempre arregala um pouco os olhos e entreabre a boca de uma forma super sexy quando ouve uma coisa que não esperava, do mesmo jeito que está fazendo agora...  Você é quem tenta salvar o dia sempre, mesmo quando está fora das suas mãos... – Ele deu uma risada curta, nervosa e meio falhada, mas eu achei linda – E depois a culpa é minha...


 -Você esqueceu-se de mencionar sangue sujo e arrogante... – Falei sarcasticamente.


 -Isso... – Ele sorriu sem prestar muita atenção, enquanto se aproximava de mim – Sangue sujo e arrogante... – E se aproximou mais ainda, me beijou calmamente, acabando com qualquer distância entre nós. Acho que foi o beijo mais calmo que ele já tinha me dado, mas isso apenas por cinco segundos, porque depois o beijo foi ficando mais urgente, mais possessivo, sensual e rápido. Como se ele me exigisse naquele momento, eu era o que ele precisava, era o ar para sobreviver, era como se ele não ligasse para nenhum meio de sobreviver.  Eu tentava fugir, mas era difícil com ele me beijando.


 -Cahan... – Alguém pigarreou ao nosso lado e eu meio que parei de fazer tudo que estava fazendo, diferente de Malfoy, que nem percebeu o que acontecia. Merlin! Eu já pedi pra você parar de me azarar desse jeito. Você por acaso ta fazendo parceria com Voldemort? Só pode ser isso, ta acabando com os sangues-ruins desse mundo. E se fosse o Harry ou o Rony? Não, se fossem eles, eles já teriam dado um soco no Malfoy. E se fosse a Gina? Não, ela deve estar na aula, e se fosse ela já teria feito um escândalo. A questão é: por que eu não fiz um escândalo ainda, com esse menino me beijando a cada cinco segundos falando mentiras sobre amor e essas coisas com mais freqüência do que respirar – Vejo que estão se dando... Er,muito bem – Arregalei totalmente os olhos quando reconheci a voz.


 O que Mcgonagall está fazendo aqui? Eu nem sabia que uma pessoa da idade dela agüentaria subir as escadas para ir para a Torre de Astronomia. E pra piorar ela ainda deve estar achando que eu estou me dando bem com essa fuinha aqui. Deve estar achando que vamos fugir de Hogwarts para morarmos debaixo da ponte e nos casarmos e termos vários filhos que eu nem consigo imaginar como seriam.


 -Malfoy... – Consegui murmurar para ele – Pára. – Na hora ele não parou então eu “leve e delicadamente” empurrei ele.


 -O que foi dessa vez? – Ele me perguntou meio que estressado e meio que tentando usar seu autocontrole para não continuar com o beijo. Eu ignorei esse estresse e apontei com a minha cabeça discretamente para Mcgonagall enquanto ajeitava minhas roupas e meu cabelo.


  Malfoy olhou para o lado e eu acho que ele ficou meio assustado ou não sei o que, mas eu só sei que ele se manteve calmo.


 -Bom dia, professora Mcgonagall – falamos ao mesmo tempo. Quer dizer, ele falou a frase normalmente, eu comecei a gaguejar igual uma galinha.


 -Eu estava dando uma olhada nas duplas, para ver se estavam se conhecendo... – Ela estava um pouco constrangida, mas não mais que eu – E então, o que estavam fazendo? Conversando, se conhecendo... ? – Ela fingia que não tinha visto nada. Como ela conseguia fazer isso?


 “Sim, professora, claro que estávamos nos conhecendo. A língua do Malfoy teve uma conversa super animada com a minha. Agora eu já sei as comidas preferidas dele e a pasta de dente que ele usa, já é um super início”. O que ela esperava?Claro que não estávamos conversando. Parecia que nós estávamos conversando? Mas eu não podia responder isso a ela. Não pegaria muito bem, sabe?


 -É... Bem, nós estávamos... É, você sabe... Estávamos... – Eu olhava em desespero para todas as direções em busca de uma resposta, mas tudo o que eu encontrei foi a cara de canalha do Malfoy me olhando safadamente, parecia que estava segurando a última ponta de autocontrole que tinha para não me agarrar na frente da Mcgonagall. Ha, como se isso fosse grande coisa. E eu, que estava segurando todo meu autocontrole, que não estava sendo tanto naquele momento, para não empurrá-lo da torre de Astronomia?


 -Nós estávamos conversando e então Granger começou a falar que eu não conseguia me aproximar dela por ela ser uma sangue-ruim, o que é verdade, então começamos a discutir que esse mês não daria certo de jeito nenhum. Nós dois concordamos com isso, mas ela começou a falar que não perderia 70% da nota por causa disso, e então ela me desafiou, perguntando o quão perto eu agüentava ficar perto dela, e eu a desafiei também, e acabou dando nisso. – Ele colocou bastante nojo na palavra “nisso”.


 -Ah, bem, tudo bem então, que bom que ninguém empurrou ninguém dessa torre ainda... – Ha, falou certinho... Ainda. Se dependesse de mim as pessoas iriam ficar esperando o Malfoy no jantar de hoje, mas eu não pretendo fazer isso... Ainda – Que sorte que os dois são monitores, assim eu já posso dar o recado para os dois. – Ela abriu o pergaminho que estava na sua mão que até agora eu não tinha percebido que estava lá e começou a dar umas lidas antes de falar com a gente de novo – Bem, antes o turno era para ser Sonserina pegar terça, quinta e sexta e Grifinória pegar segunda, quarta e sexta, assim vocês só teriam um dia em comum, mas agora que vocês são uma dupla eu acho que eu posso juntar vocês, então ficará... – Ela parou e leu algo, fez alguns gestos com as mãos e nos perguntou – Algum de vocês tem algum problema em pegar todos os dias?


 “Não. Na verdade, isso estava exatamente na minha lista de desejos para esse novo ano... Passar todas as noites da semana com Malfoy... Perfeito! Agora eu acho que já vou poder morrer em paz.” É claro que eu tenho problema com isso! Eu sei que a minha vida social não é muito badalada, mas eu ainda tenho minha vidinha simples e humilde com toda essa guerra, meninos mentirosos, amigos desconfiados e raivosos, tarefas, professoras enxeridas e com uma condição física bastante boa, professores vingativos e com a personalidade de um energúmeno que acham que o estilo ‘luto pela minha vida miserável e fracassada’ super na moda e meninas (vamos chamá-las assim) extremamente oferecidas e energúmenas... Ufa! Eu nem sei como eu consigo lidar com tudo isso e não explodo... Ah, é, lembrei, eu já explodo.


 -Na verdade... – Comecei a falar, mas o mais perfeito idiota da face dessa maldita Terra achou que seria uma excelente idéia propor algo do tipo...


 -Na verdade nós achamos que essa é uma brilhante idéia, assim nós podemos ganhar mais pontos no trabalho, sem nem termos que ficar tão próximos e ainda fazer o trabalho da monitoria. – ‘Nós’. Observe esse ‘nós’ no início da frase. Em que momento nós paramos o tempo e decidimos o que viria a ser uma brilhante idéia? Alguém me conte, porque tudo o que eu vejo é o meu glorioso momento em que eu coloco a cabeça anormalmente grande num saco cheio de esterco de hipogrifo até ele morrer asfixiado. Essa sim é uma brilhante idéia.


 -Já que estão tão animados eu acho que poderiam ficar assim por duas semanas...


 Mas que droga! Além da detenção ainda teremos que fazer a monitoria e... Isso! A detenção!


 -Eu acho que isso não vai ser possível por essa semana professora Mcgonagall... É bem, analise nossa situação, nós dois estamos na detenção por causa do profesor Snape, e vamos ficar nela até sexta-feira, e eu acho que nós vamos nos sobrecarregar demais...


 -Então apenas por essa semana vocês vão fazer só metade da monitoria. – Ela falou animada como se isso fosse uma coisa boa.


 Eu sei, ‘você devia estar feliz com isso’ e bla bla bla, mas não é nenhum tipo de alívio ou favor você falar para alguém que ela ‘só’ vai precisar monitorar metade de uns milhões de quilômetros.


 -Certo... – Ela falou mesmo antes de nós respondermos e isso foi uma sorte para a minha reputação escolar, porque eu planejava responder umas coisinhas bem feinhas para ela – Então estou vendo que estão se dando bem, e vocês já podem... Ahn, continuar o que estavam... Fazendo... – com certeza aquele era o discurso que ela falava no fim de todos os enxerimentos nas duplas. Ela poderia falar outra coisa, mas o que exatamente ela falaria? “Continuem aí se beijando como se essa escola fosse o quarto de vocês, e se a Hermione quiser ficar grávida não tem problema... Ah, a propósito, vocês ganharam os 70% da nota” NÃO! Claro que ela não falaria isso, porque Merlin não gosta de acabar com esse trabalho logo e levar embora meu sofrimento. Ele gosta de acabar comigo de um jeitinho bem sagrado.


 -Tchau. – Falou Malfoy de um jeito educado.


 Mcgonagall desceu na maior lentidão. Que vontade me deu de empurrar ela escada abaixo. O Malfoy podia ir com ela com aquele cabelo oxigenado.


 -Então acho que podemos continuar... – Ele falou se aproximando.


 -Continuar o que? Eu nem comecei a te matar ainda. – Falei secamente.


 Ele riu. Riu como se fosse engraçado. Riu como se eu não estivesse falando sério. Quero ver se ele acharia graça a imagem do inferno, porque é para lá que ele vai se depender de mim. Se depender de Merlin ele com certeza vai para o céu, claro, isso só me estressaria mais.


 -Do que exatamente você está rindo? – Perguntei cerrando os olhos até chegar num ponto fatal.


 -De você... – Ele falou ainda rindo.


 -Malfoy, não é seguro nem divertido provocar a própria morte, apesar de que você nunca seguiu muitos os padrões de... Bem, de nada.


 -Granger, você fala como se fosse me matar. Ah, é, claro – ele revirou os olhos - com o que você me mataria?


 -Bem, minha varinha está no meu bolso, e nós estamos na Torre de Astronomia, então eu tenho duas opções bem atraentes... Que merd* de história foi aquela de aposta e que seria ótimo fazer a monitoria comigo? Você é idiota por acaso? Ah, espera, nem responde essa. Malfoy, eu ando percebendo que você tem um certo prazer pelo perigo. O que aconteceu? As meninas daqui não suprem mais as suas necessidades?


 -Granger, você anda muito estressada, eu acho que você devia ir se acalmar um pouco.


 -E eu acho que você devia parar de achar coisas sobre mim. – Falei ameaçadoramente.


 -Eu só queria ajudar... – Ele falou como se ele fosse bom.


 -Ajude saindo do meu caminho... Malfoy, você já percebeu o que está fazendo?


 -Conversando com você? – Ele falou como se fosse óbvio... Ai, que menino burro.


 -Não. Você não está simplesmente ‘conversando comigo’. Você não está me ameaçando, ou me xingando, você está falando com uma sangue-ruim... Sangue-ruim! Agora, pelo amor de Merlin – não que Merlin tenha muito amor no coração – Caia na real, Malfoy, isso não está certo.


 -Sério? – Ele falou de um jeito como se pensasse realmente no assunto. Ha, como se ele pensasse alguma coisa – Nossa, eu nem reparei que tava errado, eu tava achando isso tão certo e divertido, que pena, vou ter que parar com isso... – Ele suspirou irônico.


 Então era isso? Era apenas uma diversão? Apenas mais um quesito para o campeonato de humor negro? Um passatempo?


 Eu senti as lágrimas brotando nos meus olhos. Ele era... Era mais que um idiota. Era uma pessoa sem coração, que por uma incrível inveja, queria quebrar o coração dos outros, destruí-los até o último sentimento bom.


 -Você... Você é um idiota, Malfoy! – Ele pareceu surpreso com a minha reação... Canalha! – Como eu te odeio! Eu te odeio como eu nunca odiei alguém na minha vida miserável! Você é um sádico, você nunca vai ser nada na vida, entendeu? Nada! Você gasta seu tempo fingindo que gosta das pessoas, faz elas pensarem que... Que... – Eu não consegui acabar a frase. Era um ódio maior que eu e maior do que qualquer palavra que eu conseguiria falar.


 -Pára, Granger! – Ele gritou inocente – Num minuto você ta me beijando e no outro ta falando que me odeia... Pára com essa bipolaridade... – E o que eu fiz? Explodi, claro. Porque quando a vida caí em você a única coisa boa que Merlin faz é nós dar a opção de chorar para tentar soltar esse peso dentro da gente.


 -EU? TE BEIJANDO? EU NUNCA TE BEIJARIA, MALFOY! VOCÊ É QUEM ME BEIJA O TEMPO TODO COM A MESMA BOCA QUE FALA DECLARAÇÕES IDIOTAS E FALSAS, E COM A MESMA BOCA QUE ME XINGAVA O TEMPO TODO! SABE QUAL É A DIFERENÇA? – Eu não dei espaço para respostas. Até porque seria inútil qualquer resposta vinda dele – A DIFERENÇA É QUE AGORA VOCÊ SÓ MUDOU ONDE ATACAR! ANTES VOCÊ ME XINGAVA, MAS PELO MENOS VOCÊ ME DAVA ESPAÇO PARA TE XINGAR DE VOLTA! AGORA VOCÊ FAZ EU ME SENTIR UMA PESSOA HORRÍVEL! VOCÊ FAZ EU ME SENTIR COMO VOCÊ! VOCÊ FAZ EU PENSAR QUE EU PEGO PESADO E QUE EU SOU A MALVADA AQUI! VOCÊ É QUE É O IDIOTA AQUI, VOCÊ É QUE PEGA NO PONTO FRACO E QUEBRA AS PESSOAS! VOCÊ SÓ MUDA AS TÁTICAS, PORQUE AINDA É O MESMO IDIOTA DE SEMPRE!


 -GRANGER, JÁ DEU PRA VOCÊ PARAR DE FICAR ME XINGANDO, NÃO É? – Ele gritou no mesmo tom que eu.


 -POR QUE EU PARARIA? POR QUE EU TERIA PENA DE UM SER REPUGNANTE QUE NEM VOCÊ? POR QUE EU IRIA SER LEGAL AGORA COM VOCÊ? SE VOCÊ NÃO TEM AMOR PRÓPRIO, NÃO ESPERE ISSO DO MUNDO! NÃO É NORMAL ALGUÉM SER TRATADA DO JEITO QUE VOCÊ ME TRATOU TODOS ESSES ANOS PARA DEPOIS TRATAR BEM A SOCIEDADE, COMO SE NINGUÉM TIVESSE PISADO NELA! EUTENHO AMOR PRÓPRIO! EU TENHO ORGULHO! EU NÃO VOU TRATAR BEM QUEM ME TRATOU COMO LIXO! SABE POR QUÊ? QUEM É BONZINHO SÓ SE FERRA! QUEM TENTA SER A LUZ É RODEADO POR ESCURIDÃO! E QUEM É TODO OBSCURO TEM TODA A LUZ DO MUNDO EM VOLTA DE SI! MALFOY, ENTENDA QUEM VOCÊ É! SE VOCÊ TEM DIFICULDADE OU SE O SEU CORAÇÃO FOI QUEBRADO, SE É QUE VOCÊ JÁ TEVE UM, COISA QUE EU DUVIDO MUITO... MAS, SE O SEU SUPOSTO CORAÇÃO JÁ FOI QUEBRADO, NÃO VÁ QUEBRANDO OS DOS OUTROS.


 -SABE O QUE EU MAIS ODEIO EM VOCÊ? – Ele gritou, sua voz saía rouca, mas isso não ia me abalar. Eu tentava enxergar o que ele estava fazendo, mas as lágrimas eram como cortinas nos meus olhos, aquilo estava me matando – VOCÊ COMEÇA A GRITAR COMIGO E A BRIGAR COMIGO DO NADA! EU FALO ALGUMA COISA E VOCÊ COMEÇA COM ESSE ESCÂNDALO RIDÍCULO! E EU AINDA TENHO QUE ADIVINHAR O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO!


 -NÃO TENTE! NEM... NEM TENTE ADIVINHAR O QUE PASSA NESSA MINHA CABEÇA DE SANGUE-RUIM! VOCÊ... VOCÊ É UM... – Eu não conseguia terminar nada do que eu começava.


 -GRANGER, PARE DE QUERER TER SEMPRE RAZÃO!


 -EU NÃO QUERO SEMPRE TER A RAZÃO, EU SÓ QUERIA SABER A VERDADE! – Nesse momento eu comecei a chorar de soluçar e ele pareceu se abalar com isso, pareceu se importar, como se... Como se ele fosse capaz disso – EU QUERIA SABER POR QUE VOCÊ FINGE SER ALGUÉM QUE NÃO É, E POR QUE FINGE GOSTAR DE ALGUÉM QUE VOCÊ SIMPLESMENTE NÃO GOSTA! VOCÊ É UM ANIMAL, AINDA NÃO PERCEBEU ISSO? AINDA NÃO ENTENDEU QUE VOCÊ NÃO SENTE? NÃO GOSTA DE NINGUÉM? VOCÊ NÃO AMA, VOCÊ SENTE PRAZER! É DISSO QUE VOCÊ É FEITO! PRAZER DE ACABAR COM OS OUTROS, DE TRAIR, DE MENTIR, DE FAZER TUDO O QUE NÃO DEVIA FAZER! VOCÊ É UM VAGABUNDO!


 -Você ainda não entendeu o que eu sinto por você, né?


 -VOCÊ NÃO SENTE NADA! NÃO SENTE NADA NEM POR MIM NEM POR NINGUÉM! NEM MESMO POR VOCÊ, VOCÊ SENTE ALGO! E QUEM VOCÊ PENSA QUE É? – Gritei antes de empurrá-lo com uma força que eu não conhecia, uma força que o fez desequilibrar até bater na mureta da Torre de Astronomia. Mas um pouco e ele rumaria para a morte.


 Ele não podia demonstrar medo nem preocupação. Ele não podia demonstrar nada naquele momento, tudo pareceria fraqueza. Então ele fez algo que me estressou ainda mais. Foi andando na minha direção, calmo e decidido.


 -É, você tem razão, eu não sinto nada mesmo por você. As pessoas pensam que eu sou o maior idiota do mundo e um sádico. É, eu sou mesmo. Eu machuco as pessoas porque eu acho isso prazeroso. Eu escolho os meus alvos e faço elas quererem se matar, eu faço elas sofrerem, faço elas pensarem que me mudarem. É isso o que você pensou, não foi? Deve ter pensando que o “grande idiota do Malfoy” mudou por você. – Ele riu sarcástico e seco – Deve ter pensando que você foi a protagonista e fez algo maior que o Cicatriz, só para variar. Mudou alguém que ninguém conseguiu mudar, mudou o rumo da história. Deve ter achado que você com esse seu “charme e jeitinho feminino e delicado” me mudou para algo bom. Que me mudou para alguém que acredita no amor. Granger, você não tem poder pra metade disso. Não tem força nem personalidade pra isso. Nem mesmo sangue... – Ele se distanciou um tempo e me deixou parada lá.


 Por que diabos eu estava me deixando ser agredida daquele jeito?


 -Na verdade... – Ele se virou para mim novamente e falou casualmente, mas com um toque assassino e comensal – Eu nem acredito que eu cheguei tão longe para fazer você sofrer. Eu nem acredito que cheguei à... Beijar você. – Ele falou em tom de desprezo – Nem acredito que cheguei à falar coisas idiotas e estúpidas sobre amor, coisas que você adorou. Nem acreditou que fiz tanto por um ser tão desprezível que nem você. Você é realmente muito boba, viu, Granger? Ah! – Ele falou com um sorriso perverso nos lábios – Nem acredito que cheguei a falar que estava... – Ele esperou um pouco para falar, e quando começou eu senti o nojo em cada palavra – Apaixonado por uma sangue-ruim – Ele cuspiu essas palavras, como se não merecessem ser faladas por ele – Nossa, na verdade, agora eu estou sentindo nojo de mim mesmo... Então é assim que você se sente por ser uma sangue-ruim? Eu teria nojo de me olhar no espelho e vergonha de sair na rua. – Ele se aproximou novamente – Sabe, você é tão nojenta que eu acho que devia ganhar um prêmio por me aproximar tanto de você e fingir que me importava. Como se alguém fosse capaz de se importar com algum ser desprezível que nem você. Mas talvez eu realmente me importe com você... Me importe em fazer você sofrer.


 Isso acabou comigo. Acabou com cada ponta de orgulho que eu tinha, acabou com meu amor próprio, simplesmente acabou comigo.


 Ele simplesmente foi andando para trás, se aproximando da mureta que ele outrora quase caíra. Eu fui me aproximando. Me aproximando do meu maior inimigo. Eu não tinha mais orgulho para me impedir de fazer qualquer coisa.


 -Como se alguém fosse capaz de se apaixonar por você. Como se eu fosse capaz de me apaixonar por alguém.


 Eu levantei um pouco a mão, mas ela tremia e não conseguia levantar mais. Com lágrimas nos olhos eu consegui murmurar algo que pelo meu olhar era mais um ‘adeus, orgulho’.


 -Por que você está fazendo isso comigo? – Minha voz mal saía, minhas forças estavam sendo usadas para me manter em pé. Quase toda essa força foi embora quando ele se aproximou de mim e olhou nos meus olhos.


 -Porque eu não me importo. – Eu engoli em seco. Aquilo era demais. Aquilo... Aquilo não era humano. Machucar alguém naquele ponto não era humano. Minha mão levantou quase que num impulso, mas eu não cheguei a bater nele. Minha força agora estava quase acabando, mas eu ainda podia empurrá-lo. Ele pareceu meio receoso naquele momento. Ele não queria morrer. Ninguém quer morrer, se bem que naquele momento esse era o meu maior desejo para Merlin.


 -Você... – Eu falava soluçando, essa palavra mal saiu, eu tive que respirar fundo para continuar – Você nem vale a pena... – Abaixei minha mão. Foi tudo o que eu consegui falar. Essa foi minha única resposta para tudo o que ele tinha acabado de falar.


 “Você nem vale a pena”... Como se isso fosse afetar ele, como se isso fosse mexer com ele. Ele não se preocupava, não ligava. Qual seria a diferença de eu achar que ele não valia a pena? Mas, quer saber? Eu também não ligava. Naquele momento eu não ligava mais para o vento extremamente frio, nem para a minha nota, nem para a guerra, nem para nada. Naquele momento eu tinha perdido meu amor próprio, tinha perdido qualquer auto-respeito. Ele realmente não valia à pena, mas eu me preocupava.


 Saí tropeçando de lá. Ele ficou para trás, friamente me observando. Como alguém conseguia ser tão cruel? Como alguém conseguia machucar tanto? Como conseguia machucar e sair ileso?


 Eu corri com as minhas maiores forças (que não eram as maiores). Para onde eu não fazia idéia. Mas do que me importava para onde eu estava indo? Eu queria era explodir em lágrimas, e se o mundo fosse ver, bem, que visse. Nada me importava naquele momento. Eu tinha sido quebrada pelo meu pior inimigo.


 Ele tinha razão. Eu realmente cheguei a pensar que tinha mudado ele para algo bom. Eu não acredito que foi realmente idiota a esse ponto.


 Ele mudou a tática e eu não percebi. Ele parou de mexer nas coisas que ele achava que eram ruins, coisas que eu nem me importava. Ele começou a tocar nas coisas que eu realmente me importava, começou a tocar no que eu tinha de bom.


 Como eu odiava esse menino.


 Corri, corri e corri. Por quanto tempo mesmo? Meia hora, uma hora, talvez.


Era incrível. Agora eu precisava falar com alguém. Precisava falar com alguém. Era a sensação de explosão. Eu iria realmente explodir se não falasse com alguém, mas é claro que Merlin não foi bom comigo. Parecia que todo mundo tinha evaporado. Não havia mais ninguém.


 C/orri mais. Onde eu estava agora? Ah, é. Eu estava nos jardins, mas tudo estava vazio. Como assim? Todo mundo foi para onde?


 Finalmente! Eu tinha encontrado duas pessoas conversando ao longe. Fui me aproximando para ver se era alguém. Talvez fosse alguém para eu conversar. Me aproximei mais. Eles estavam conversando muito perto e não me viram chegar. Eu não conseguia ver quem era, estavam perto... Perto demais.


 Então eu rompi em lágrimas ao ver a cena que foi mais do que inconveniente naquele momento. Uma cena que não podia ter sido pior. A cena que simplesmente acabou com a minha vida.  
 
 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
 N/A: sintam-se a vontade para criarem um clube anti-Malfoy, porque ele merece a morte depois desse capítulo... KK ok, eu to falando como se não soubesse o que vai acontecer depois, e não sei mesmo ;P 
 Nhaan, vou responder os comentários de novo ;D :

 Katie Black: Haha, aiii, que bom que você gostou do capítulo *-* kk, vo conta um segredo: essa coisa das duplas também foi uma surpresa pra mim kk como eu já disse que só tenho idéias de momentos, eu não sei muito bem como vai ser a fic, então vai me vind as inspirações, eu vou escrevendo os momentos e vou tentando pensar em como chegar lá ;D E a Hermione só se ferra, e ainda tem o Harry pra se preoupar... KK já viu, né? Espero que goste do próximo capítulo também :D
 
 Anna Przybitowiscz: Aiii, eles são um casal lindo mesmo, mas as vezes da vontade de colocar a cabeça do Draco debaixo de um hipogrifo pra ele poder cagar na cabeça do Draco até ele morrer sufocado... Mas o público não encararia muito bem isso, então eu tenho que dar um jeito de fazer a Hermione não matar ele kk Aaah, mas que bom que gostou da declaração do capítulo, não se preocupe, eu tento postar rápido, só esperar meu pc ficar pronto que eu já posto :D continue lendo e espero que goste do próximo capítulo ;D Ahhh, e muito obrigada por ter entrado no site e comentado =D


 Beijinhos e até o próximo capítulo =D

Cap. 3 - Maldita seja Minerva Mcgonagall

06/10/2011 15:18

Maldita seja Minerva Mcgonagall

 

Sábado. Ótimo, eu precisava mesmo de um fim de semana depois dessa semana de estresse. Tudo o que eu preciso é acalmar, me isolar da sociedade, das pessoas e principalmente da pessoa mais idiota desse universo... Malfoy. Pensar que algum dia (ontem) eu tive a coragem de chamá-lo pelo primeiro nome. Mas enfim, eu preciso de um tempo sozinha, um tempo para mim... Então está decidido. Hoje eu não falo com ninguém, nem amanhã... “Nem comigo?”

 -Não, nem com você. – Murmurei para mim mesma.

 Então... Ah, é, não falarei com ninguém, porque é sempre assim... Meus problemas são as pessoas, e quanto mais eu tento me distanciar delas, parece que meu corpo cria um imã para elas, e elas vem chegando aos montes... Ah! Ótimo, hoje é dia de ir para Hogsmeade. É só eu fingir que vou um pouco mais tarde, se eu falar que não vou eles me perseguem, e eu acabo ficando aqui e invento uma desculpa idiota.

 -Acorda, Hermione! – Merlim, me responda uma coisa... Vocês aí em cima estão com algum concurso de quem acaba mais com a vida das pessoas? Por que eu posso dizer que eu acho que você está vencendo, não precisa continuar competindo não... Eu deixo, agora me deixa em paz, por favor.

 Gina puxou com tudo o cortinado da minha cama... Repito: MINHA cama! Como ela se atreve? Ainda está cedo, eu ainda tenho tempo de me arrepender de viver mais um dia e não vivê-lo e ficar apenas nos lugares mentindo, apenas existindo, falando que eu estou bem. Eu já estou craque nisso, aliás, é a mentira que eu mais uso na vida.

 -Hmm... – Eu acho que eu consigo fingir e talvez ela vá embora.

 -E pode parar de fingir porque eu não vou embora. – Tudo bem, uma mera coincidência.

 -Hmm... Mãe, não mãe, eu tenho medo de água, não me faça entrar aí... Mãe, eu... – Murmurei como se estivesse falando enquanto dormia, acho que desse jeito ela iria embora.

 -E eu não vou embora nem que você fique falando como se estivesse dormindo. – Ok, era óbvio que eu estava fingindo, mas tentar mais um pouco não faz mal nenhum, talvez ela se canse.

 -Hmmm... – Murmurei agora... Nossa, agora sim eu devia ganhar um Oscar por melhor atuação espontânea do mundo.

-Hermione, pare de gastar o seu tempo e o meu, você não vai ganhar nenhum dos prêmios que vocês ganham no mundo trouxa. – Tudo bem, essa menina lê mentes!

 -O que é que é, hein coisa? – Perguntei delicadamente para a minha querida amiga.

 -Já são 11 horas, e hoje é sábado... – Disse ela tirando o cobertor de cima de mim.

 -Exatamente, 11 horas de um sábado... Que diabos eu estou fazendo acordada? – Respondi puxando o cobertor para cima de mim de novo.

 -Para de ser teimosa e levanta logo. – Ela falou sem paciência.

 -Falou aí meu sobrenome, teimosia... Como você descobriu? – Perguntei sarcástica.

 -Olha, eu não estou com paciência hoje... Então só vou te dar o seu recado e ir embora... Eu não vou perder meu sábado tentando acordar a Senhorita Teimosia...

 -Que recado... ? – Perguntei curiosa.

 -O Harry está te esperando lá embaixo... Ele quer falar com você – Jura que ele quer falar comigo? – Ah, falando no Harry, Hermione, eu preciso falar uma coisa pra você... – Ela se sentou ao pé da minha cama.

 -O que foi, Gina? – Perguntei cansada... Eu já sabia o que vinha a seguir.

 -É o Harry... Ele ta tentando te convidar para ir ao baile com ele... – Ela parecia um pouco triste, e sem querer eu deixei escapar um “eu já percebi isso” – Como assim já percebeu isso? – Eu fiquei em silêncio, mas nem precisei tentar falar algo, pois ela nem me deu tempo – Ele ta, tipo, há séculos - Séculos? – Tentando ter a mísera iniciativa para te chamar para ir ao baile... Daí o menino toma coragem e quando ele vai pelo menos tentar te convidar você finge que não sabe de nada? – Merlim, eu retiro o que eu disse... Eu tenho certeza que você vai ganhar... Tudo bem, estragar meu dia é com você mesmo, na verdade, estragar com a minha vida é com você mesmo, parece até que você treinou para isso... Não deve ter ido com meu cabelo ou alguma coisa assim, porque parece que você me viu e pensou “é essa menina que vai ter a vida estragada por mim”.

 -Como você sabia disso? Ele te contou, né? Ele deve ter ido te contar minhas situações embaraçosas.

 -Não, Hermione... – Ihh, falo o nome de novo é porque eu to ferrada – Ele nem precisou porque ele foi contar tudo para o Rony... Aliás, são dois babacões, vão tentar contar segredos no Salão Comunal... Enfim, a questão não é essa, a questão é... Cadê você? Você ta sumida... Não ta mais do mesmo jeito.

 -Eu não to aqui? – Ou eu interpretei mal a frase dela ou eu to realmente invisível, e no mundo dos bruxos não é muito improvável.

 -Não é isso... Desde ontem você está estranha... – Todo esse escândalo por causa de um dia?!

 -Gina, você não pensou que ontem eu estava tendo um dia ruim?

 -Mas você ainda está assim hoje, e... Um dia foi o suficiente para eu sentir sua falta mais do que tudo... E na verdade você ta assim desde que você saiu da sala de poções, pelo o que o Harry me contou. Por favor, levanta, o dia tá tão lindo lá fora... Por favor? – Parecia que se Gina ficasse nessa por muito tempo ela iria chorar, então levantei lentamente e Gina deu pulinhos de alegria.

 Abri meu guarda-roupa e não encontrei nada. Pelo menos nada que servisse. Peguei uma calça jeans e uma camisa branca justa que dava uma leve acentuada na minha cintura.

 -A camisa fica porque é totalmente fresca e sexy... O jeans sai.

 -Como assim “sai”? Eu to ótima e confortável desse jeito... – Ok, ‘ótima’ foi exagero, mas eu não estava me vendo como uma pessoa horrível no momento.

 -Agora você está bem, mas está muito quente lá fora, você vai morrer de calor...

 -O que você espera que eu use? Eu só tenho isso... – Falei envergonhada. Eu não acredito que estava sendo controlada por um projeto de gente laranja.

 -Você vai usar algo meu, claro, e hoje eu vou comprar algumas coisas pra você e você não vai vim junto... Não quero você opinando nas roupas que você vai usar.

 -E se eu não usar?

 -Daí eu ficarei muito triste. – Nossa, e daí, mas tudo bem, ela é minha amiga e eu vou precisar contar meus problemas para alguém depois.

 -Tudo bem, Gina, eu uso. Mas como eu vou sair agora? De calcinha? – Gina riu igual uma descontrolada, eu não vi nada de tão engraçado naquilo... Na verdade, não tinha graça nenhuma, mas a Gina sempre foi meio louca mesmo... Só pra começar: ela me acordou bruscamente... Só pode ser louca pra fazer isso.

 -Não, sua boba. – Boba... Vamos analisar isso, ninguém com mais de seis anos, no máximo, fala a palavra boba/bobo – Eu já te falei que eu vou te emprestar algo... Particularmente eu acho que o Harry ficaria gamadão, mas eu acho que Snape tiraria uns mil pontos da Grifinória, e quando não tivesse mais pontos para tirar ele começaria a tirar pontos da própria casa... – Ela falou de um jeito misterioso, e, de algum jeito, isso me fez sorrir. Logo depois eu já estava rindo.

 -Sua boba... – Isso era contagioso, mas eu não ligava mais em ficar triste, eu não ia parar minha vida só porque Malfoy me beijou. O que ele representava na minha vida? Uma formiga... Talvez um ratinho de laboratório, mas mesmo assim, eu não podia ficar machucando os outros à minha volta só porque ele me machucou de um jeito pior dessa vez.

 Acabou que Gina me deu uma saia azul-marinho que era um pouco menor que o meio da coxa... Eu nem sabia que essas coisas eram aceitas aqui na escola. Apesar de Gina insistir, nós ficamos até o horário do almoço conversando sobre coisas fúteis, eu falando sobre escola e a Gina me contando sobre os meninos que ela já havia ficado. Não eram poucos não, eta menina safadinha... Ela já tinha ficado com mais meninos em uma semana do que eu já tinha ficado em minha vida inteira... Isso seria apenas 2, mas não vem ao caso.

 O almoço foi normal, eu comi com Gina em um canto qualquer da mesa, longe do Harry e do Rony, tentando evitar contato com qualquer um desses dois e Malfoy.

 Hogsmeade foi um tédio sem Rony e Harry perto, mas eu não podia ficar perto do moreno que ele já me vinha com um convite para o baile... Maldito baile. Gina comprou umas roupas para mim. Ela chama de roupas que valorizam meu ‘belo corpo’ (aah tá, belo corpo mesmo), eu chamo de roupas de descarada e se dependesse de mim eu não usaria nunca nenhuma delas... Talvez na festa a fantasia na Casa das Coelhinhas, mas Gina me fez prometer que usaria aquelas roupas.

 No resto de sábado nós ficamos batendo papo de meninas, coisa que eu achava que não tinham nada a ver comigo, mas até que eu me diverti. Eu não sabia que Gina podia ter um lado sentimental. Ela me disse que estava a fim de um menino, cujo nome eu não sei, ela só falou que gostava dele, não deu muitos detalhes. Isso, um menino só. Mesmo ela estando a fim desse, ela não perdeu tempo em Hogsmeade... Ficou com dois meninos. Mesmo assim foi um avanço sobre minha imagem sobre ela.

 No domingo eu pude descansar do mundo, inventei a desculpa de que eu precisava ler muitos livros que meus pais pediram... Pior mentira do mundo, mas parece que eles já tinham se cansado de me chamar para sair. E hoje eles ainda teriam jogo de quadribol: Grifinória contra Sonserina... Ha, esse eu não queria ver. Vai ser sangrento, ah se vai...

 Segunda-feira chegou lenta, o sol demorou a subir, a manhã demorou a ficar clara, parecia até os momentos tristes da vida... Lentos, demorados, sofridos...

 Estava quente, então eu usei o uniforme de um jeito mais curto. Eu estava mais atrevida que Gina, que estava usando roupas mais longas e folgadas. Ela estava abatida desde ontem a noite, quando voltou do jogo, mas eu nem me preocupei em perguntar, ela sempre ficava cansada depois dos jogos... Ela também não se preocupou em falar, então achei que não seria nada importante.

 O café da manhã foi silencioso também. Parecia que alguém tivesse morrido. Impossível descobrir quem havia ganhado, todo mundo estava quieto. E para o dia dar uma animadinha, minha primeira aula era de poções. Ê professorzinho chato, hein. Dumbledore podia ter escolhido alguém melhor... Ou eles tiveram um caso, ou Snape já tinha salvado a vida de Dumbledore, porque ele não foi escolhido por suas habilidades.

 E para as coisas melhorarem ainda mais, a nossa aula era com a Sonserina.

 “Você não esqueceu ele”.

 Eu sei que não o esqueci, mas você esqueceria? Esqueceria de um momento marcante da sua vida, mesmo que miserável? Esqueceria de alguém que é tão importante na sua vida de um jeito tão ruim? Esqueceria do beijo do inimigo?

 Fui andando com esses pensamentos em minha cabeça. Cheguei às masmorras, abri a porta e lentamente fui para o meu lugar. Mas... Algo lá também estava errado. Sem caldeirões, janelas abertas, alunos quietos, janelas abertas, um gato na sala... JANELAS ABERTAS! Que milagre é esse de as masmorras estarem com as janelas abertas? De tanto que elas ficavam fechadas eu nem sabia que elas abriam... Deve ter sido o maior sacrifício e... Espera! Se as janelas estão abertas, não há caldeirões nas mesas e há um gato... Minerva só pode estar lá, paradinha em forma de gato. Será que ela vai mandar evacuar a escola por causa da guerra?! “Não, sua idiota, senão as janelas não estariam abertas”. Verdade... Mas o que a professora de transfiguração faz na aula de poções... O que uma gatinha faz perto de um morcego? Isso devia ser contra a lei.

 Dei uma olhada pela sala e localizei um ponto. Um pequeno ponto que me trouxe lembranças de sexta. Malfoy estava sentado perto desse ponto, e nossos olhares se encontraram. A fúria encontrou a... O que era aquilo nos olhos dele? O que significava? Safadeza? Provavelmente, mas o que ele faz olhando para mim com esse olhar? Nojenta Parkinson está do outro lado da sala e ela já conseguiu o que queria. Ele podia continuar me odiando, seria bem melhor. Bem melhor do que ele fez sexta feira na deten...

 Virei minha cabeça lentamente e Snape me encarava. Ele tinha algo nas mãos e balançava discretamente. Agora eu tinha certeza. A raiva e triunfo nos olhos dele encontraram com o “fude*” dos meus olhos. Por que, Merlim?!  Por que eu tive que sair daquela detenção? Por que eu não joguei um Avada no Malfoy e resolvi todos os problemas do mundo? Ah, é, lembrei. UM FILHO DA PUT* QUE SE CONSIDERA PROFESSOR TIROU MINHA VARINHA DE MIM... NÃO! AQUILO NA MÃO DELE É A MINHA VARINHA! Maldito seja você, Merlim!

 Quando eu pensei em levantar, Minerva se transformou em pessoa de novo. Pra ser sincera, eu a preferia como gata... Não dava para ver essa cara brava que ela está dirigindo para todos no momento.

 -Bom dia, alunos. – Ninguém respondeu – Eu disse: bom dia, alunos – Merlim, ela ta até parecendo com a vaca da Umbridge... Ta até vestida como a vaca da Umbridge – Eu sei que vocês estranharam em me ter na sala de vocês de poções quando eu leciono outra matéria... – Todos ficaram com uma cara de “nossa, sério, nem sabia” – Aconteceu um incidente ontem durante o jogo de quadribol... Uma briga que saiu do controle. Para quem não estava lá... – Ela olhou diretamente para mim. Claro que eu era a única daquela sala que não tinha ido ao jogo – os alunos Louis Sparks, da Sonserina – com esse nome tinha que ser da Sonserina, mesmo – e Julio Kon – ta, o nome dele também não era tão melhor assim – tiveram uma briga feia que acabou envolvendo os dois times inteiros e alguns torcedores mais envolvidos...

 Todos ficaram em silêncio. Parece que todos ali participaram da briga.

 -Por causa disso eu dei uma conversada com o professor Dumbledore. Ele e eu achamos que nossa escola não podia continuar assim. Então divididos as salas: Grifinória com Sonserina, Lufa-Lufa com Corvinal... Vamos formar duplas entre vocês da Sonserina e vocês da Grifinória. Cada dupla terá que ficar junta por um mês. – A sala começou num falatório sem fim. Até Neville protestava.

 -Calem a boca. – Falou Snape friamente. Eu pensei que Mcgonagall faria algo em relação a esse comportamento, mas parece que ela aprovava, pois não falou nada a respeito.

 -Será um menino da Sonserina com uma menina da Grifinória, uma menina Sonserina com um menino da Grifinória... Vamos tentar separar as duplas entre pessoas que brigam mais – Qual era o sentido disso? Acabar com os alunos da escola? Se for para matar nossa dupla eu aceito ser a dupla de Malfoy.

 -Ótimo, eu fico com o Draqui... Com o nojento do Malfoy.  – A nojenta falou melosa. Ela não tinha entendido o espírito da coisa – Nós brigamos demais.

 -Senhorita Parkinson, eu acho que você não entendeu, vamos misturar os alunos pelas casas e sexos.

 -Licença, professora... – Eu levantei a mão e comecei a argumentar – Eu preciso participar disso também? Eu digo – Comecei a rir nervosa – Eu nem estava lá, e eu não sou de brigar muito com as pessoas... Pelo menos não até chegar nesse ponto.

 -Todos, senhorita Granger, sem exceção.

 -Então vamos ter que juntar as casas? – Alguém perguntou desesperado.

 -É! Vamos ter que fazer tipo... Grifirína? – Perguntei.

 -Por que vocês têm que ter o nome de vocês em destaque? Vai ser Sonsenória! – Gritou Parkinson.

 -Calem a boca a parem com essa idiotisse, eu quero ouvir os pares! – Gritou Malfoy ansioso e estressado, se pronunciando pela primeira vez.

 -Ótimo, será Pansy Parkinson, da Sonserina, com Harry Potter. – Pude ouvir reclamação dos dois lados – Parem com isso... Gregório Goyle com Joanne Kill, Ronald Weasley com Lyla Moulin – Pude ouvir a menina reclamando, mas tenho quase certeza que ouvi um pequeno ‘viva’ do Rony... Ele achava essa menina ‘super gostosa’... Vai entender – Draco Malfoy com Hermione Granger...

 O mundo parou de girar completamente. Eu não ouvia mais exclamações, reclamações, nomes, nem nada. É como se meu coração tivesse simplesmente saído para dar um soco na cara de Merlim por esse maldito azar. Era... Era o fim do mundo. Um mês perto daquele ser miserável. Um mês passando o tempo na presença dele.

 -Licença, professora, mas eu acho que eu não brigo tanto assim com o Malfoy... Não precisa gastar seu tempo...

 -Ótimo! Então não será problema para você... E as últimas duplas são: Vicent Crabbe com Luna Gulop.

 -Defina ‘ficar junto por um mês’, sim? – Eu estava em desespero, eu acho que se não estivesse em lugar público eu podia pular da janela... Na verdade, eu acho que vou fazer isso mesmo daqui a pouco.

  -Ah, sim, as regras... A dupla deve ficar junta maior tempo. A sua dupla será sua dupla em todos os trabalhos de todas as matérias durante esse mês, andará com sua dupla em Hogsmeade, intervalo com sua dupla... Enfim, deverão passar o maior tempo junto com sua dupla, assim vocês se conhecem melhor e talvez parem um pouco de brigar...

 -Vamos supor que eu acidentalmente mate minha dupla... – Fiz uma hipótese... Hm, não é má idéia – O que acontece?

 -Se vocês não seguirem as regras, ficarem tempo demais longe de sua dupla, vocês perdem os pontos que ganhariam com esse trabalho... Aliás, ele vale 70% da nota.  – Fude* - Se você chegar a matar sua dupla você nem precisará mais da nota, já que será expulso da escola... E, por favor, senhorita Granger, pare de me interromper – Se eu não posso matar a minha dupla eu retiro o que disse sobre ficar com Malfoy.

 -E se nós só fingirmos? Eu digo... Minha dupla é o Potter, com certeza podemos fingir que estamos apenas andando junto. – Nojenta Parkinson falou isso com nojo. DO QUE É QUE ELA ESTÁ RECLAMANDO? ELA TA COM O HARRY! O HARRY! E EU QUE TO COM O MALFOY? COMO É QUE FAZ?

 -Creio que não seja possível... Nós estamos monitorando o que fazem. – Snape falou. Pra variar, falou friamente. Assim, só pra variar mesmo.

 Todos os alunos começaram a reclamar novamente. Minerva deu um basta em tudo e falou o que devia ser seu discurso final.

 -Entendam que estamos fazendo isso principalmente por causa da guerra. Sabemos que muitos de vocês estão envolvidos nela, muitos vão lutar... Se nós começarmos a brigar entre nós, vamos destruir a única coisa que vai nos sobrar, que é o lar. Não destruam o lar de vocês. Porque... Quando a guerra apertar e vocês quiserem voltar para a casa de vocês... Bem, não terá mais casinha para vocês se refugiarem, aqui será o único lugar. Mas aqui vai acabar se ficarem se destruindo entre si.

 Todos silenciaram. O que ela falava era verdade. Não podíamos destruir o único lugar que nos sobraria. E o lar não era feito pelo lugar e sim pelas pessoas. Se nós nos destruirmos não vamos ter mais nada para nos apoiar.

 -E como início de trabalho... Daremos a vocês o resto do dia de folga. Vocês terão que ficar apenas com sua dupla, pelo menos por hoje... Assim vocês se conhecem melhor. Vão!

 Todos os alunos saíram correndo. A sala ficou vazia, eu não tinha saído do meu lugar, muito menos Malfoy. Nossos olhares se encontraram de novo, mas desviei rapidamente. Snape foi até minha mesa e me deu uma bronca sobre como eu não era a rainha do mundo, e como eu não podia sai da detenção mais cedo. Me entregou minha varinha e saiu da sala com Mcgonagall atrás.

 -Eu mandei você não sair da sala ontem. – Ouvi uma voz rouca ao meu ouvido, bem atrás de mim.

 -É, e ontem eu provei que você não manda em mim. – Saí andando, mas ele veio atrás e me puxou pela mão – Da pra soltar ou eu vou ter que te azarar dessa vez? Olha que eu to com a minha varinha.

 -É pra gente se conhecer melhor.

 -Eu não preciso te conhecer melhor. O básico eu já sei. Você é um idiota, e provou isso sexta-feira... Eu não preciso saber mais do que isso sobre você para os meus planos contra você funcionarem.

 -E me conte seus planos. – Ele começou a se aproximar perigosamente.

 -Nós podemos ir à torre de Astronomia que eu te mostro – sorri sarcástica.

 -Verdade, lá é mais privado. – Se aproximando ainda mais... Eu devo ter amolecido por um segundo, mas depois voltei com minha postura.

 -Ô animal, aqui também é privado. Eu quis dizer que eu posso te mostrar o chão do jardim te jogando da torre de Astronomia, idiota! – E empurrei-o e continue indo para fora.

 -Hermione, eu...

 -Do que você me chamou? – Virei lentamente para aproveitar aqueles meus últimos terríveis segundos antes de Malfoy cair mortinho no chão por moi.

 Ele foi andando até minha direção, mas passou reto. O que ele planejava?

 -Hermione... Por quê? Você não gosta? – Ele sussurrou no meu ouvido com uma voz rouca que desmancharia qualquer uma... Pode ter acontecido de eu ter me desmanchado por uns dois segundos, mas apenas eu sei disso.

 -Não... Eu não gosto de você falando o meu nome. Você não entendeu, Malfoy? Você é o problema. Você. – Eu continuava de frente e ele continuava atrás de mim... Aquilo não ia acabar bem.

 -Hermione, para com isso... – Havia uma pontada de suplicada na voz dele... Eu tenho certeza que tinha.

 -Por que você ta fazendo isso, hein? Da pra gente só andar perto um do outro, sem falar nada? Por que você continua me perseguindo? Por que parou de me xingar, hein? Por que, Malfoy?– Eu senti uma mão me virando gentilmente e ficamos frente a frente, olho a olho... Aah, isso não ia acabar nada bem – Por quê? – Perguntei uma última vez com a voz rouca.

 -Porque eu me preocupo com você – Acho que aquilo foi a coisa mais sincera que eu já ouvi ele falar, mas não era verdade... Não podia ser... Era o Malfoy, não podia ser.

 -E-eu nem sabia que você conhecia essa palavra, Malfoy... Na verdade, eu nem sabia que u-um ser igual você era capaz de sentir isso. – Comecei a recuar tentando afetá-lo, mas parecia que ele tinha uma resposta pronta, sem gaguejos, sem dificuldades.

 -Viu como você precisa aprender muita coisa sobre mim? Vai, Granger, me da uma chance de provar pra você que eu não sou tudo o que você acha que eu sou – Ele foi se aproximando perigosamente de novo, com aquele sorriso de lado que só menino sabe dar mesmo. Era impressão minha ou ela não tirava os olhos da minha boca?

 -Por que você ta pedindo isso agora? Por que ta pedindo isso pra mim? Por que ta pedindo uma chance pra sangue-ruim? E por que bem agora? Só agora que você se preocupa? Você já conseguiu o que queria, agora mantenha distância de mim.

 -Se eu falasse que eu mudei você acreditaria? – Ele perguntou como se arriscasse uma última chance de respeitar meus padrões de distância.

 -Se do nada eu começasse a fingir que gosto de você... Você acreditaria? – Estávamos ofegantes. É um recorde. Ofegantes, mas sem brigar... Isso precisava acabar agora.

 -Hermione, eu não to fingindo, da pra parar com isso? – Ele decidiu olhar para meu olho pelo menos uma vez e nesse momento eu pedi para Merlim para que ele olhasse para qualquer lugar, menos para meu olho.  Até parece que Merlim me ouviu.

 -Malfoy, só temos que nos conhecer... Qualquer coisa fora disso está fora do trabalho... – Agora ele começou a se aproximar de verdade de mim... Nossas bocas quase roçavam... Hermione, reage! Reage, Hermione! RÁPIDO, REAGE MENINA! – O que você está fazendo? – perguntei com a voz totalmente rouca. ESSE É O MELHOR QUE VOCÊ PODE FAZER?!

 -Te conhecendo melhor... – Ele estava perto demais... Perto demais... PII PII PII, ALERTA VERMELHO, ABORTAR! ME LEVEM EMBORA DAQUI E DEIXEM MINHA CONSCIÊNCIA NO MEU LUGAR!!

 -Malfoy, por favor... – Cadê minha voz que quase não saí?

 -Nossa... – Ele falou com a boca quase colada na minha – Eu não sabia que você conhecia essa palavra... Nem sabia que uma menina orgulhosa como você podia ter coragem de pedir ‘por favor’ a alguém... – Ele continuava provocando e eu continuava cedendo.

 -Malfoy... – Foi a última coisa que eu consegui sussurrar antes de ele me beijar de novo. Foi um beijo terno e calmo pelo lado dele... Eu acho que nem estava beijando direito. De repente ele tornou a liberdade de dar uma mordidinha no meu lábio inferior. Eu podia ter ficado quieta e agüentado, mas eu não consegui segurar a exclamação que veio, e ele deve ter achado que isso era algum pedido do tipo “continua, eu adoro sofrer, sou sado-masoquista” e me deu mais umas cinco mordidinhas... A questão é que ele podia beijar igual a um cachorro, cheirar a estrume de hipogrifo, e ser um adolescente nojento e todo espinhento, com pus por todo o rosto, mas não. Merlim não gosta de facilitar as coisas pra mim. Ele acha divertido acabar comigo, ele acha que eu sou um bom brinquedinho. Merlim é um sádico, isso sim. E pra piorar, é o Malfoy. Podia ser qualquer idiota, mas não, é o Malfoy. Bem o idiota do Malfoy. Por que ele tinha que ser tão bom nisso?!

 Eu só lembrei que precisava respirar depois que o beijo acabou, com nós dois totalmente ofegantes. Era como se um tivesse que dar ar para o outro, como se fôssemos amigos se ajudando, como se fôssemos bons um para o outro.

 -Seu idiota, você fez isso de novo... – Murmurei depois que consegui ar.

 -Você ficou brava? – Não, eu adorei e gostaria de repetir a dose, babaca – Estranho... Eu adorei. – Ótimo, e eu com isso?

 -Adorou o que? Me provocar? Me provar? Beijar uma menina? A Nojenta Parkinson fácil não foi o suficiente?

 -Hermione... – Ele estava sério e se afastou um pouco para poder me encarar diretamente – Eu não adorei porque eu te provoquei, apesar de eu achar isso excitante – deixei escapar um “canalha”, mas ele nem ligou. Quero ver se ele acharia excitante se eu desse um chute para aquilo que eu acho que ele tem entre as pernas. – Nem adorei só porque eu ‘te provei’ – Ele revirou os olhos, provavelmente deve ter achado ridícula essa expressão – E a Pansy... Nem precisamos falar dela de novo né?

 -Não, eu realmente gostaria de ouvir o que você tem para falar sobre ela – Continuei me fingindo de interessada sobre qualquer coisa que diz a respeito da Nojenta Parkinson.

 -Hermione, você é impossível – Ele começou estressado, mas depois foi acalmando – A questão não é nenhuma dessas que você falou... Eu adorei pelo simples fato de ter sido você – Aquilo mexeu comigo, eu podia ter deixado todo meu orgulho de lado e usar minha contra vontade para falar “aii, Draco, agora eu acredito em você”, mas ser fria pareceu uma opção melhor.

 -Já acabou com o teatrinho? – Ele pareceu confuso – Eu não preciso dessas suas cantadas, eu já falei que não preciso de você sendo legal comigo, não quero você tentando ser meu amigo nem nada do tipo. Se eu tivesse uma varinha no momento eu poderia te atacar... Ah, e por acaso eu tenho.

 -Hermione, da pra você parar com isso? Qual é o seu problema?

 -Eu já te falei muitas vezes, mas eu não me preocupo em repetir, aliás, isso me faz sentir que me problema vai embora... Meu problema é você! Talvez você não saiba porque nunca aconteceu com você, mas como você se sentiria se alguém te tratasse mal por seis anos e de repente mudasse? Qual seria o motivo dessa pessoa ter mudado, você se pergunta, mas você nunca vai adivinhar, porque essa pessoa e você realmente não se entendem... E você não tem motivos... Eu já falei que nós somos extremistas, ou nos odiamos ou nos amamos. E só pra começar você não é capaz de amar. Você pode só me deixar em paz, por favor?

 -Como você é teimosa... Acho que você não entendeu que eu não vou te deixar em paz nunca até você me ouvir – Ele me beijou de novo, mas agora foi um beijo possessivo e sensual. Esse eu não consegui resistir. Ele começou a me conduzir até me prensar na parede. Eu senti sua mão na minha coxa. Reage, Hermione. JÁ MANDEI VOCÊ REAGIR!

 Por que o Malfoy ta me beijando? Por que eu to deixando? ... Por que EU estou beijando o Malfoy? Por que eu to deixando ele passar a mão na minha coxa? Mas que put*ria é essa?

 Put* que pariu, o menino era bom nisso. Parece que ele sabia exatamente onde tocar, como fazer. Ele deu outra mordida no meu lábio e dessa vez os arrepios correram pelo meu corpo. Outra mordida, outro arrepio. Eu não agüentei e tentei esquecer que era ele. Comecei a passar a mão pelo cabelo dele e passar a mão por debaixo da camisa de uniforme dele. Que lado atrevido era esse? Que lado era esse, hein mocinha? Eu tenho que parar de ir com a onda. Acabei dando uma mordidinha no lábio dele também. Por Merlim, esse mundo ta perdido.

 -Malfoy... – Murmurei enquanto o beijava.

 -Hum? – Ele simplesmente não prestava mais atenção em nada do que eu falava. Depois que eu mordi o lábio dele,  ele enlouqueceu. Ele perdeu o controle e não respondia mais pelos seus atos. E a culpa era minha... Maldita seja eu mesma.

 -Vamos... Hum,vamos parar com isso... – Tentei murmurar de novo, mas deve ter saído algo do tipo “nhumahsnuanhau”

 Comecei a me afastar. Dei uma olhada nele. Espero que ele não leia mente, pois estava totalmente sexy. A gravata estava afrouxada e os primeiros botões da camisa estavam soltos. O cabelo estava bagunçando. Ele me encarava com uma cara abobada que me dava muita vergonha. Dei uma olhada em mim mesma. Eu não estava nada melhor que ele. Minha saia estava um pouco mais pra cima, eu sentia os fios de cabelo bagunçados pelo meu rosto, os primeiros botões da minha camisa estavam quase abertos. Me arrumei rapidamente e sussurrei para Malfoy:

 -Se arrume, por favor. – E fui saindo devagar pela última vez.

 -O que aconteceu, Hermione?

 -Aconteceu que isso não está certo, Malfoy. Nós somos inimigos, nos odiamos.

 -Por que você é tão teimosa? – Ele ficou realmente estressado – Por que pra você é sempre no extremo? E o meio termo? Não existe?

 -Você é que me tratou mal por seis anos e de repente decide me tratar bem e acha que precisa me beijar. A questão é que você não pensa pra fazer as coisas... Pelo menos não pensa nos outros, só pensa em você! Você chega, me beija, não da satisfação e espera que eu aceite tudo isso como uma vadia! Você não fala o que quer! – Eu senti as lágrimas brotando.

 -Eu já falei que quero você! – Ele gritou, a voz totalmente rouca e decidida.

 -Por que eu? E por que eu acreditaria em você? – Senti as lágrimas caindo e vi Malfoy as acompanhando por um segundo, mas depois continuou com a discussão.

 -Eu não sei por que bem você. Se eu pudesse escolher, com certeza escolheria qualquer uma, qualquer uma menos você! Eu comecei a me perguntar isso também no começo desse ano. “Nossa, por que eu estou olhando para a sangue-ruim?” “A sangue-ruim está bonita hoje, mas por que diabos eu fui perceber isso?” E então eu comecei a me perguntar por que eu não tinha mais vontade de te tratar mal? Por que eu não queria mais ver você sofrer? Por que isso só me deixava pior? Por que não me fazia bem te chamar de sangue-ruim? Por que eu comecei a pensar em você como Hermione, e não mais como Granger e sangue-ruim, e o mais importante, por que eu pensava em você? Hermione, é maior que eu, e se eu pudesse fazer um pedido eu pediria para parar. Porque me tortura. Porque acaba com meu orgulho! Porque vai contra tudo o que eu acredito! Porque é tudo que não foi feito para ser. Mas o pior é quando eu comecei a pensar igual uma menininha apaixonada pensa... “Por que ela não olha pra mim?”, “ Por que ela anda e ri com o Potter e o Weasley e não comigo?” “Por que não sou eu que estou dando motivos para ela estar feliz, e sim eles?”. Você não acha que quando eu te beijei foi a mesma coisa que ir para o céu provando o inferno? Foi aliviante poder te ter finalmente, pelo menos por um segundo. Foi algo de alegria extrema. Mas então eu percebi, que naquele momento você era minha... Mas era durante aquele momento. E às vezes eu penso se não teria ser melhor nunca ter provado.

 -Malfoy, eu... – As lágrimas caiam a cada palavra que ele falava. Era como se cada lágrima saindo fosse algo de mal que ele faz para mim indo embora. Mas elas iam voltar. Elas iam para dentro de mim de novo em algum momento, então tudo voltaria como era.

 -E eu não consigo fazer você acreditar em mim. Porque eu não mereço. Mas eu preciso que você acredite e eu não consigo fazer isso sem acabar te machucando – Ele falava no tom de súplica mais sincero do mundo. 

 -O problema é que você é tudo o que você não devia ser – Aquilo o machucou. Eu pude ver isso, pude perceber isso... Eu pude sentir, porque, de algum jeito, me machucou também. E de repente eu vi todo o flashback das nossas vidas. Eu não encontrei nenhum momento bom entre nós. Nada. E não é como se nós começássemos uma nova vida agora. Até porque, mesmo ele tendo mudado, pelo menos por mim, ele ainda era o Malfoy. Ainda era o idiota com o resto do mundo. O preconceituoso, infantil, e eu não podia me deixar levar por uma ação. E eu não conseguia acreditar. Não podia acreditar.

 -Hermione, eu... – ele se aproximou

 -Malfoy... – Continuar falando o sobrenome dele não doeu nada em mim, mas para ele deve ter doído como sete facadas no peito – Eu... Não posso. Meu orgulho é tudo o que eu tenho, e, ficar com você... Ficar perto de você acaba com ele. Vai matando meu orgulho aos poucos e acaba me matando também. E... Você não mudou. Você ainda é o idiota que me chamava de sangue-ruim, nojenta, Granger metida... E, daqui a pouco você vai perceber que tudo isso foi um momento da sua vida que... Que não valeu a pena. Daqui a pouco você vai ver que nada disso que você está falando vale a pena ser falado por você, muito menos ser ouvido por mim.

 -Talvez... Talvez esse dia chegue. Talvez você decida acreditar em mim só quando esse dia chegar. Talvez eu te odeie depois disso. Talvez tudo volte ao normal e tudo tenha sido tarde demais... – Ele limpou uma das minhas lágrimas – Mas, até lá... Isso vale a pena. Você vale a pena. Talvez ele chegue amanhã, talvez chegue daqui a um ano, talvez depois da guerra, ou talvez nunca chegue, mas... Por enquanto... Você vale a pena. – Ele se aproximou para me beijar de novo, mas eu virei meu rosto, comovida pela declaração, confusa, desnorteada.

 -Talvez esse dia chegue... Então eu estarei livre. Então não terei mais que preocupar com você, mas... Até lá eu tenho que me preocupar... Até lá eu terei que sofrer de um jeito pior do que mil crucios, até lá eu ainda estou indefesa, presa nos meus próprios sentimentos... Quando o dia chegar eu estarei livre, mas agora eu estou presa. Presa para sempre nos seus sentimentos.

 -Não se preocupe... Até esse dia você já vai ser minha... – Disse ele trazendo seu lado ‘eu sou o melhor de todos’ à tona. Eu me senti bem com isso. Porque eu estava conhecendo muitos lados dele que eu não conhecia, era bom voltar ao antigo de vez em quando – Até lá você já vai me querer. Já vai me desejar tanto quanto eu te desejo agora.

 -Lá... Só lá... Porque agora eu não desejo nada em relação a você. Até lá terá que se contentar com isso...

 E sai andando, deixando atrás de mim um Malfoy totalmente confuso, talvez raivoso. E ele deixou uma Hermione totalmente confusa sobre seus sentimentos ir embora.

 Só consegui pensar direito depois que cheguei aos jardins. Centenas de duplas andavam lá, algumas até que conversavam bem, outras andavam meio afastadas. Só eu estava sozinha. Talvez esse fosse o meu futuro. Talvez os anos vão passar e só quando eu chegar aos 62 anos eu vou perceber que eu estou sozinha, mas será tarde demais, porque eu já estaria com 200 quilos, comendo chocolate ‘Kidelícia’ assistindo filmes de mulheres que levaram um fora com os meus 37 gatos.

 “Ufa, cheguei! Que bom que eu cheguei a tempo! Cadê ele? Temos que acabar com ele agora!”

 ‘Ufa, que bom que eu cheguei a tempo!’ pensei sozinha imitando minha consciência. Chegou a tempo de eu acabar com você. Por que você não veio antes?

“Porque eu não consegui. Seu coração não deixou. Eu não cheguei antes porque você precisava de um momento sem pensar direito, um momento sem eu falando”

 Faça um favor e mande meu coração a merda, sim?

 Merlim, prepare seu melhor exército, porque eu vou acabar com você por ter acabado comigo. 

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

N/A: OOi, gente ;D Gostaram do capítulo?? Me contem o que acharam comentando aqui ou mandem uma mensagem pessoal para mim por aqui =D É muit importante para mim saber o que vocês estão achando *-* Bejus e espero que tenham gostado ;D

 

<- Anterior                                                                               Primeiro capítulo

Cap. 2 - Um pedido de desculpas nunca vem sozinho

03/10/2011 17:41

Cap. 2 - Um pedido de desculpas nunca vem sozinho

 

Passei o resto do meu dia perfeito me escondendo de tudo e de todos.

 O melhor momento do meu dia foi quando eu finalmente consegui dormir... Foi difícil, já que conversinhas como “Hermione na detenção? Mentira...” se faziam presentes no dormitório.

 O que ele havia feito? No que ele me tocou tanto? Um selinho? Haha, Hermione, você não é tão infantil assim. Seria algo surpreendente se eu gostasse dele de verdade (bem, quando se trata do Malfoy nem precisa se gostar de verdade) e se eu tivesse cinco anos. Mas eu não tenho mais cinco anos, não sou mais criança, não encaro os mesmos problemas, então não tenho motivos para achar isso algo demais.

 Acordei no dia seguinte sem nenhum pressentimento, e me senti tão bem por isso... Sem expectativas, sem desilusões, sem nada. A pior desilusão que você pode sofrer é a em que apenas você está envolvida, porque você espera algo de você, você sabe seus limites e capacidades, mas mesmo assim espera algo inesperável, e foi isso que aconteceu ontem... Sofri a desilusão de um dia que eu imaginei, apenas eu, e não posso culpar ninguém, nem mesmo... Malfoy.

 Eu não estava me agüentando. Aquela culpa era demais. Eu não agüentava gritar com alguém e não fazer nada... Eu sempre gritava com Rony, mas às vezes eu pedia desculpa e eu não brigava sozinha. Com o Malfoy só eu gritei, só eu xinguei, mas... Bem, Malfoy tinha feito isso por seis anos seguidos e... Não, Hermione, o que é isso? Eu não posso me igualar ao nível dele... Eu terei que pedir desculpas... Quanto mais cedo melhor...

 -Hoje... Depois de todas as aulas... Hoje é sexta mesmo... Tudo bem, tenho que me preparar para isso, se bem que deve ser fácil – Me peguei falando comigo mesma.

 O problema era que... Não ia ser nada fácil! Eu nunca tive que pedir desculpas para alguém desse jeito, até porque eu nunca me senti tão culpada e com tanta vontade de me desculpar... Para piorar a pessoa é minha inimiga. O que aconteceu comigo? Cadê meu orgulho? Meu melhor amigo, meu apoio?

 -Hermione... Bem, você está bem? Você parece um pouco... Pálida.

 -Ahn? – Me deparei com um par de olhos verdes e um monte de fiozinhos ruivos – Ah, Gina... É, sim, eu estou bem. Eu só estava pensando.

 -No que exatamente? Estava pensando em como vai ser a detenção hoje?

 -Não, Gina, eu nunca pego detenção e... – A Gina estava louca? Detenção? Eu? Quem está louca aqui é... Uuuh, sou eu a louca, já tinha me esquecido da detenção -  Ah, não! A detenção... É verdade, com o Malfoy! Obrigada, Merlim!

 -Ah, não deve ser tão ruim assim... – “Ah, não deve ser tão ruim assim” isso é porque não é ela que vai ficar na detenção a semana inteira com o Malfoy! E eu tenho certeza que ele vai querer me encher o saco sobre coisas sobre como eu fui grossa e bla bla bla... – Ah! Vamos logo! A aula já vai começar.

 -Ah, mas eu nem tomei caféééé...!!! – Gina havia me puxado antes mesmo de eu terminar de falar.

A aula foi chata... Isso é estranho para mim, mas talvez tenha sido chata devido ao fato de eu ficar olhando para o relógio esperando a hora passar, mas parecia impossível, parecia que era peso demais para o ponteiro do relógio levar, não importa os motivos, a hora não passava.

 Quando o último sinal bateu, eu fui correndo para o Salão Comunal, mas fui parada no meio do caminho por Harry.

 -Hermione, o que aconteceu? Você está bem? Mal falou comigo hoje...

 -Sim, é, Harry, no momento eu estou um pouco ocupada. Eu preciso ir... Fazer uma... é, bem... coisa.

 -Você ta estranha, Mione. – Ele falou me encarando, então eu decidi que seria melhor eu disfarçar melhor e o encarei também, ficando cara a cara com ele, próximos demais – Ah... – Ele pareceu encabulado e discretamente deu um passo para trás – Eu queria saber sobre o baile... Se você não gostaria de... – Ah não! Eu sabia onde isso ia parar, então inventei uma desculpa... Eu diria que é a desculpa mais idiota que criei na vida.

 -Meu Deus, verdade! Que bom que você me lembrou... Ufa, obrigada Harry!

 -Então você aceita?

 -Acredite Harry, se eu tivesse escolha, não aceitaria. – Ele parecia totalmente confuso e triste... Merlim! Como eu sou uma pessoa horrível – Aliás, quem iria escolher ir para a detenção? Com o Malfoy ainda? Pff, esse mundo estaria perdido – Fui me distanciando lentamente dele.

 -Hermione, eu estava falando de baile e você vem me falar de detenção? Nós estamos na mesma conversa?

 -Harry, esse papo de amizade agora não, ok? Eu realmente estou atrasada. Para... É, bem, ir naquele lugar, naquela hora pra poder fazer aquela coisa.

 -Antes do jantar? – Ele perguntou desconfiado dando um passo para frente.

 -É. – Passo para trás – Bem, eu tenho que ir agora fazer aquela coisinha chamada... Banho! É, banho! Ficar limpinha e cheirosinha pra comer a comida dos elfinhos bonitinhos, orelhudinhos, narigudinhos e todos esses ‘inhos’ fofos da vida. – Ok, alguém me explique como e quando a conversa chegou nesse ponto de eu citar os “inhos”.

 -Hermione eu realmente preciso...

 -AAAAH! Psiu! Fica pra depois, ok? – Dei um beijo em sua bochecha e saí correndo para a direita.

 -O Salão Comunal é do outro lado! – Ele gritou meio abobado e eu juro que vi ele com a mão em cima de onde eu o beijei.

 -Exatamente! Eu só estava te testando e me aquecendo! – Gritei indo para a outra direção.

 

 Cheguei ao Salão Comunal ofegante, minhas pernas doíam de tanto correr. Eu fui lá fazer “aquela coisa chamada banho” (de onde eu tirei isso? Até parece que eu sou uma mulher das cavernas que tá aprendendo um novo vocabulário). Saí correndo para o jantar. Eu não podia chegar atrasada e chamar a atenção dele.

 Eu teria que falar com ele na detenção. A culpa parecia pesar em cada fio de cabelo meu (que não eram poucos não), me corroendo por dentro e por fora.

 Cheguei ao salão para comer. Se querem saber, eu comi igual uma porca de tão rápido que coloquei a comida na minha boca. Tirando esse fato nojento, meu jantar foi normal. Ás vezes eu arriscava e dava uma olhada para a mesa da Sonserina. A Nojenta Parkinson reparou isso em uma das minhas olhadas, e fez seu papel de vadia muito bem. Agarrou o Draco de repente. Não chegaram a se beijar, mas chegaram bem perto disso.

 Oh, meu Merlim! Será que... Será que... SERÁ QUE ELE CONTOU PARA ALGUÉM?! Tomara que não, imagina que vergonhoso que seria. Ok, ok, Hermione, mantenha a compostura. Aaaaah, não, por que eu estou andando até a mesa das serpentes asquerosas? Meus pés não me obedeciam mais, parece que eles tinham tomado vida e decidiram me envergonham mais. Todos me encaravam naquela mesa. Na verdade, todos no salão me encaravam. Qual seria minha desculpa dessa vez? Falar que eu tinha andado para a mesa deles no meio do jantar para fazer aquela coisa chamada banho não pegaria muito bem. Meu tempo estava acabando, o que eu iria dizer para aquelas cobras asquero...

 -Granger, o que você pensa que está fazendo aqui? – Uma voz nojenta, fina e levemente (há, levemente é boa) aputeada... Não podia ser o Malfoy. Ufa, ainda bem que era só a Nojenta Parkinson. Pansy Parkinson para os demais, nojenta Parkinson para as intimas inimigas.

 -E-eu... – “É Granger, o que você está fazendo aqui mesmo?” minha consciência me perguntava. Bem, Consciência, é uma longa história e, vendo daqui, é até engraçada e... hahaha, aiii, tão engraçada que eu acho que vou te cont... “Eu não quero saber, na verdade, eu já sei a história, eu estava lá, se lembra? Mas eu não estava presente para você fazer a burrada que você está fazendo agora. E responda á essa Nojenta Parkinson” isso aí Consciência, chame ela do jeitinho que eu te ensine... “Ah! Quer saber?! Você não quis minha ajuda para vir até aqui, agora eu vou embora ta? Me conta a história depois...” Não, Consciência! Fica aqui! “Vou te contar viu... Eu saio pra tomar um cafezinho e a menina já faz essa burrada... tsc tsc tsc...” Consciência?... Silêncio. Ótimo! Estou sozinha agora, nem minha consciência quer mais me ajudar.

 -Granger, você vai me falar o que está fazendo aqui, ou vai continuar com essa cara idiota olhando pro nada fazendo gestos sozinha? – Ela finalmente soltou do Malfoy, todos olhavam para mim menos ele. Ele evitava olhar para mim e começou a comer.

 -É que eu deixei meu garfo cair. – Ok, Consciência, você vai embora e o melhor que eu consigo dizer é que meu garfo caiu. Tipo, e daí? Eu to pensando que vou te demitir, viu. “Eu ouvi isso” Bom mesmo, talvez você comece a ser mais competente e pare de faltar no serviço.

 -E eu com isso, Granger?

 -E você nada, Parkinson, a mesa não é sua, se você não gosta da minha presença aqui então o problema não é meu. Eu precisava de um garfo, e estava em falta na minha mesa. Você quis saber a resposta, ótima, ouça a resposta... – Saí andando para a porta, mas um pouco antes falei – vadia... – Eu ouvi alguém batendo com raiva na mesa.

 -Eu ouvi isso, Granger. – Fui me virando lentamente.

 -Que bom, agora todos sabem o que você é.

 -Unf – Ela bufou – Aqui está seu garfo! – E jogou um garfo na minha direção... Eu não desviei muito bem, acabou acertando meu braço, mas já que eu não estava tão perto assim, nem machucou.

 -Chega, meninas! – Ouvi Minerva gritando – Srta. Parkinson, sente-se, Srta. Granger, vá para o seu lugar.

 -Não precisa, eu já estava de saída... – Falei olhando uma última vez para todo o salão e pude ver os olhares curiosos, o olhar confuso de Harry, mas nenhum olhar de Malfoy.

 Talvez seja assim mesmo, talvez ele não se importe comigo... “Mas ele não te xingou nem te humilhou lá dentro”, aaah, olha quem decidiu aparecer. “É minha culpa se você decide fazer decisões importantes quando eu estou no meu horário de almoço” Unf, desde quando consciência come? Ta evitando a anorexia, é?... Enfim, te ignorando totalmente, será que ontem foi só algo do momento? Mas... Eu sempre fui uma sangue-ruim pra ele, uma menina nojenta, e o Malfoy sempre fora um menino mimado e raivoso, preconceituoso com raiva de mim por eu ser uma sangue-ruim. “Isso é quem ele é, não se iluda.”... De que lado você está? Eu vou descobrir as respostas hoje.

 O tempo passava devagar. Devagar demais. Eu não agüentava. Eu imaginava se ele estava pensando sobre ontem e por que... Ei! Por que eu estou pensando nisso? Vá pensar na guerra, na Gina, no Rony, nos seus pais, no Harry... Ah, Harry... O que está acontecendo com você? Que história é essa de baile, de se aproximar de mim? Ás vezes eu queria ter nascido... Sei lá, eu podia ter nascido sendo um basilísco. Isolada da sociedade, ninguém poderia olhar para mim...

 Sete horas finalmente. Eu saí correndo para as masmorras para cumprir minha tortuosa detenção com o Malfoy. Eu ia pedir desculpa e seria só isso. Nada de conversas, agarramento, nada. Apenas desculpas.

 Quando cheguei lá, Malfoy e Snape já estavam dentro da sala, só me esperando.

 -Desculpe, Professor Snape.

 -Chegue na hora da próxima vez... Bem, ignorando esse ocorrido – Ele falou friamente me encarando – Vocês terão que arrumar as provas por sala, nota, e nome... Depois terão que arrumar os meus relatórios... Bem, é isso, eu volto às dez. E me dêem as varinhas – E pegou nossas varinhas.

 -Ahn, perdoe-me, Professor Snape... Você vai sair da sala... ? Eu quero dizer... E nós?

 -Quem está na detenção são vocês senhorita Granger, eu não fiz nada errado – Ah, não, imagina que nunca fez nada errado. Eu podia fazer uma lista de coisas que ele fez de errado, só para começar, para ficar no topo mesmo, seria “se tornar professor”. Nossa, isso superou tudo que é errado do mundo – Eu não preciso ficar aqui, perdendo 3 preciosas horas da minha vida por causa de vocês. – Deu muita vontade de perguntar por que ele virou professor então, mas me segurei e ele saiu da sala.

 -Vai sentar ou vai ficar olhando para a porta, Granger? - Granger? Granger? Como assim “Granger”?

  -Eu já ia me sentar...

 Nós ficamos num silêncio constrangedor, Malfoy respirava pesadamente. Finalmente decidi falar com ele.

 -Malfoy...

 -O que foi, Granger? – Ele não se virou para mim a princípio, mas depois me encarou de um modo intimidador.

 -Eu queria pedir descul... Descu... – A palavra não saía – Me perdo... Eu sinto mui... – O que aconteceu com a história de só pedir desculpa e depois acabar com o assunto? Eu vi que aquilo ia demorar.

 -Ok, já entendi que você quer pedir desculpas, mas me diga por que. – Sem sangue-ruim, nem nojenta, nem nada... As coisas estavam um pouquinho melhor do que eu pensava.

 -Ontem... Eu não fui muito legal e... Apesar de você ser quem você é, bem, nada justifica meu comportamento.

 -Tudo bem, mas eu quero ouvir você pedindo desculpas de verdade, quero ouvir você falando “me desculpa, Draco”.

 -Tudo bem, é... A parte do ‘me desculpa’ eu entendi, agora, o que é que esse ‘Draco’ faz no meio da frase? – Cala a boca, Hermione...

 -Granger, eu já estou aceitando suas desculpas – Ele falava como se fosse óbvio.

 -Não, deixe-me entender isso: eu tenho que entrar nas intimidades, ficar te chamando pelo primeiro nome, me humilhando como se louquinha por você, te chamando de Draco como se isso fosse mudar alguma coisa... É isso que você pedindo pra eu fazer? – CALA A BOCA, HERMIONE!!!!!

 -Isso mesmo, e pedir desculpas também.

 -E só eu tenho que fazer parte disso? Você fica de fora... ? – “HERMIONE, É A SUA CONSCIÊNCIA FALANDO! AGORA VOCÊ PEGOU PESADO! COMO ASSIM, NEM UM CHÁZINHO PÓS-JANTAR EU POSSO IR TOMAR SEM VOCÊ FAZER ALGUMA COISA EXTREMAMENTE ESTÚPIDA? EU MESMA ESTOU PENSANDO EM ME DEMITIR, MAS ANTES DISSO CONVERTA ISSO QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AGORA!! NOS FAÇA UM FAVOR E CALE A SUA BOCA, HERMIONE”

 -Ai, você só complica as coisas... Já que é tão importante pra você, Hermione... Mas depois não vá reclamar das intimidades. – Iiiih, Consciência, já era. “COMO ASSIM ‘JÁ ERA’? VOCÊ DEVE ESTAR TODA ORGULHOSA AGORA POR QUE O DRACO ESTÁ TE CHAMANDO DE HERMIONE AGORA!!! VIU, NÃO ME ESCUTOU! É ISSO QUE DÁ...” – Agora meu pedido de desculpas.

 -Unf. – Bufei. Respirei fundo e joguei tudo de uma vez – Me desculpa, Draco.

 -Sabe... – Ele se posicionou na cadeira de uma maneira extremamente confortável e olhou para o horizonte – Eu acho que se as pessoas pedem desculpas, ou elas realmente querem pedir desculpas, ou elas não querem dizer nada e falam da boca para fora.

 -Eu já pedi desculpas, Malfoy.

 -Tem razão, já pediu mesmo, Hermione... – Ele se virou e começou a aproximar seu rosto do meu – Agora vamos às intimidades... Eu quero acabar o que começamos ontem.

 -Não começamos nada ontem, Malfoy. – Tentei me distanciar aos poucos.

 -Primeira coisa: não chame de Malfoy, você que pediu para eu te chamar de Hermione, então eu quero o mesmo... Segundo: não tente se distanciar porque eu estou percebendo isso... Terceiro: se não começamos nada ontem, então podemos começar algo hoje.

 -Não, por favor... – Eu estava perdendo a noção de tudo. Cadê o meu ódio? Consciência, cadê meu ódio?! “Ah, agora você vem falar comigo... Me perturbe mais uma vez enquanto eu estou no meu horário de comer ou de dormir que eu te falo onde está o seu ódio.” Olha que não foi assim que eu te eduquei...

 -Bem, só porque você pediu com jeitinho eu vou te provocar... Eu te dou 30 segundos para correr. 1, 2, 3....

 -Malfoy, para com essa criancice e vamos acabar a detenção aqui – falei entediada.

 -Se eu fosse você correria agora. 7, 8, 9...

 -Pra onde eu vou correr? Esse lugar é minus...

 -11, 12...

 -Aaah, seu idiota! – E saí correndo – E não vale olhar!

 Vejam bem no ponto que eu cheguei. Eu estou brincando de esconde-esconde com o idiota do Malfoy. Um esconde-esconde um pouquinho erótico se você for analisar. Não... Ele me maltratou por 6 anos, eu não vou mudar as coisas agora.

 -29, 30... – Eu ouvi os passos lentos dele andando pela sala, mas nunca chegavam onde eu estava.

 “Hermione, pare agora! Saia dessa brincadeira e volte para a realidade! O que esse menino quer com você? Você pelo menos sabe? Você conhece ele, não caia em tentação”

 Era como se eu fosse Eva, minha consciência fosse Adão e Malfoy fosse a Árvore Proibida. Agora a questão era se eu iria desobedecer todas as ordens, quebrar as regras para comer a maçã, ou se eu ouviria a minha consciência e deixaria as coisas como já estão.

 -Te encontrei... – Ele parou em minha frente, mas eu não prestava atenção – O que aconteceu? – Ele agachou e ficamos nos encarando, olho no olho.

 -O que aconteceu... Eu que te pergunto. Eu pensei que seu orgulho viesse em primeiro lugar... Junto com o que os outros pensam e as camadas sociais e essas coisas de família e sangue... Porque você ficaria com uma sangue-ruim suja que nem eu?

 -Hermione, eu... – Ele estava envergonhado.

 -Malfoy, eu não quero pedidos de desculpas nem nada do tipo... Eu só quero uma resposta... O que você quer de mim?

 - Você está achando que eu gosto de você? Hermione, não se iluda – ele falou debochado – Um sangue-puro nunca irá gostar de uma sangue-ruim, agora... Atração é outra coisa. – Uma mão dele subiu para a minha cintura e a outra mexia no meu cabelo. – E eu nem posso gostar de você, o que você falou sobre o que vem em primeiro lugar... Você estava certa, e eu nem tenho tempo para amor.

 “Ele só está te usando, não caia em tentação, eu te imploro agora”... Só porque você pediu com jeitinho...

 -Verdade, você não tem tempo para amor, e é o que eu falei, eu nunca vou querer nada com você Malfoy, mas se eu fosse querer algo com alguém como você, eu ficaria com alguém disponível, que queira as mesmas coisas que eu. Você é pior do que eu pensava... Você só pensa em agarramento, e sexo, e beijar, e nessas coisas. – Eu fui me afastando, mas ele se aproximava cada vez mais.

 -Podemos ser amigos com benefícios... – Ele falou safado e sua boca já quase roçava na minha.

 -Nós não somos nem amigos para termos esses benefícios... E nem tente ser meu amigo.

 -Do que você tanto tem medo, hein? De eu te beijar e você se apaixonar? – Ele falou com uma voz tão debochada que me deu vontade de meter o crucio nele, mas eu estava sem varinha, então minhas opções estavam mais limitadas.

 -Há! Eu me apaixonar por você? O que me atrairia, afinal? Seus olhos cinzas, frios como o gelo? Sua bondade para com o próximo, seu respeito aos diferentes? – Falei levemente dramática e apaixonada, mas depois fiquei séria – Ou devia me apaixonar por você porque você trata o amor do mesmo jeito que você trata os sangues-ruins? Sabe, eu já pedi pra você parar de me tratar assim... Como se você me tratasse bem desde o dia em que você me conheceu. Como se nunca tivesse me chamado de sangue-ruim no segundo ano... Eu não digo isso pelo fato de eu me iludir ou me apaixonar, mas pelo fato de isso me irritar, porque se você trata alguém como eu, alguém que você odeia, desse jeito, então eu nem sei como você trata as pessoas... Sei lá, normais. A Nojenta Parkinson já sabe que você está tentando fazer coisas comigo? Não parecia isso quando eu a vi hoje no jantar... Você usa as meninas, finge que ama elas, várias vezes deve odiar, mas as usa mesmo assim, porque elas caem em tentação. Elas acham “oh, o gostosão do Draco Malfoy mudou por causa de mim”... A questão é que você não muda por causa de ninguém, você se importa mais com você do que com os outros, e isso acontece o tempo todo... – Tomei fôlego para continuar falando – Você coloca seu prazer antes do sentimento das pobres meninas, e antes do ódio... Você pode só continuar me odiando e deixar isso na cara? – Eu comecei a levantar, não agüentava mais ficar agachada olhando para ele... Eu nem sei porque eu estava sendo tão legal e compreensiva com ele.

 -Eu não te odeio! – Ele se levantou também e começou a ir para frente. Eu apenas andava para trás, mas uma hora eu bati na estante atrás de mim.

 -Ah, é? Você fala isso pra todas? – Desafiei-o – Ou você usa coisas do tipo “você é única e totalmente especial para mim”... O que você quer comigo, hein?

 -Não é que eu quero algo com você... Eu quero você. – É impressão minha ou eu estava com a mesma reação que as menininhas apaixonadas pelo Malfoy? Talvez fosse raiva... Coração acelerado, o ar que não queria passar pela minha garganta, a dificuldade para respirar, a vontade de chorar por tudo que é belo, mãos suando, boca seca... É, devia ser raiva mesmo.

 -Draco, eu já te disse: não tente nada comigo porque eu não tenho nada para te dar em troca... Nós somos extremistas, ou nos odiamos ou nos amamos e com certeza não é a segunda opção... – Ele se aproximou mais um pouco de mim o que parecia impossível, o ódio tomou conta de mim e minha voz ficou trêmula – Eu. Não. Quero. Nada. Com. Você, Draco.

 -E por que ainda está me chamando de Draco? – O sorriso canalha pareceu se aproximar mais de mim do que era possível, os olhos pareciam se grudar nos meus, então aconteceu.

 Ele me beijou. Parecia que todos os sons tinham sumido, ficamos no silêncio, mas o silêncio gritava a verdade. Gritava tudo que estava escondido, gritava o corpo dele encostado ao meu, nossas bocas unidas como elos, nossas almas entrelaçadas naquele momento, meu ódio junto com os sentimentos dele... Gritava os sentimentos dele em relação a mim. Não era ódio, não era tara, não era nada que eu conhecia... Não podia ser amor, um ser como aquele não era capaz de amar. Mas era algo totalmente desconhecido por mim.

 Eu queria música, um falatório, qualquer coisa. Mas o silêncio era apenas preenchido pelo barulho do nosso beijo. Por que eu estava deixando aquilo acontecer? Por que eu estava deixando o silêncio gritar tudo aquilo que eu não queria ouvir? Era a minha consciência gritando “Eu te avisei”, era o barulho do chão sumindo embaixo dos meus pés, mas porque eu estava me prendendo àquilo? Era como se tudo tivesse desaparecido e ele fosse o último galho do penhasco. Eu estava caindo, mas ele ainda estava lá.

 O beijo começou a ficar apaixonado, ele começou a passar a mão pelo meu rosto, eu passava a mão pelo seu cabelo. Eu sabia o que eu estava pensando, mas o que ele estava pensando?

 “Hermione pare com isso agora! Volte para a realidade nesse momento” Mas essa é a realidade, eu não me lembro de estar sonhando... “Não, Hermione, essa não é a realidade! Vocês simplesmente não são... Não são feitos um para o outro, simplesmente não são. Vocês não foram feitos para ser.” Eu não disse que fomos feitos um para o outro, nem que eu quero que seja assim, mas eu estou falando que essa é a realidade “Não! A realidade é que ele nunca mudaria por uma menina que nem você, vocês estão vivendo uma fantasia e isso tem que acabar agora!” uau, valeu pela parte que me toca... Vai tomar seu cafezinho, vai.

 O beijo finalmente acabou. Tudo voltou ao normal, mas nossas bocas ainda estavam coladas. Malfoy ainda me deu mais um selinho e aquilo não me ajudou na situação. Nossas bocas se separaram leve e lentamente. Eu não sabia que existia tanta delicadeza num ser que nem ele.

 -Eu aceito seu pedido de desculpas... – Ele sussurrou no meu ouvido.

 -O que foi isso, Malfoy? – Murmurei, as palavras mal saíam da minha boca.

 -Algumas meninas dizem que é o caminho para o céu... – Ah, eu quase tinha me esquecido que ele era um canalha – Chame do que quiser.

 -Esqueci que você era tão idiota quanto um político.

 -Um o que? – Ele estava confuso, mas nossa distancia ainda era muito pequena.

 -Esquece... Você ainda não me falou o que você quer comigo.

 -Eu já te falei... Eu não tenho nada em específico com você, você inteira já está de ótimo tamanho.

 -Vai com a Nojenta Parkinson, vai, ela não é linda, maravilhosa, sedutora e tudo aquilo que vocês, meninos, adoram?

 -É, e ela é fácil demais... – Ele falou distraído. Aquilo resultou num tapa na cara dele... Eu não tinha magia no momento, mas eu sabia como dar um tapa dramático num menino – Você é louca?! Num minuto me beija e no outro me bate?

 -Eu podia ter descoberto antes... Por que eu não pensei nisso antes? Você me quer e todas essas coisinhas aí porque você me acha difícil... Seu... Canalha, idiota, patético, imbecil – Cada palavra correspondia a um tapa e a uma lágrima caindo – Por um segundo eu pensei que você não era tão ruim... Um segundo que podia ter feito diferença. Você teve um segundo para provar diferente, e você arruinou tudo... Verdade o que você falou, num minuto nós nos beijamos e no outro eu te bato... Incrível como pequenos segundos fazem diferença, como um momento pode te dar a felicidade da sua vida e outro momento pode arruinar tudo o que você já fez... Aliás, quem beijou quem foi você. Você me beijou... Idiota! E quem vai se apaixonar por alguém aqui no final é você! – Aquilo pareceu mexer com ele, mas ele se limitou em dizer.

 -Hermione, se acalme...

 -Eu não vou me acalmar... Pronto, já teve o que queria... Pode ir... – Eu estava totalmente ofegante naquele momento – Pode ir partir para outra e usar as mesmas desculpas e as mesmas palavras... – Eu estava saindo da sala quando ele gritou.

 -A detenção ainda não acabou – Numa última chance de me fazer voltar.

 -Acabou para mim! – Eu estava atravessando a porta quando me virei e gritei – E não espere um pedido de desculpas vindo de mim!

 E assim fui andando pelos corredores, evitando olhares, tentando evitar qualquer pensamento meu.

 Afinal, o que havia acontecido naquela sala?

 “Hermione, estou tão orgulhosa de você... Você fez tudo direitinho... Viu como as coisas dão certo quando você me escuta, só pra variar?”

 Ah, cala a boca, Consciência. 

 

N/A: Pra quem quiser ler no site da fanfic potterish: https://fanfic.potterish.com/visucap.php?identCap=8816&identFic=41078&tCh=1 :D

<-Anterior                                                                                Primeiro capítulo                                                                                         Próximo ->    

Cap. 1 - Um dia nem tão perfeito assim

03/10/2011 17:32

Capítulo 1 - Um dia nem tão perfeito assim

 

Sabe aqueles dias em que você acorda e sente que o dia vai ser maravilhoso e que alguma surpresa vai mudar sua vida para sempre de um jeito ótimo? Eu tinha acordado assim hoje, crente que meu dia ia ser igual como eu estava pensando.

 Eu nunca estive tão errada assim na minha vida, e descobri isso na hora do almoço.

 Harry, Rony e eu estávamos indo sentar nos nossos típicos lugares, um lugar na mesa bem perto da porta e, felizmente, bem longe de onde Malfoy sentava com os trogloditas que ele tinha a coragem de chamar de amigos: Crabbe e Goyle.

 Quando eu vi que os nossos lugares estavam ocupados eu percebi que algo estava errado no meu dia, mas tentei não ligar. Eu estava tão feliz que eu acho que se a Lula Gigante saísse daquele lago e me seguisse até a hora de dormir, exalando aquele cheiro de peixe morto, eu ainda ficaria feliz. Sentamos em um lugar na outra ponta da mesa. Peguei um pouco de comida e comecei a comer animadamente.

 -Uou, menina. Calma... O que aconteceu com você para você estar tão feliz assim? – Perguntou Harry com um sorriso nos lábios.

 -Apenas acordei bem hoje... – Falei ainda com a boca cheia... Merlim! Eu era tão mal educada assim quando estava feliz?

 Claro que eles aproveitaram minha felicidade para pedirem anotações, tarefas e qualquer coisa que se pedissem para mim em um dia normal provavelmente resultaria em berros vindos de mim, com probabilidade de uma coxa de frango na cara em um dia de stress.

 Quando acabamos de comer, saímos e eu fui andando até a porta normalmente.

 -Hermione, é... Você sabe, eu tava pensando se... – Harry começou a falar e eu me virei para ouvi-lo melhor, me fazendo andar de costas.

 -Sim? – Perguntei docemente.

 Rony o olhava meio que segurando o riso, meio encabulado, mas nem se comparava ao Harry, que estava totalmente encabulado e foi quando eu percebi... Por Merlim, aquele menino era lindo! Ok, aquilo devia ser efeito de felicidade extrema.

 -Bem, é que... – Ele brincava com os nós dos dedos deles, mas ergueu a cabeça rapidamente e exclamou – Hermione, cuidado!

 Eu me virei a tudo o que eu consegui ver foi um monte de cabelos loiros e bagunçados vindo em minha direção. Depois disso eu estava no chão com Malfoy em cima de mim.

 -Malfoy... – Eu respirei fundo para não causar grande confusão, minha alegria amenizava um pouco o ódio naquele momento, mas não era suficientemente grande para agüentar 50 quilos de pura idiotice e canalhisse em cima de mim – Você poderia fazer o favor de tirar essa coisa nojenta de cima de mim?

 -Repita, Granger. Acho que não entendi direito. – Ele falou com os dentes cerrados.

  -Se você não entendeu direito, então vou repetir na sua língua bem devagar, assim talvez você entenda um pouco: saia.de.cima.de.mim. De preferência agora. – Joguei para o lado a cabeça para tirar o cabelo do rosto, e com isso meu cachecol saiu do lugar, deixando meu colo exposto e um pouco do meu decote.

 -Sabe, Sangue-Ruim? Eu não estou muito a fim, você é bem gordinha e aqui está confortável, mas, por outro lado... – Ele parou bruscamente.

 -GORDINHA?! – ele havia passado dos limites - POR OUTRO LADO O QUE, HEIN MALFOY? POR OUTRO LADO VOCÊ DEVIA CALAR ESSA SUA BOCA E COMEÇAR A FALAR COISAS COM SENTIDO, PRA VARIAR. POR OUTRO LADO, VOCÊ DEVIA SAIR DE CIMA DE MIM ANTES QUE EU PERCA O CONTROLE, PEGUE A MINHA VARINHA E FAÇA UMA COISA QUE PROVAVELMENTE ME LEVARÁ PARA AZKABAN E... – Ele não prestava atenção no que eu falava. Ele estava sorrindo safadamente, olhando descaradamente para o meu decote – PARA O QUE EXATAMENTE VOCÊ ESTÁ OLHANDO?

 Ele parecia não ter ouvido nada do que eu tinha falado. Depois de algo que me pareceu cinco segundos ele finalmente me encarou, se abaixou um pouco e sussurrou no meu ouvido:

 -Parece que não é só sua cabeça que é grande, hein Granger? – Eu não tinha espelho naquele momento, mas tenho certeza que eu fiquei da cor do cabelo de toda a geração Weasley, eu só não sabia se era de raiva ou de vergonha. Fiquei paralisada e boquiaberta com esse comentário safado. Ele voltou a sua posição inicial e falou com seu tom de voz elevado – Por outro lado o seu sangue é tão sujo que não vale o conforto.  – E com isso se levantou e saiu pela porta, fez um comentário com Crabbe e Goyle e ambos riram igual macacos durante sua época de acasalamento... Ainda acrescentou antes de sumir – Fique longe de mim, sangue ruim!

 Eu continuei no chão, apenas me perguntando o porquê de eu ter achado que meu dia seria bom, e por que aquele idiota tinha que ter esbarrado em mim.

 -Hermione, venha, eu te ajudo a levantar. – Eu nem tinha percebido que Harry estava na minha frente com a mão estendida, mas pelo seu olhar constrangido ele devia estar lá por um bom tempinho. Peguei sua mão grosseiramente e me levantei.

 -Aquele idiota me paga! Ele devia olhar por onde anda! – Eu bufei – Eu devia ter pego minha varinha e lançado um bom avada kedavra nele... Aaaah, isso sim seria uma boa coisa de se fazer. – Sorri com os olhos cheios de raiva e malícia.

 - Hermione, ele não vale a pena, você poderia ir para Azkaban. – Rony falou calmo para mim, mas seus olhos estavam cheios de raiva, dava para saber que ele só estava sendo calmo comigo para me convencer que o que ele falava era verdade.

 - Por que eu iria para Azkaban? Por fazer um favor á sociedade? Pensei que só ia para lá quem fizesse algo de ruim... Não vejo nada de mal em exterminar a geração Malfoy. – Os dois riram, mas Harry logo me cutucou apressado.

 -Vamos rápido, temos aula de poções agora...

 -Ah, era tudo que eu precisava. – Comentei sarcástica antes de ir para um inferninho. Aula de poções? Ótimo. Com o professor Snape? Ah, como meu dia é maravilhoso. A aula é com a Sonserina? Meu dia não podia melhorar.

 Entramos na sala e tudo corria... Vamos dizer bem. Meu humor havia voltado, eu estava fazendo tudo direitinho até o momento em que eu tive que pegar um pouco de urina de basilísco para continuar minha poção.

 Eu estava andando até a estante inocentemente e, quando passei por Malfoy, ele deu uma olhada de cima a baixo para mim e fez joinha com as duas mãos e fez um movimento com os lábios que queria dizer “belos peitos, Granger”. Bufei e continuei andando, pelo visto ninguém tinha percebido esse ocorrido, mas, quando eu estava voltando Malfoy ‘acidentalmente’ passou a mão pela minha coxa. Um frio correu por toda a minha espinha, mas ignorei isso e me virei para ele.

 - Malfoy, eu to cheia de você, da pra você parar?!

 -O que eu fiz, Sangue-Ruim? – Ele se levantara também e agora estava pertinho de mim – Incomodei esse ninho na sua cabeça que você prefere chamar de cabelo?

 Snape se levantou e andou até a nossa direção e parou do meu lado.

 - O que você está fazendo, senhorita Granger? Volte para o seu lugar antes que você leve uma detenção.

 -Mas... Mas... Detenção? Pelo O QUE exatamente? Por ir pegar o ingrediente que você esqueceu de me dar?

 -Não me provoque, senhorita.

 -Eu te provocan... – Eu já tinha um discurso pronto para falar, mas antes que eu pudesse acabar a minha frase, Malfoy pegou o frasco que estava na minha mão e num movimento rápido jogou o conteúdo em Snape.

 -Relaxe um pouco, Morcegão. – Eu não consegui me segurar. Os sentimentos bons foram maiores que os ruins, e minha raiva se transformou em um ataque histérico de risos, mas Malfoy jogou o resto das gotinhas que sobraram no frasco em mim. Xixi de basilísco ardia muito e fedia mais. O que eles comiam? Esgoto no café da manhã e material nuclear no jantar?

-Malfoy, pare com isso! Qual é o seu problema, hein? É cego? Perdeu a noção do perigo, é?

 -E que perigo você me oferece, Granger? – Ele perguntou debochado – Vai fazer o que? Enfiar esse emaranhado de cabelos na minha cara até eu morrer asfixiado?

 -PARE OS DOIS AGORA! – Snape estava mais bravo, os olhos faiscavam – Menos 50 pontos para a Sonserina e menos 100 para a Grifinória! E detenção pelo resto da semana para os dois a partir das sete da noite! Agora calem a boca e saiam da minha sala!

 -Ele jogou xixi em você e perde só 50 pontos? – Perguntei incrédula.

 -Menos 110 pontos para a Grifinória, então. E vou tirar mais pontos se você se atrever a tentar me ensinar como ser professor de novo.

 Antes que eu pudesse responder alguma coisa Malfoy segurou minha mão e me puxou para fora da sala. Todos os olhares estavam em nós e eu podia sentir isso.

 Eu não entendia aonde nós estávamos indo. Ele não parava de correr e me puxar. Eu não conseguia falar nada nem reagir. Estava tão put* que alguém podia dar um tiro no Malfoy que eu continuaria na mesma... Ok, nem tanto. Eu ficaria feliz da vida se alguém fizesse o favor de tirar aquele ser da face da terra.

 Finalmente ele tinha parado de andar. Eu percebi que tínhamos entrado numa sala que eu não idéia de qual era, mas era espaçosa e escura.

 -E aí, Granger? – Ele respondeu me prensando na parede.

 -A culpa é SUA! – Eu gritei empurrando ele para longe – Eu estou de detenção, e meu nome estará sujo... para SEMPRE! E a culpa é SUA! E aliás, que porr* de lugar é esse?

 -Granger, Granger... – Ele me segurou e começou a me conduzir para algum lugar que eu não enxergava. Tentava reagir, mas ele era bem mais forte que eu – Pensei que fosse mais inteligente...

 Eu continuei o encarando sem saber se o matava agora ou com testemunhas para todos saberem quem tinha sido a heroína que havia matado Draco Malfoy.

 -Você sabe que eu já fiquei com muitas garotas, né? E fiz algumas coisas a mais, se é que me entende... – Ele falou em um tom sedutor e tudo o que eu consegui fazer foi arregalar os olhos – Mas eu nunca tinha percebido você, porque você sempre andou com aquelas roupinhas que cobriam essa belezinha que você esconde aí... Mas agora eu vi como você é gostosa, e podemos resolver o meu problema agora. – Ele me deitou e só agora eu tinha percebido que tinha uma cama lá, mas, espere um pouco! Nenhuma sala tinha cama, e a gente não poderia estar em nenhum dormitório.

 - A sala precisa. – Murmurei com raiva.

 -Sim, e você não vai sair daqui até eu acabar com os meus problemas. – Ele ficou por cima de mim e começou a descer, sua boca ficava mais perto da minha... Eu tentei reagir, mas aqueles olhos... Eu odiava Malfoy, mas eu tinha que admitir que ele era bem bonito e sedutor.

 -E por que eu iria querer acabar com os seus problemas quando você é o meu próprio problema? – Me virei rapidamente e acabei ficando de bruços.

 Sabe aquele momento em que você não pensa direito, e quando uma idéia aparece você pensa que ela vai acabar com seus problemas, daí você vê que só depois que você colocou ela em prática, ela era uma droga?

 -Você só torna as coisas mais fáceis... – Ele murmurou com a voz rouca e colocou um joelho de cada lado do meu corpo e começou a beijar meu pescoço sensualmente. Não consegui segurar uma exclamação... Droga! Ele tinha encontrado meu ponto fraco.

 -Ah... Você gosta disso, Granger? – Ele perguntou enquanto continuava beijando meu pescoço.

 Eu não conseguia me mover mais. E eu falo sério, não conseguia mesmo. Não era mais por causa do choque, eu não podia me mexer.

 -Me deixe sair daqui... – Consegui murmurar.

 -Estamos na Sala Precisa e eu desejei por isso. Essa cama é especial, o quarto é especial. Você só sai dele se eu desejar de verdade, e se eu desejar... Ele vai saber.

 -E você sabe o que eu desejo nesse momento? Sua boca longe do meu pescoço.

 -Não seja por isso.

Ele me virou e me beijou na boca pela primeira vez. Mas não foi um beijo, foi apenas um selinho rápido, mas mesmo assim eu senti... Eu não sei exatamente o que eu senti. Meu ventre começou a formigar e um choque correu por todo o meu corpo. Malfoy começou a tirar minha capa, e eu estava tão hipnotizada que não protestei. Merlim! Um selinho... UM! SELINHO! Só isso!

 -Isso Granger... Seja uma boa menina... – Naquele momento minha sanidade voltou e eu consegui me desvencilhar dele.

 -Malfoy é bom você me deixar sair ou...

 -Uou, Granger. Você parecia estar gostando... – Ele falou com a voz rouca.

 -Se você não me deixar sair eu vou ser obrigada a usar a maldição império contra você... – Falei ofegante, tentando parecer confiante, mas aquela voz rouca me deixava louca.

 -Granger, não conhecia esse seu lado... Pois bem, pode usar. – Ele disse abrindo os braços.

 -Você é insuportável! – Eu gritei com raiva e todo aquele sentimento bom se reverteu para algo negativo e soltei tudo num desabafo – Me fala: por que você sempre me infernizou? Fez da minha vida uma droga? Tentou acabar comigo, para, depois de seis anos, Malfoy. Seis anos pra você mudar de idéia. Seis anos pra você decidir que não precisa mais me tratar tão mal... Mas é só o que você pensa, porque você só me fere mais e mais assim... – Eu respirei por um segundo tentando me acalmar, mas quando ele veio em minha direção tentando me abraçar eu gritei de novo – E não tente ser meu amigo! Não tente nada comigo, entendeu?! Nada! Finja que não me conheça, ok?! Tente olhar para mim do mesmo jeito que você olha para uma flor: com desprezo. Mas só fique no olhar... Não tente me ferir com suas palavras grossas, ou pior, com suas palavras gentis! Não... Não tente nada... – Eu terminei num tom mais calmo.

 Eu vi o rosto de culpado dele. Eu me senti... Me senti igual a ele, e isso não era nada bom. Então era assim que ele se sentia quando me deixava sem resposta? Quando me humilhava? Será que ele se sentia tão mal quanto eu?

 -Pode ir, Granger. – Ele falou calmamente. Droga! Isso só me fazia sentir pior – Não se preocupe, pode virar as costas, eu não vou te amaldiçoar... Não agora. – Ele terminou maroto e eu tive certeza que ele só havia falado aquilo porque achava que assim o orgulho não seria feria totalmente.

 -Ta bom... Até a detenção... – Eu estava quase saindo, mas antes me virei e murmurei um pouco envergonhada – E não tente nada comigo... Porque eu não tenho nada para dar de volta.

 Eu percebi que ele ia responder algo... Imaginei algo do tipo “eu não quero e nem espero nada vindo de algo tão sujo igual você”, mas eu nem esperei a resposta.

 Saí correndo pelo corredor (N/A: irônico, não?), tentando ignorar aos comentários das pessoas sobre a aula. Eu não queria falar sobre aquilo, não queria lembrar sobre aquilo, mas... Por que estava me afetando tanto?

A Lula Gigante não conseguiria acabar com meu dia, mas Draco Malfoy conseguia.

 

 

N/A: Oii gente, se quiserem ler a história no site do fanfic potterish, tá aqui: https://fanfic.potterish.com/visucap.php?identCap=8800&identFic=41078&tCh=1 ;D

 

Próximo ->

 

Primeiro Blog

03/10/2011 17:09

Nosso novo Blog foi lançado hoje. Esteja atento a ele e nós tentaremos mantê-lo informado. Você pode ler as novas postagens nesse blog via RSS Feed.

Acostumada com ódio - Eu já tinha me acostumado com o ódio

03/10/2011 13:36

 

Acostumada com o ódio - Eu já tinha acostumado com o ódio

 

"Eu só não entendo por que, Draco... Por que tudo mudou? Por que meu coração se acelera quando você passa? Por que eu fico ofegante quando você se aproxima? Por que minha pernas ficam bambas? Por que o mundo gira? Por que tudo que eu estou fazendo parece tão certo quando eu sei que é errado? Por que você faz isso comigo...? Por que você mudou isso para alguma coisa diferente quando eu já tinha me acostumado com o ódio?"

 

Capítulos:

Cap. 1 Um dia nem tão perfeito assim

Cap. 2 Um pedido de desculpas nunca vem sozinho